quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Aconteceu em Porto Alegre #12: Black Sabbath no Estacionamento da FIERGS (Parte 2)

Depois  do showzaço do Rival Sons, aquele break, pros roadies prepararem o palco pra última atração da noite, nossos queridos maloqueiros de Birmingham, que subiriam naquele palco pela última vez como Black Sabbath, na nossa cidade. 

Esse era um daqueles casos em que o break só tinha lados bons. Normalmente estamos ansiosos para ver uma banda desse calibre, mas, considerando que seria a derradeira, era daqueles casos em que queríamos passar aquele momento o mais devagar possível. Não tinha problema a banda se enrolar um pouquinho, e, se quisessem fazer um show de três horas e nós só sairmos de lá 01:00, não tinha problema algum. 

Mas eis que, 21:30, iniciou-se a despedida do Sabbath em Porto Alegre. Dessa vez, diferentemente da turnê do 13, em 2013, que a banda entrou até um pouco antes do horário no palco e simplesmente saiu mandando uma pedrada atrás da outra, fomos saudados por um pequeno vídeo no telão, duma situação meio apocalíptica, uma cidade em chamas, e, numa parte subterrânea dum prédio, uma espécie de ovo, praticamente saído dum dos jogos da série de Resident Evil. Desse ovo nasce um filhotinho de demonho, que termina de tocar fogo na cidade e, após isso, o logo da banda (aquele mesmo da capa do Master of Reality) aparece no telão, em chamas. Entrada grandiosa, digna do tamanho dessa gigantesca banda.


Em meio aos gritos de "Sabbath! Sabbath!" e o sino, nosso conhecido do início da música que carrega o nome do disco de estreia - e da banda -, Ozzy Osbourne, Tony Iommi e Geezer Butler, acompanhados de Tommy Cluefetos novamente, entraram no palco. E foi justamente essa pedrada, a primeira música do primeiro disco, onde tudo começou, que deu início ao show. 

Cabe ressaltar que, normalmente, quando uma banda desce a afinação de alguma música do show em meio tom, um tom, etc, nosso primeiro impulso é julgar, falar que "eles fazem isso porque o vocalista não dá conta mais" (ou de repente nunca deu conta, fora a versão de estúdio, né pessoal do Offspring?). Mesma coisa quando a banda decide executar algumas músicas de forma um pouco mais lenta do que a versão de estúdio, dizemos que é a idade, que eles não conseguem mais.

Com o Sabbath, curiosamente, em um show onde eles tocam TODAS as músicas em tons mais baixos que o original, muito por causa do Ozzy, e também tocam de forma ainda mais arrastada as músicas, o efeito é de deixar a música ainda mais pesada e sinistra, mesmo que não intencionalmente. No fim das contas, ponto pros caras.

Falando em ponto pros caras, logo após Black Sabbath, os caras resolvem mandar Fairies Wear Boots, uma das minhas preferidas, por abusar de trocas de tempo, seções diferentes e ser, resumidamente, uma sequência de riffs fodas do Iommi (coisa que várias músicas do Sabbath são, aliás, um desfile de riffs durante uns 5 minutos). Destaque para, além da execução da banda, perfeita como de costume, fora o Ozzy que sempre parece um pouquinho fora do tom (e a gritaria da mina do vídeo), os efeitos psicodélicos no telão.

Depois desse começo sensacional, a banda deu uma passada pelo Master of Reality: a clássica Into the Void foi a terceira música da noite, seguida por After Forever, a novidade do setlist. Apesar de eu não ser tão ligado assim no Master of Reality, sei que ele é uma fábrica de clássicos e qualquer coisa que eles resolvessem tocar no show, inclusive Solitude, seria foda.

Falando em foda, esse é o adjetivo que descreve Snowblind. Uma das melhores músicas da banda, é daquelas em que Ozzy rege a plateia, e nós, como bons súditos do Príncipe das Trevas, atendemos, cantando junto e movendo os braços como se fôssemos um só. Simplesmente sensacional.

