sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Quando palavras não são necessárias... 27 (especial David Gilmour)

Achei justo fazer algumas postagens sobre esse mito, afinal, não é todo dia que o guitarrista do Pink Floyd vem tocar na tua cidade, né? Fica como meu presente de natal pra vocês... as notas suaves e cheias de feeling do mestre Gilmour.



quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Sob(re) um céu de blues que virou um lugar do caralho

O Nata do Rock não poderia deixar de homenagear Flávio Basso, o Júpiter Apple - que hoje era Woody Apple... O Cachorro Louco do rock gaúcho. As palavras de Frank Jorge refletem bem o que esse cara passa pra gente: ''Sensível, complexo...''.

Sua música será lembrada tanto no TNT, quanto nos Cascavelletes e melhor ainda, solo. Sua música, qualquer que seja, foi um dos hinos da nossa juventude, da minha mãe com seus quarenta e poucos, até da minha e dos meus amigos de vinte e tantos, e claro, dos nossos irmãos e primos mais jovens.

Hey cara, vá em paz nesse dia 21, que o céu agora virou um lugar do caralho, com muitas tortas e cucas, com marchinha psicótica... Vai lá encontrar o beatle George.

Agora, aqui embaixo, deixo músicas legais das bandas que ele participou e músicas dele.

OBS.:  ''A SÉTIMA EFERVESCÊNCIA'' TE AMO!



Aconteceu em Porto Alegre #7: David Gilmour na Arena do Grêmio (Parte 1 - Arthur)

Exatamente uma semana depois desse grande espetáculo que passou aqui em Porto Alegre, cá estou pra relatar a experiência simplesmente única que tive nesse dia 16/12. Como foi basicamente um dia inteiro em função do show, desde o momento em que acordei até o momento de ir dormir novamente, teremos duas partes. Essa primeira vai contar sobre a jornada que fizemos, como disse anteriormente, desde que comprei os ingressos até 21:00 do dia do show, quando Gilmour entrou no palco. Sendo assim, vamos lá. 

Pouco mais de dois meses antes, também em uma quarta-feira, 9 de setembro, estávamos na expectativa sobre a abertura da venda de ingressos pro show. Entre as várias dúvidas, as principais eram sobre quanto tempo iam durar os ingressos e se dava pra fazer compra pela internet dos ingressos de estudante, com meia entrada. Lembro que, naquela noite, tinha jogo do Grêmio, 22:00, e acabava mais ou menos quando começava a venda dos ingressos, 00:00. 

Deixei o computador ligado, é claro, pra chegar furando o F5 logo quando terminasse o jogo. Só que esqueci desse detalhe depois da partida (também, foi um baita jogo), e fui levar os lixos logo depois do fim. Cheguei 00:05, entrei no site (também não lembrava que já tinha cadastro) e peguei meu lugar na fila. Aproximadamente atrás de SEIS MIL PESSOAS. E tinha prova no outro dia, 13:30, mas né... show do Gilmour é mais raro que prova de Química da UFRGS (e mesmo assim, sem dormir direito, tirei 9,2 na prova HU3HU3HU3).

Resumo da ópera, consegui meu ingresso exatamente às 02:27, depois de MOFAR na fila virtual (quase deu pra ouvir Echoes inteira... naum, pera), mas ali começava a jornada pro show. Sabia que essa mofada também aconteceria no dia, por isso peguei cadeira Gold. Claro que, após permanecer tanto tempo assim esperando, optei por pagar mais 16 dilmas e receber o ingresso em casa. Posso dizer que foi uma escolha acertada, considerando que ia acabar gastando parte desses 16 reais em passagem de ônibus, pra ir buscar o ingresso. Além disso, ele veio num envelope, bem protegido e tal. Devo admitir que a Blueticket, empresa que trouxe Gilmour pro Brasil, mandou bem nesse quesito. Apesar da demora na fila, o site é bem organizado, tem todas as informações bem dispostas, fáceis de serem encontradas, e a venda transcorreu super bem. Minhas críticas à empresa provavelmente virão à tona ainda nessa postagem, mas mais abaixo.  

