sábado, 28 de novembro de 2015

Quando palavras não são necessárias...26

Resolvi voltar antes do fim do mês, mas coisa rápida, tenho duas provas segunda e uma na terça. Aí sim, depois vai ter acabado quase tudo, vou poder fazer o planejamento de dezembro, os seguintes, pro começo de 2016, e vambora :D



quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Aconteceu em Porto Alegre #6: Ian Anderson no Araújo Vianna

Depois de alguns meses, novamente voltei com um show digno de ganhar uma postagem. Aliás, dezembro vai ter outra, afinal, Mr. David Gilmour resolveu dar uma passada aqui em Porto e se apresentar no melhor estádio da cidade. Mas isso é outra história, vamos ao que interessa. 

Estava eu preocupado ainda com a compra do ingresso do Gilmour e o Leão chegou com a novidade: o Jethro Tull/Ian Anderson ia vir pra cá. Abrindo um parênteses, gostaria de lembrar que, teoricamente o Tull acabou ano passado mas né, sabemos que Jethro Tull mesmo era só o Ian Anderson e o Martin Barre, então relaxem, sem xiitismo. Mas enfim, veio a notícia e logo de cara eu fiquei sabendo que ia ter promoção, estilo Carrefour, inclusive. Era comprar um ingresso e dar mais 1 real que tu comprava outro. Tipo uma meia entrada pra todo mundo, mas sem toda aquela incomodação da meia entrada. Sinceramente, se fosse 200 reais pra ver esse show, teria recusado. Por 100 reais, vale a pena ver um mito como Ian Anderson. 

Algumas semanas depois de comprados os ingressos (plateia baixa lateral, bem à frente - afinal, pegando as fileiras mais centrais, a visão é praticamente a mesma de quem pega a baixa central mais ao lado e por 20 reais a menos), dia 6, terça feira. De manhã, comprei aquele fardo de ceva, porque né, tem que ter o aquecimento antes do show. Cheguei da aula umas 17:30, botei pra gelar e, como eu moro bem perto do Araújo Vianna, o Leão passou aqui depois da aula dele pra apanhar um pouco jogar um futebol no videogame, pra passar o tempo. Boatos que foi o álcool no sangue que fez ele perder jogando com o Barcelona, mas né. É a vida. 

Fomos pro show e confesso que me surpreendi com a quantidade de gurizada indo lá prestigiar o velho Ian. Aliás, a promoção também foi um sucesso, porque a casa lotou. Sem ressentimento e tal, mas... CHUPA CREEDENCE. E na boa, não é a questão do show do Creedence não ter promoção, mas sim dos caras terem escrotizado a meia entrada. Amanhã vai ser o show deles e não conseguiram vender todos os ingressos, vai ter entrada pra vender na hora. Mas enfim, não é do Creedence que vim aqui falar hoje.

Diferentemente do que costumo fazer, não vou fazer um faixa a faixa do show pelo simples fato de não conhecer tão bem assim o Tull (nem as músicas novas que Anderson botou no setlist) pra poder falar com propriedade sobre tudo. Prefiro, nesse caso, me ater ao show como um todo. E, sendo assim, posso dizer tranquilamente que, assim como afirmei ali em cima, 100 reais é uma grana razoável para ver um show do Ian Anderson, mas nada muito além disso, tanto em relação à grana quanto ao show.

Explico melhor. Ian é um talentosíssimo músico, isso é inegável. Escreveu inúmeros clássicos e botou seu nome na história do rock com o Tull. Hoje em dia, porém (e isso já vem de algum tempo), sua voz praticamente inexiste. Ele faz um esforço descomunal pra conseguir cantar e ainda assim com um alcance muito limitado. Porém, por não querer se aposentar dos palcos, ele investe em algumas "soluções alternativas" (afinal, sua habilidade na flauta e no violão continuam intocadas), como gravar vocais de "convidados" e passar no telão, fazendo uma espécie de "dueto virtual": Ian canta algumas linhas e os convidados cantam outras.

O problema é fazer isso e chamar o show de "Ópera". Não, o show não tem NADA a ver com ópera. Os arranjos são fiéis, a banda de apoio faz seu trabalho com competência, como qualquer banda de apoio de um artista solo, não há uma grande produção, orquestra, nada disso. É apenas Ian Anderson, com mais quatro músicos e alguns "vocalistas virtuais extras" executando clássicos do Tull. Chamar o espetáculo de "The Rock Opera" soa como picaretagem.

Outro ponto que achei que Anderson pecou foi a pouca - leia-se NENHUMA - interação com o público. Nem um mísero boa noite. Nem a introdução da banda, que foi gravada e passada no telão. O velho simplesmente não falou UMA PALAVRA pro público durante as quase duas horas de show. Mesmo que não seja muito o estilo dele, é de bom tom pelo menos agradecer entre algumas músicas, dar um boa noite, perguntar se o pessoal está se divertindo, qualquer coisa. Teve um cara que fez uma camisa personalizada, com o logo da banda (aquele dele tocando flauta), referenciando Thick As a Brick (um claro pedido pra que Anderson tocasse ela no show) e o cara foi simplesmente ignorado. Mas é a vida, não se pode ganhar todas. Nem sempre teu ídolo vai pegar um encarte de CD da tua mão e autografar ele, durante o show.  