E, depois de Snowblind, veio AQUELE desfile de clássicos. Começando com War Pigs, onde tudo é simplesmente perfeito, bateria, baixo e guitarra se combinam e mostram tudo que sabem em quase oito minutos de uma das melhores músicas da história. Logo após essa pedrada, tivemos a dobradinha Behind the Wall of Sleep/N.I.B., onde, mais uma vez, tudo aquilo que faz o Sabbath ser o que é se mostra presente: Iommi esmirilhando a guitarra pra tirar todos aqueles riffs (os quais a plateia CANTA junto, tamanha a facilidade que o homem tem pra tirar esses riffs absolutamente grudentos), uma bateria poderosa (a qual eu gostaria muito de ter visto representada pelo monstro Bill Ward, mas infelizmente não rolou), o Ozzy - seja isso bom ou ruim, mas é característico -, e muito, mas MUITO espancamento de baixo. E se há um momento verdadeiramente esperado no show é justamente a transição, a "barra" de Behind The Wall of Sleep/N.I.B., pois é ali que Geezer mostra o que sabe.

Pena que, pelo fato do setlist ser bem mais curto do que em 2013, já estávamos mais perto do fim do que do começo do show. Mesmo assim, ainda tivemos a oportunidade de ver Rat Salad, com direito ao solo de bateria de Cluefetos, que faz a diminuta versão de estúdio, que tem 2:30, se transformar em NOVE minutos de muito espancamento de peles e pratos.

Logo após, a minha, a sua, a nossa Iron Man. A Smoke On the Water do Sabbath, aquela música que todo mundo conhece o riff, aquela que, junto com Smoke e Stairway to Heaven, o pessoal das lojas de instrumento tá de saco cheio de ouvir os piá aspirantes a guitarristas tentarem reproduzir o riff (e falharem miseravalmente na maioria das vezes). Mas... E DAÍ? Mesmo tendo ouvido ela 2308578943659783497 vezes na minha vida, eu (e provavelmente todo mundo no estacionamento da FIERGS) ouviria ela mais uma, duas, até três vezes se eles tivessem dispostos a tocar.

Seguindo, tivemos Dirty Women. E, não me levem a mal, mas de novo ficou a mesma sensação de 2013... pra que botar Snowblind e War Pigs no começo do show e espremer essa música (que, apesar de ser a melhor do Technical Ecstasy, de longe, não tá no mesmo patamar das clássicas dos outros discos) entre tanta música foda no final? Apesar de bem executada e tudo mais, dá aquela esfriada no pessoal. E sem falar que não teve o vídeo com muitos nudes no telão que nem em 2013. xD

Pra finalizar o show, Children of the Grave. E o que seria dum show do Black Sabbath sem ela, não é mesmo? Além disso, o que seria dum show do Sabbath sem o Ozzy fazer uma cagadinha também? Legal que ele foi dar aquela derrapada na penúltima música do show. A banda tava na intro ainda, fazendo a segunda volta do riff principal, e o Ozzy já saiu mandando aquele "REVOLUTION IN THEIR... OOPS, SORRY!!". Obviamente nós rimos, assim como o Iommi. E né, estávamos todos ali pra nos divertir, um errinho, além de mostrar que os caras são humanos, aumenta a diversão.

Depois de Children of the Grave, a banda saiu do palco e realizou aquele protocolo padrão do bis... esperaram uns minutos, enquanto o pessoal gritava por eles, voltaram, receberam o aplauso esmagador da plateia, e o Ozzy falou que "como nós estávamos ultrafuckingSHAROOONcrazy, eles tocariam mais uma música pra nós.

E foi AQUELA uma. Pra encerrar a passagem, colocar um ponto final muito digno em tudo. Paranoid. Não poderia ser outra, senão uma daquelas músicas que embala os ensaios de tantas bandas de garagem (inclusive a minha e do Leão). E, depois de assistir a tudo isso de novo, só posso dizer obrigado. Obrigado, Sabbath, por existirem, por terem sido uma das maiores influências no rock e no metal que já pisaram nesse planeta. Obrigado por terem vindo DUAS vezes pra cá e me dado a oportunidade de vê-los ao vivo. Vocês vão fazer muita falta.







terça-feira, 29 de novembro de 2016

Aconteceu em Porto Alegre #11: Black Sabbath no Estacionamento da FIERGS (Parte 1)