Apenas achei um fato negativo sobre esse processo da venda. Como o único controle da empresa sobre a autenticação do pedido é o pagamento do valor do ingresso em si, a maioria dos ingressos esgotou dois ou três dias após o início das vendas e, como muita gente "comprou" só pra garantir o seu, mas não pôde pagar, os ingressos voltaram pra venda. Muita gente acabou tendo que comprar outro setor por causa disso. Foi o caso da Bruna, inclusive, que teve que pegar pista, pois, quando tava com grana pra comprar o ingresso, as vendas estavam nesse período que não tinha ingresso pro setor que eu, o Leão e a Laura (nossa amiga, inclusive nos acompanhou lááá no show do Black Sabbath, lembram?)

O ingresso chegou pelo correio e, aproximadamente uma semana depois, veio a carteirinha de estudante, que tive que fazer também, por causa da nova lei de meia entrada. Tudo bonitinho, bem feito e tal. Até esse momento, a Blueticket tava só ganhando pontos comigo. Deixei os dois envelopes embaixo de todos os cadernos que ficam na minha bancada. Sabia que ainda demoraria mais dois meses pro show, o que é bastante tempo, então a melhor coisa a ser feita era esquecer. Esquecer do show aqui, no caso. Lá fora, enquanto Gilmour iniciava a turnê, na Europa, eu já estava de prontidão, acompanhando o setlist. Set que me agradou bastante, diga-se de passagem, apesar de, como qualquer pessoa que vai em um show solo de um ex membro de uma grande banda, desejar que ele tocasse mais músicas do Pink Floyd. 

Lembro que falamos poucas vezes sobre o show. Mais pra perto do dia, ali pelo começo de dezembro, começamos a combinar melhor como faríamos pra chegar lá, juntos. No fim das contas, optamos por sair daqui de casa, cedo (algo como 14:00 ou 14:30), ir para o centro, que é algo bem rápido, e, de lá, pegar algum ônibus pra Arena. Isso porque, dos quatro, a Bruna só foi na Arena por causa do espetáculo (afinal, ela é sofredora), e o Leão e a Laura, apesar de serem gremistas, nunca tinham ido no estádio. Eu também não teria ido se não fosse um golpe de sorte que me ocorreu duas vezes, mas enfim. Como eu era o mais experiente, ia meio que guiar o pessoal. Por isso, sabia que pegar o T2 Arena, ali no Praia de Belas, era fria. Quando eu e o meu pai fomos no GRE-nal da final do Gauchão, nesse ano, ele demorou quase uma hora pra chegar lá, porque é uma linha de ônibus que dá umas 2387324750934908 voltas pela cidade. 

Uns dias antes, comecei aqueles preparativos clássicos pra um show. A exemplo do que foi no Jethro Tull/Ian Anderson, eu e o Leão iríamos juntos pro show, então passei no super e comprei um fardinho de Bud, porque vale mais a pena pagar 3 reais uma latinha e ir tomando uma ceva no caminho pro show do que pagar 10 lá dentro. Como no final combinamos de os quatro irmos juntos, no dia do show, eu e a Bruna fomos de manhã no super e compramos mais um fardinho, além de uma pizza, afinal, o almoço teria que ser algo rápido. Mesmo assim, enquanto o Leão não chegava, deu tempo da Bruna acompanhar a Laura até o trampo dela pra buscar alguma parada que ela tinha esquecido, sei lá. E deu tempo também de gelar as cevas, é claro. 

