sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Resenha #6: Rush - Vapor Trails Remixed






































Confesso que foi uma das notícias que mais me interessou nos últimos meses. Finalmente, depois de 11 longos anos de espera, o disco mais sujo e mal produzido do Rush seria remixado. Nada de picaretagem ou caça níqueis, o Vapor Trails era um disco que precisava disso.

Serigrafia da versão em CD
Não sei se essa nova versão vai conquistar os detratores do mesmo, que nunca gostaram do Vapor Trails. Eu sempre fui um meio termo, achava que o disco não era tudo isso mesmo, mas tinha ótimas músicas. E um disco pode sim ser pesado e/ou agressivo, mas não precisa ser sujo pra isso. Tem alguns discos por aí que também sofrem de compressão exagerada e pedem umas remixagens, como o Californication, do RHCP, e o Death Magnetic, do Metallica.

Outro fator que provavelmente influenciou na mixagem porca do disco foi o contexto no qual ele foi concebido: depois de cinco anos de hiato do Rush, onde Neil Peart colocou as coisas no lugar depois de duas terríveis perdas na sua vida. O disco mostra esse sofrimento, essa dor, mas a parte da mixagem é desnecessária, bastavam as letras pra se perceber isso.

Quanto às músicas, finalmente percebi o que o guitarrista Alex Lifeson queria dizer. Muitas nuances, muitos detalhes importantes foram perdidos com a mixagem original. E posso perceber isso agora. A bateria de Neil Peart deu uma bela engordada no som, principalmente da caixa, muitas "tracks" escondidas da guitarra de Lifeson puderam aparecer agora, dando outro norte para a música. Tudo agora é mais vivo, é mais coeso. Sugiro que ouçam o disco de fone, inclusive, é uma bela experiência.


Alguns detalhes do Vapor Trails Remixed são importantes e merecem ser destacados: O flanger na batera do Peart, em partes de One Little Victory, além de "mini solos" de Lifeson, no meio da música, os quais eu NUNCA tinha ouvido antes. Ceiling Unlimited com guitarras muito mais, digamos, chamativas, com mais harmonia. Fechando o lado 1 da versão em vinil, Ghost Rider ficou coisa de outro mundo. Forte e pesada como deve ser, mas com linhas vocais de Geddy com alguns ecos que deixaram ela melhor ainda. 


Peaceable Kingdom, uma das menos badaladas do disco, inicia o lado 2. Pra mim, sempre soou mais como uma filha de Half The World, com pitadas do Snakes & Arrows, ficou pesada e limpa. A guitarra de Lifeson é que tem o timbre sujo no meio, mas casado com a música. The Stars Look Down nunca me atraiu muito, mas é uma boa música. Os belos arranjos acústicos do refrão sempre ficaram escondidos no meio da sujeira e agora puderam aparecer. A música seguinte, How It Is é basicamente a mesma situação. Bonitos arranjos acústicos que ficaram comprometidos pela mixagem original. Agora estão bem evidentes, e a música também é boa. Nada de se destacar, mas uma boa música sim. 

Vapor Trail fecha o primeiro vinil. Sempre foi uma das minhas preferidas do disco. Aquela caixa com som mais agudo, com o tambor mais raso, do Peart - que ele também usa em Virtuality -, merecia um som melhor. Finalmente ele está aí. Além disso dá pra perceber agora uns ecos na voz do Geddy, no começo da música, tão bem nítidos. 
Secret Touch, uma das mais badaladas do disco, apesar de eu achar ela cansativa em alguns momentos, mostrou ser mais um exemplo de música pesada e suja sem ser literalmente suja. Só acho que, como disse há pouco, ela é cansativa por ter seis fucking minutos e meio, e, além disso, já ser a oitava música, se encaminhando mais para o final da bolacha. 



Earthshine me lembrou de algo que eu já poderia ter falado logo de cara, em One Little Victory. Essas duas músicas foram remixadas já em 2009, pra coletânea Retrospective 1989-2008 (inclusive foi ali que surgiu mais forte essa ideia de remixar o disco todo). Apesar de terem ficado anos-luz melhores do que as originais, esses quatro anos de tecnologia talvez tenham feito diferença. O som tá beeem mais limpo, mais polido. Aliás, alguém aí sabia que em Earthshine tem violão na ponte antes do refrão? Eu não sabia xD

Quando eu falo em poder ouvir melhor as progressões, as nuances do disco, Sweet Miracle se encaixa perfeitamente no que eu digo. Na versão original parece que a banda segura o mesmo acorde durante a estrofe inteira e muda pra um outro no refrão, que também é filho único. Agora no remix eu pude notar o violão no refrão e uma track de guitarra antes de cada início de estrofe que dão o diferencial da música.


Encerrando o disco com o "trio patinho feio" (mas também, let's cut some slack, afinal, já foi quase uma hora de porradaria ininterrupta), temos Nocturne. Não sei se eu ando ouvindo muito The Offspring, mas o começo dela lembra bastante músicas como Americana. É algo mais pesado, mas cru mesmo. Quando entra o vocal, porém, dá uma abrandada. Também é uma boa música, mas nada de destaque.


Acho que uma coisa o remix não vai mudar na minha opinião sobre o Vapor Trails: pra mim o disco devia acabar em Sweet Miracle, no máximo em Nocturne. Não consigo considerar que Freeze e Out Of The Cradle são dignas de estarem num disco do Rush. São muito fraquinhas.

Enfim, acho que é isso. O remix deu um ar de renovação pro disco. Agora sim ele merece uma avaliação decente. Agora ele tem o padrão de qualidade, o capricho e preocupação que o Rush normalmente tem com suas gravações de estúdio. E sim, o Vapor Trails é um bom disco. Talvez até do nível do Snakes & Arrows e com certeza melhor que o bom, mas cansativo Clockwork Angels.

2 comentários:

  1. Sobre a música Out of the Cradle eu até concordo que é fraca, mas Freeze é um musicão!!!

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  2. tambem acho que freeze e otima ,o remix definitivamente acabou com earthshine e secret touch a ultima fica realmente cansativa remixada as mais curtas ganharam destaque com o remix

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