Sim, de novo. Aconteceu de novo. A mesma banda. O mesmo local. Três anos depois. E lá estávamos eu e o Leão de novo. As única coisas diferentes dessa vez? Pra onde compramos ingresso, as bandas de abertura e quanto durou o show. Mas vamos por partes, como diria o velho Jack. 
Logo que a banda anunciou as datas, Porto Alegre não estava incluída na turnê. No momento que descobri que novamente teríamos chance de ver o Sabbath, já combinei com quem quisesse ir que tinha que rolar. Ali, já deixei combinado com o Leão que dessa vez iríamos de pista Premium. Não por estar esbanjando grana nem nada, mas simplesmente pelo fato de ter sido ruim de ver o show quando fomos de pista normal em 2013 e porque a Premium aqui, diferente do show do David Gilmour, tava aceitando meia entrada estudantil. 
Sinceramente, 280 reais pra ver uma banda do calibre do Sabbath, muito mais perto do que da outra vez, ou seja, com uma experiência muito melhor, na minha cabeça, valia a pena. Ainda mais que acabei não indo nos Stones, por ter comprado pouco antes o ingresso pro Gilmour (burrice minha, tinha grana pros dois e consegui entrar na fila de espera na Internet, não fui de besta), e não fui num Guns (que valia a pena ir) com mais de meia formação original, simplesmente por achar que testemunhar a despedida do Sabbath seria mais significativo, considerando que eu já ouvi muito mais Sabbath que Guns na minha vida. E que o pessoal do Guns ainda tá nos 50, tem lenha pra queimar.

Feita a odisséia do ingresso, era esperar. Confesso que, não que quarta feira seja um super dia pra um show, mas com certeza é mais alto astral que ver um show numa segunda feira. Ainda mais que, em 2013, o show foi numa quarta pós aula de 3º ano de ensino médio. Ontem, foi numa segunda feira pós aula na faculdade (e faculdade os horários nunca são iguais, mesmo que as pessoas sejam do mesmo curso), sem falar na aula do outro dia. Mas enfim, nada que pudesse estragar o espetáculo.

            O Leão chegou lá em casa por umas 16:30 pro tradicional aquece (afinal, fora o momento que tu te obriga a comprar uma ceva pelo copo que eles começaram a distribuir nos shows, que é uma lembrança maneira, ninguém merece pagar 12 pila ou mais em UMA latINHA de ceva. Com esses mesmos 12 pila, mais 8, comprei um fardo de Budweiser e matamos um tempo, batendo um papo sobre as expectativas pro show e jogando um videogame. 
            Eu já tinha visto o set padrão do Sabbath na turnê, e, na real, apenas duas, das 14 músicas, eram novidades: Hand of Doom e After Forever. Ainda por cima, nos últimos shows, a banda não vinha tocando a primeira. Confesso que foi meio broxante saber que o show, em vez das tradicionais 15 músicas mais bis da turnê anterior, era composto por 12 músicas mais o bis, e apenas uma nova (e o pior é que venho do futuro e posso afirmar que dos 81 shows, só em 11 ela não foi tocada, e, na última perna da turnê, toda na Inglaterra, a banda resolveu se dedicar mais e voltou com o set de 16 músicas, com Hand of Doom, Under the Sun e entrou até uma medley instrumental de Sabbath Bloody Sabbath/Symptom of the Universe ou Supernaut/ Megalomania). E sem falar que a nova cortada foi Hand of Doom, que eu preferia a After Forever. 
Mas enfim, aquelas coisas que a gente meio que perdoa. Admito que o show picudo do Sabbath que eu testemunhei foi em 2013, recém os caras voltando, disco novo, Megadeth na abertura, foi mais grandioso, de fato. Mas, mesmo com um menor brilho desse show de ontem, foi a última vez dos caras. Tive a sorte de poder ver o Black Sabbath duas vezes, e isso é que é o barato.

Mas vamos parar de falar um pouco do Sabbath em si e vamos a todo o show. Resolvemos pegar um Uber dessa vez, pra não ter que chegar 16:00 e ficar de pé cinco horas a mais que o necessário. Como a pista Premium demora pra chegar o pessoal, saímos de casa umas 18:00. Claro que foi uma idéia estúpida, porque, além de ser dia de show, era hora do Rush de segunda feira de um dia de show. Chegamos lá às 19:00 e 48 golpinhos mais pobres. Faltava pouco pra primeira banda de abertura entrar no palco.

O broder do ACDC no som do aquecimento tava lá novamente, mas pelo menos dessa vez ele mudou um pouco o CD, botou o Powerage na íntegra pra tocar. Tenho que admitir que foi bom, dei atenção pra um disco do ACDC que eu cagava antes. Nesse meio tempo estávamos de olho no Vitória também, que tinha chance de botar mais um prego no caixão do interzinho, enquanto esperávamos pelo show de abertura.