Dito e feito, 14:20, aproximadamente, saímos pra parada. Chegamos no centro, no terminal onde pegaríamos o ônibus, mais ou menos umas 14:40. Logo chegou o bus e, não muito depois das 15:00, estávamos no entorno da Arena. Demoramos um pouquinho para achar o caminho certo, mas encontramos alguns amigos nossos e lá ficamos, bebendo, conversando (a Bruna teve que sair um pouquinho antes, pois a entrada pela pista era em outro lugar, e certamente seria pior do que o que a gente passaria ali nas rampas de acesso) e curtindo um som dum pessoal hippie que tava lá animando a gurizada. E sim, é hippie, mas assim, Hippie, com o "h" maiúsculo mesmo. Inclusive vieram num kombão (capaz de terem chegado só agora de Woodstock... o primeiro, no caso). Depois do show, pesquisando um pouco nas páginas relacionadas, descobri que se trata da "Banda Chromakey". Bem legal o som deles, o baixista manda tri bem.
Ficamos ali, como disse antes, conversando, bebendo, vendo um pouco do show dos caras, o de sempre. Aquele tipo de coisa que sempre fazemos pra passar o tempo enquanto os portões não abriam (a promessa era que a abertura aconteceria às 17:00) - e num show desse tamanho, SEMPRE demora pra passar. Mas finalmente chegou a hora, e os portões abriram. Tivemos mais ou menos uns 10, 15 minutos de atraso. Até aí, ainda tava tudo bem, o pessoal todo tava concentrado nesses portões e, como a velocidade do pessoal da revista não permite que passe tanta gente ao mesmo tempo, o fluxo ali na entrada da rampa era tranquilo, tanto que estávamos mais ou menos no meio da multidão (claro que tiveram uns mongol que entraram pelo portão errado, o que sempre atrapalha) e chegamos para a revista só às 17:30, aproximadamente. Até tentamos esperar pela Laura, mas acabamos perdendo ela de vista enquanto a "fila" andava lá embaixo. Resolvemos seguir em frente, para achar um dos portões de acesso que podíamos entrar. Aí começaram os problemas. 

Primeiro de tudo, filas. Obviamente, não tem nada a ver com o pessoal da Arena, pois uma empresa que gere um estádio durante o ano, com públicos sempre muito grandes, sabe como funciona o esquema de acesso. Como o show tava na mão da Blueticket, eles começaram cagando aqui. Abriram o portão da rampa, lá embaixo, umas 17:10, como dito acima, mas foram abrir os portões que davam acesso ao interior do estádio após 18:00. Esses pouco mais de 50 minutos de diferença foram suficientes pra superlotar o entorno, fazendo filas de portões diferentes ficarem lado a lado, fazendo o formato final da fila de um mesmo portão virar um caracol (só que com o fim voltado pra dentro) e, claro, facilitando MUITO a vida de um bando de mal educados que furou a fila, no momento que a "organização" (entre mil aspas, porque, como o Leão disse na hora, "parece até que o pré requisito pra tu trabalhar em uma empresa dessas é ser incompetente") foi lá pedir pro pessoal andar um pouco a fila e preencher um espaço que tava vazio. Quem tava duas ou três voltas pra trás resolveu, malandramente, juntar com a fila que tava paralela e cagou tudo. Parabéns aos envolvidos, afinal, era só ter aberto a porra do portão de dentro no mesmo horário que no de fora e não teria fila ou problema algum, facilitando pra todos. Do jeito que foi feito, era óbvio, pra quem chegava ali, que ia dar merda. Ainda por cima tivemos que ouvir de um desses idiotas da organização que "a fila é um acordo de cavalheiros" e não sei mais o quê. Só não achei muito cavalheiresco pagar 240 reais num ingresso, cobrindo, inclusive, os gastos da equipe da produtora, pros caras cruzarem os braços e simplesmente torcer pelo bom senso das pessoas, o que, era óbvio, não ia dar certo.
Na foto principal, o trajeto que fizemos até o portão.
No detalhe, como estavam se "organizando" as filas.

Além disso, sei de relatos, de outras pessoas, sobre a desorganização na entrada, em que alguns funcionários exigiam a carteirinha de estudante da UNE, outros apenas pediam alguma carteirinha que comprovasse o direito ao benefício, e outros sequer pediam comprovação. Teve gente que teve que arrumar alguma maneira de conseguir dinheiro, pra inteirar o valor do ingresso ali na hora, bem como outros casos, como o do Leão, que a lei não garante benefício pra estudante de pré vestibular. No fim, o que deu pra perceber é que, como sempre, quem ganha com uma lei nova aqui no Brasil, até mesmo como essa da meia entrada, são as produtoras de show. Os caras simplesmente dobraram o preço do ingresso e ainda conseguem pescar alguns estudantes que não têm direito ao benefício, o que por si só já é um absurdo. 

