Lá pelos idos de Maio de 1988, Hillel falava bastante nisso com os companheiros de banda. Pra ele, era difícil se manter sóbrio sem um tratamento médico. Ele parou de escrever no seu diário, lugar onde ele controlava a adição, em Junho, também influenciando na perda da resistência à droga. Pouco se sabe sobre esse período da vida do Hillel, a não ser uma ligação para o seu irmão, James, onde ele falou que estava sendo difícil pra ele se manter sóbio, mesmo o querendo. A banda não conseguiu falar com ele por alguns dias e, no dia 27 de Junho de 1988, Hillel Slovak foi encontrado morto em seu apartamento, pela polícia. O que se diz é que a data oficial da morte foi em 25 de Junho, por overdose de heroína.
Mesmo que a morte de Hillel tenha sido um baque grande nas vidas dos outros três membros da banda (Jack Irons, inclusive, saiu da banda, pois não conseguiu lidar muito com essa situação), principalmente pelo fato dele ser um dos fundadores da banda e ter ensinado Flea a tocar baixo, há males que vêm pra bem. Se não tivesse sido Hillel, teria sido Kiedis. E com certeza o RHCP com outro no lugar de Kiedis talvez nem existisse ou, se existisse, não seria a mesma coisa. Hillel, porém, apesar de seu estilo único de tocar guitarra, foi substituído por ninguém menos que o "melhor guitarrista dos últimos 30 anos", segundo a revista Rolling Stone: John Frusciante.
E justiça seja feita. Frusça é, apesar de no começo da carreira com os Peppers ele copiar o estilo de Hillel, um MONSTRO da guitarra, além de técnica ele tem feeling. John tinha apenas 18 anos, e deu um gás novo pra banda. Junto a ele, Chad Smith assumiu as baquetas. Surgia a formação clássica do Red Hot Chili Peppers.
Good Time Boys, Taste The Pain e Johnny, Kick a Hole In The Sky (1989 - Mother's Milk)
Mother's Milk soa pro RHCP com o John, guardadas as proporções, como o I'm With You com o Josh: um disco meio "verde", imaturo. Não tem o feeling do RHCP com o John, que viria com o inigualável Blood Sugar Sex Magik, certamente o auge da banda. Ainda assim, apesar de meio cansativo, por ser pesado como seu antecessor, Mother's Milk tem ótimos momentos. Stone Cold Bush, que foi meio que "ressuscitada" pelo Josh na turnê do I'm With You (afinal, ele sempre dá uma palhinha dela no começo de Look Around), é uma música sempre lembrada com carinho pelos fãs, bem como Knock Me Down, uma das referências póstumas a Hillel, e o cover de Higher Ground, que é tocado até hoje. Além disso, algumas ótimas músicas ficaram paradas no tempo.
Good Time Boys - Um dos momentos mais pesados do RHCP. Grandes riffs, pegada mais rock do que funk, um puta solo no meio e, de bônus, uma linha no vocal que soa muito, mas MUITO parecido com um "vão tudo se fuder"... 3:23, só conferir. Infelizmente, ela só foi tocada na turnê do próprio Mother's Milk, e Josh, uma vez só, deu uma palhinha dela durante um show esse ano.
Taste The Pain - Momento mais leve do disco, junto com Pretty Little Ditty. Essa música foi ainda menos tocada ao vivo, talvez umas dez vezes, apesar de ter sido lançada em single. Ela é mais popzona.
Johnny, Kick A Hole In The Sky - Única música do disco que nunca foi tocada ao vivo. Pena, porque é porrada o tempo todo, durante os 5 minutos dela. Uma das mais pesadas, junto com Good Time Boys.
Funky Monks, Apache Rose Peacock, Naked In The Rain e Mellowship Slinky In B Major (1991 - Blood Sugar Sex Magik)
Ahh, o Blood Sugar. Disco que levou o RHCP ao estrelato. Mesmo ofuscado pelo Nevermind, do superestimado Nirvana (foram lançados no mesmo dia, pro azar do RHCP... já falei sobre isso no blog, só clicar aqui), vendeu nada menos que 15 milhões de cópias. Aqui o RHCP adquiriu o status de funk rock californiano, muito mais do que na época do Hillel. Sucessos como Suck My Kiss, Give It Away e If You Have To Ask comprovam isso. Além disso, surgiam as primeiras baladas da banda, pela mão de Frusciante: Under The Bridge e I Could Have Lied, sempre lembradas pelos fãs.
Não faria sentido eu colocar músicas como The Power Of Equality e Sir Psycho Sexy, pois são tocadas até hoje. My Lovely Man também não, pois faz pouco tempo que pararam de tocar ela, se não me engano, em 2004. Breaking The Girl, apesar de pouco tocada nesses 22 anos, sempre é lembrada pelos fãs e coletâneas da banda. Sobraram as músicas que nunca foram tocadas, ou que foram pouco tocadas.
Funky Monks - Tocada pouquíssimas vezes durante a turnê do BSSM, e só voltou pro setlist na turnê do Stadium Arcadium porque um fã ganhou um concurso de rádio e pediu pra eles tocarem ela. Merecia muito mais que isso, é uma baita música. Funkeada, é essência do RHCP.
Apache Rose Peacock - Outra música de pegada muito funky, e só foi tocada duas vezes até hoje (em parte): em 2006 e em 2012, em duas oportunidades que a banda esteve em Nova Orleans (na letra Kiedis cita Nova Orleans). Além disso, ela tem um trompete maroto, obra do Flea.
Naked In The Rain - Tocada uma vez na turnê do Mother's Milk, como um teste, e uma vez na turnê do Blood Sugar. De ritmo mais intrincado, é mais pesada, com um baixo mais sujo.
Mellowship Slinky In B Major - Apesar do começo insinuar que é uma música pesada, quando entra a estrofe, muda tudo: o andamento fica completamente funky, com uma guitarra mais limpa e muitas ghost notes de Chad Smith na caixa.
Quem quiser ver algumas dessas músicas sendo explicadas pelo Chad, só conferir nesse vídeo aqui abaixo. Semana que vem é a vez do One Hot Minute, único disco da banda com o Dave Navarrosca, e Californication e By The Way, onde a banda passou a receber o status de "banda da MTV", "banda popzinha" ou, como eu ouvi esses dias "banda de roqueiro de shopping center"... será?
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