Sobre o aspecto musical, Ian deixa a desejar apenas quando canta, como disse antes. Ver um senhor de quase 70 anos detonando tudo e fazendo sua clássica pose equilibrado numa perna só (que eu e, provavelmente, muita gente, do alto dos seus 19 anos, passa trabalho pra fazer, que dirá tocar flauta junto), trazendo inúmeros clássicos do Tull dos anos 70 junto é algo sensacional. Isso sim fez valer o ingresso, sem dúvidas. As várias sequências de clássicos - por exemplo, o início do show, com Heavy Horses, Wind Up, Aqualung, With You There to Help Me e Back to the Family uma atrás da outra - os solos de flauta, executados à perfeição, a competente banda de apoio, destacando o guitarrista, entre outras coisas.

Do setlist, achei que, pelo fato do Tull ser uma banda de muitas músicas boas, mas poucos clássicos com "C maiúsculo", ficou faltando alguns clássicos. Ou seja, TINHA QUE TER THICK AS A BRICK. PONTO. Além de, é claro, Crosseyed Mary. Considerando que as 5 músicas novas que Ian apresentou são mais do mesmo e, por ser mais do mesmo, não vão ter o mesmo impacto dos clássicos, o efeito, como se poderia prever, foi de arrefecimento no público. Por mais fã que tu seja de um artista solo ou uma banda, tu só vai no show pra ver músicas novas deste quando elas já foram lançadas.

Digo com propriedade porque a sensação de ver o show dos Titãs em 2014, já com o Nheengatu lançado e com o pessoal sabendo as músicas foi COMPLETAMENTE DIFERENTE (pra melhor, é claro) do show de 2013, da turnê Titãs Inédito. E eles tocaram praticamente as mesmas músicas do disco novo, mas o pessoal só levantou quando começou Lugar Nenhum. E ainda gritaram, lá pela 5ª música, algo como "chega de inéditas".

É sim tiro no pé colocar música nova num show se a ideia é trazer clássicos pro espetáculo. Afinal, o nome da turnê é "Jethro Tull: The Rock Opera" pelo que eu me lembre. E não teve ópera e nem teve Tull o tempo todo. Por isso que eu digo, trocaria no taco essas 5 músicas novas por Crosseyed Mary, Thick As a Brick e algo do This Was, o disco de estreia da banda (principalmente as duas últimas ausências, afinal, o Aqualung foi bem representado, foi o disco com mais músicas tocadas). Achei que ficou faltando. Podia ser, sei lá, Serenade to a Cuckoo, já que Anderson precisa preservar a voz.

Mas no geral, foi um bom show. Alguns deslizes todo mundo comete, mas isso pode tranquilamente ser relevado considerando a magnitude dum artista e músico como Ian Anderson. Ainda mais por 100 dilmas o ingresso. Se tivesse que dar um veredito, definitivo, recomendaria. Ian e sua trupe entregam um bom espetáculo, vale o ingresso.



Aliás, lembrei que, mais uma vez, a extorsão veio quando o Leão pediu duas cevas pra nós. Pela manhã, como disse lá em cima, comprei um fardo de Bud pra fazer o aquecimento antes do show. Seis latinhas, 18 pila, normal. No intervalo do show, o Leão pediu DUAS latas de Heineken. Saiu 16 reais. Na moral, só pode ser zueira isso, né? Os caras tão achando que o pessoal vai com dólar pra gastar no show.

Outro momento engraçado foi quando terminou a primeira parte do show. Logo após o final de Songs From the Wood, última música do primeiro set, Ian apareceu em uma gravação no telão falando algo como "Vamos dar um intervalinho de 15 minutos, enquanto isso deem uma olhada em nossa loja de souvenir. Logo logo voltamos pra mais Jethro Tull: The Rock Opera". Sério, não teve como não rir disso. Ian mercenário demais.

Bom, antes de ir, gostaria de me desculpar pela ausência monstra. Acabei não postando nada durante a semana acadêmica, teve prova de novo e, só agora, tá tudo relax de novo. Vamos ver se agora eu consigo voltar. Mas, se essa postagem ficou meio ruim, peço desculpas desde já, devagarinho pego a prática de novo. Só gostaria de lembrar que sexta tem um baita disco do Queen que vai completar 20 anos (depois de dizer isso, fica fácil de adivinhar). É um dos meus preferidos, certamente vai ter On the Charts pra ele.

Mas isso é papo pra outro dia. Por hoje é só. Valeu!!!