Eis que umas 19:40 chegou o Krisiun, ou algo assim. Sinceramente, parecia que tinham aberto as portas do inferno. Não era que nem o Hibria, que eu curti afu e tinha uma pegada bem Iron Maiden. Eram três magrão tr00 met4ll, barbudo, cabeludo, pareciam três Tom Araya no palco e, quando começaram a tocar, mano... eu, que nunca fui adepto desse metalzão extremo, não conseguia DISTINGUIR o que eles tavam tocando. Quase não dava pra saber se tinha terminado uma música e começado uma nova ou era tudo a mesma coisa. Era, salvo raríssimas exceções, bumbo duplo O TEMPO TODO, gutural, porradaria mesmo. Tanto que teve roda de pogo do início ao fim do show (inclusive testemunhamos um cara levar uma mina sei lá pra onde pra negociarem o copo dele, já que, segundo ela, ela tinha perdido o dela na roda... sabe-se lá quanto custou o copo xD).

Os caras tocam bem? Sim. Curti o show? Não tanto. Preferia outra banda que prezasse mais a melodia que a porradaria? COM CERTEZA. Mas não dava pra reclamar, até admiti que em alguns momentos, quando eles tocavam algo mais parecido com música pros meus ouvidos, eles mandavam bem. Ahh, enquanto isso, saiu um gol do Vitória, com o mito Di Marinho, e a gurizada gremista aplaudiu horrores. Apesar do show ser na segunda, não ouvi manifestação dos colorados, não sei por que...




E então, lá pelas oito e bolinha da noite, apareceu quem eu estava mais curioso pra ver na noite: Rival Sons. Não me entendam mal, não quero pagar de fã tr00zão de 2013, que pagou Premium pra ver mais o Megadeth que o Sabbath. A idéia é a seguinte... já tinha visto o Sabbath uma vez, tava prestes a ver de novo, e sabia que ia ser um show foda, estava ansioso e tudo o mais, mas a curiosidade em si já não tinha mais, ainda mais que já conhecia o set de cabo a rabo. Mas o Rival Sons, banda de abertura que fez TODA a turnê com o Sabbath, eu não fazia a mínima ideia de quem era.

Umas semanas antes do show, tinha parado pra pesquisar sobre eles, pensei “se o Sabbath curtiu o som dos caras, deve ser coisa boa”. Pesquisei no youtube e caí direto em Pressure and Time, primeira indicação. Foi amor à primeira vista. Sonzaço, estilo anos 70 total, com uma altíssima influência do Led Zeppelin, do próprio Sabbath, e com um vocal muito ao estilo Glenn Hughes. Aí fui atrás do set deles dos shows de abertura e ouvi as músicas. E olha, impressionante como me cativou, um som sensacional.


A banda chegou com balaca de banda grande. Vinheta de abertura com a música tema de The Good, The Bad and The Ugly, gurizada na beca, uns instrumentos fodas (que nem a guitarra do Scott Holiday, com detalhes em dourado), aquela expectativa e... de cara, Electric Man, daquelas embaçadas pra começar um show. Essa música tem swing, tem peso na guitarra, tem tudo. Uma das melhores deles.

E seguiu o show só com som foda. Secret, com um andamento um pouco diferente, mas boa pra caramba também, a já citada Pressure and Time, Open my Eyes, com um andamento ao estilo Kashmir, Keep on Swinging, Torture (com uma baita introdução, só no improviso, na guitarra), enfim, um desfile do que a banda tem de melhor. E não é pouca coisa.

Entretanto, pra mim, o mais significativo no som do Rival Sons é a ousadia de improvisar, nos tempos em que vivemos, em pleno 2016. Até mesmo bandas clássicas, como o próprio Black Sabbath, Deep Purple (maior exemplo disso, apesar de ainda conseguir improvisar aqui e ali, só não em doses cavalares como antigamente) já não tem mais esse espaço, fazem o solo mais parecido com o original, não estendem a música, seguem o roteiro do show.

O Rival Sons quebra completamente essa história. É solo mais longo que o original, é introdução com improviso (Torture, que tem quatro minutos na versão de estúdio, com o improviso e com as brincadeiras com o público, chega aos nove fácil nos shows), é ousadia e originalidade. Isso foi algo que fez eu curtir ainda mais a banda depois de vê-la ao vivo ontem. E, quando acabou, o Leão, que não tinha ouvido os caras ainda, fez questão de deixar isso bem claro também, mas era algo que ele tava falando desde o início do show.

Só sei que, como não ficar na expectativa depois dum baita show de abertura desses? E, assim como eu fiquei na expectativa pro show do Sabbath, vou deixar vocês na expectativa e dividir essa postagem em duas, senão ela vai ficar quilométrica demais. 