Mas chegamos, finalmente. Adentramos o estádio e, enquanto dávamos uma analisada nos lugares e onde sentar, vimos que, lá embaixo, a pista já tava com bastante gente, e que a escolha da Bruna de ir pra lá mais cedo foi acertada. Sentamos em duas cadeiras no meio de campo, mais ou menos, que era o lugar onde eu imaginava que ficaríamos bem acomodados, enxergando o show, dentro do possível, de perto. Infelizmente, me enganei, pois o telão ficava cortado quase pela metade - pra quem não sabe, Gilmour utiliza apenas um telão central, circular, desde as últimas turnês ainda do Pink Floyd, e ele acabava ficando encoberto pelas laterais do palco, dependendo do ângulo em que tu te localizava. Assim, não demorou muito e optamos por sentar mais ou menos na curva do estádio, onde não seria o lugar mais distante de todos e, ao mesmo tempo, teríamos a visão plena do telão (que descobrimos, quando inciou o show, que não valeu tanto a pena assim, mas é a vida). 

O som ambiente estava meio baixo, mas com boas músicas. Lembro ter ouvido Down Under, do Men at Work, All Along the Watchtower, tava bem maneiro (diferente daquela vez do Sabbath, que o cara do som exagerou só MUITO na dose de AC/DC). Enquanto tocavam essas primeiras músicas, ligamos pra Bruna pra saber como tava tudo lá embaixo e eu consegui enxergar ela falando com a gente, e olha que eu e o Leão estávamos bem longe até. Abanamos e tal, mas ela não conseguiu nos ver (só no intervalo do show que ela nos achou). Enquanto o Leão foi buscar um cachorro quente (que tava custando 15 dilmas, por isso dividimos um, afinal, ninguém aqui é rico ou tão trouxa assim), começou o show de abertura, mais ou menos umas 19:30. Quem teve as honras foi Duca Leindecker

Devo dizer que achei bem mais ou menos o show. Por mim, se tivesse levado meu tablet, teria ficado ouvindo um Rush, Deep Purple, algo do tipo. Duca é um bom músico, mas não empolga. A prova disso é que, mesmo com o estádio já relativamente cheio, ele pedia pro pessoal cantar e não se ouvia nada. Eu, particularmente, acho que pra abrir um show de um artista do cacife do Gilmour (não esqueçam que, por lei, tem que ser um artista daqui do RS, se não me engano), teria convidado ou um Humberto Gessinger da vida, pois Engenheiros do Hawaii é, sem dúvida, a maior referência de rock gaúcho, ou algo mais quente, animado, como um Vera Loca. Ficou no meio termo, trouxeram um cara que é tão "chato" quanto o Gessinger, mas tão conhecido como o Vera Loca. Por isso, acabei achando o show meio morno, e tava mais preocupado com a demora do Leão em chegar com o cachorro quente do que com o show em si. 

Uns 10 minutos depois de terminar o show do Duca, chegou o home com o cachorro quente. E esse tempo todo foi só por causa da demora da fila mesmo, como sempre a falta de organização reinando. Aí, nesses 40, 45 minutos que faltavam, além de comer o cachorro quente, ficamos observando o público, conversando, esperando. Novamente o relógio estava contra a gente, se arrastando. Olhávamos a hora e era 20:20. Olhávamos novamente, depois do que parecia ser uma eternidade, e era 20:35. Nesse momento, após o show de abertura, os refletores da Arena já começavam a acender e, do lugar que estávamos, era possível ver uma bela paisagem, do contraste do estádio, bem iluminado, com o céu, que gradualmente escurecia, nos preparando para essa grande noite com um dos maiores e melhores guitarristas de todos os tempos.