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Quando palavras não são necessárias... 32

Um pouco de The Police hoje, que tem algumas instrumentais bem interessantes, mas só postei duas delas até hoje

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Revirando o baú dos One Hits

Acredito que em dias normais não faria uma postagem dessas, mas já que fui no fundo do meu baú no last.fm, atrás de músicas que não ouço desde, sei lá, 2012, nada mais justo que aproveitar e dar essas dicas pra vocês.

Afinal, a ideia do Nata sempre foi diversificar e resgatar coisas boas que ficaram ofuscadas... enfim... vamos ao que interessa



sábado, 10 de setembro de 2016

On the Charts #29: Os 20 anos do Test for Echo

Sim, meus gamigos, depois de mais de um ano sem esse tradicional quadro, voltou o On the Charts. E voltou com esse disco, que é (o melhor do mundo e) um dos melhores do Rush, na minha humilde opinião. Não sei se já cheguei a falar sobre isso por aqui, mas um dos critérios para o disco ganhar um On the Charts, além de eu conhecê-lo bem, é ele completar, no mínimo, 20 anos. Entretanto, raros foram os discos que, com 20 anos de vida, ganharam On the Charts. Dois que posso me lembrar são o Nevermind, do Nirvana, e o Blood Sugar Sex Magik, dos Peppers (que na real ganhou mais foi uma nota, esses dois ainda merecem um On the Charts digno). Mas vamos ao que interessa
Serigrafia do CD remaster de 2007

Test for Echo é o décimo sexto disco de estúdio (da melhor coisa que o Canadá já nos ofereceu) do Rush. Lançado em 10 de setembro de 1996, apesar de ser um dos discos mais acessíveis do trio canadense, é também mais uma mudança no som da banda, além de, infelizmente, carregar o peso do trauma do baterista Neil Peart e ter sido absolutamente esquecido e ignorado nas últimas três turnês. E, para entender um pouco disso tudo, voltamos no tempo.

O Rush, que nunca foi uma banda de repetir o mesmo som por mais de dois ou três discos, lançou, em 1984, o Grace Under Pressure, que iniciou a fase da tecladeira. Fase essa que perdurou até 1987, impregnando o som de Power Windows, lançado em 1985, e de Hold Your Fire, de 1987. Quem viu o documentário Beyond the Lighted Stage (que pretendo falar sobre um dia também), sabe que isso, de certa forma, “incomodou” um pouco o guitarrista Alex Lifeson, já que o som da banda se tornou completamente dominado pelos teclados.

Serigrafia do CD original, de 1996
Então, em 1989, vem Presto, seguido por Roll the Bones em 1991, dois discos com sonoridade muito parecida. Aqui, mais do que nunca, o Rush passou a se tornar acessível. Músicas, em sua maioria, de 4 minutos, acordes abertos, refrões fortes, mas ainda faltava alguma coisa, tanto que a própria banda, a exemplo da crítica, considera o disco um tanto quanto vazio. Talvez seja a afinação da bateria e o timbre da guitarra, um tanto quanto oitentista, mas o que ocorreu foi que, mais uma vez, o Rush partiu pra outro som.

Em 1993, veio Counterparts. Muito mais pesado, com a volta de uma guitarra mais forte, foi muito aclamado pelos fãs. Mas, dessa vez, foi a vez de Neil Peart querer mudar. Segundo ele, o estilo de tocar bateria dele tava muito oitentista, onde ele era plenamente capaz de manter uma batida padrão, com perfeição no tempo e na execução, mas não tinha dinâmica.

Assim, ele tomou lições (sim, Neil Peart fazendo aulas de bateria) com o guru do jazz Freddy Gruber. Claramente a técnica dele mudou para esse disco, tanto que, além dele começar a usar mais seguidamente o prato de condução, no seu DVD A Work in Progress, onde ele regravou (ao vivasso) algumas das linhas das músicas do Test for Echo, a pegada que ele tava usando era a tradicional (e nos shows até mesmo da turnê do Vapor Trails, seis anos depois, nas músicas do T4E ele ainda usava traditional grip).
Sobre as músicas em si, abrimos o disco com a faixa título. Maior música do disco, tem tudo que eu citei antes, logo de cara. Neil Peart com muito prato de condução, um começo cativante, Alex Lifeson voltando à frente do som, e, algo que não citei antes, Geddy Lee mostrando que a experiência, além da idade, fizeram bem pra sua voz. A partir do Presto, o vocal dele passou a ser MUITO bom, adequado para as melodias das músicas, não mais aquela coisa de querer mostrar que sempre podia gritar mais agudo (não que não fosse legal, mas tinha passado o tempo).

Test for Echo é uma boa música porque, apesar de ter seções bem definidas, que se alternam durante seus quase seis minutos, essas seções são claramente baseadas no jogo de luz e sombra que só quem tem um grande feeling é capaz de fazer. Ahh, e o solo do Lifeson é curtinho, mas é tri. Sem falar na virada sensacional do Peart logo depois.

A segunda música é Driven. Uma das mais tocadas desse disco em shows (quem foi nos shows do Rush no Brasil teve a sorte de vê-la ao vivo), agita um pouco mais as coisas, com o riff de guitarra mais pesado e o andamento mais intrincado, típico do Rush, mas sem ignorar os momentos mais leves, como o pré refrão, algo a la Nobody’s Hero. Obviamente, aqui, o destaque absoluto é a performance de Geddy Lee, com direito a solo de baixo, que ele sempre improvisava ao vivo.

Half the World, a terceira música, apesar de ser bem comum, do ponto de vista do Rush, sempre foi uma das minhas preferidas do disco, porém, sou suspeito pra falar, era uma das que eu mais via o Neil Peart tocar no A Work in Progress, sei nota por nota na bateria. Mas, mesmo assim, fazendo uma análise imparcial, apesar de não ter nada muito absurdo de performance, é o tipo de música boa pro meio do disco. Relativamente curta (tem menos de quatro minutos), não deixa de ter uma virada aqui e ali, momentos de troca de tempo, mas mostra que a banda soube explorar o potencial e, ao mesmo tempo, provar que entende de pop, digamos assim. E, mais perto do final, tem um troço, meio mandolin, que o Lifeson toca na estrofe, que tem um som muito próximo do bouzouki, instrumento com o qual ele faz o solo de Workin’ Them Angels, do Snakes and Arrows.


Seguindo, temos The Color of Right. Com uma introdução poderosa, que é a mesma progressão do refrão, é outra música que me cativa, principalmente pela letra, uma das melhores do disco (e o truquezinho que o Peart faz pra virar a baqueta, quando para de conduzir no aro e volta pra caixa xD). Pra outros fãs de Rush, pode ser uma música comum, mas eu valorizo muito o refrão forte dessa música, e essa coisa da progressão do refrão ser mais sinistra enquanto a do pré refrão é reflexiva, mais um desabafo.

Se tem alguma música que lembra um pouco o Rush das antigas é Time and Motion. Confesso que não é das minhas preferidas, mas tem um instrumental beeeem sinistro e uma coisa meio circular, meio metida a progressivo, e a linha vocal do Geddy é sensacional. O interessante é que ela corta completamente o clima das primeiras quatro músicas, por ser mais pesada, mais sinistrona. Um destaque é a seção do meio, que mistura uma guitarra pesadíssima com uma outra com efeitos diferentes e calcada nas notas mais agudas, um jogo de pergunta e resposta sensacional.


A música seguinte é Totem, e bem diferente da sua antecessora, tem um clima de felicidade que perpassa por todos os seus quase cinco minutos. Não ouvia tanto ela, mas depois admiti que é um belo som, com outro bom refrão, e tem muito da pegada do Rush do Snakes and Arrows, na minha opinião. E posso afirmar que, apesar de novamente ser um solo curto, é um dos melhores do disco, além do pós solo, que Lifeson usa os harmônicos, dando aquela nostalgia (Red Barchetta, aquele abraço).

Dog Years, a sétima música, já foi mais agradável aos meus ouvidos. Gosto dela ainda, é claro, mas comparada às outras, acho que é uma das mais fracas, ou “menos fortes” do disco. Muita gente que curte Rush acha que essa letra é lamentável, comparada ao que o Peart já escreveu pra banda. Realmente, tem melhores, tanto de letra quanto da música em si, mas é uma música que dá pra ouvir bem de boas.

Mas, se tem um lado bom de Dog Years ser fraquinha, é que enaltece ainda mais Virtuality, a oitava música. Ao melhor estilo do Rush, com jogo de luz e sombra, um riff dos mais fortes do disco, a mescla com seções com uma pegada meio dance, uma letra decididamente mais interessante, sobre tecnologia e tals, e, pra mim, o maior destaque, a bateria genial do Peart, a melhor do disco. Vou inclusive deixar o vídeo abaixo, para que entendam do que estou falando.


E, como se já não fosse o bastante uma música mais pesada ser uma das melhores do disco, vem Resist, praticamente um poema que o Neil Peart. Definitivamente a melhor letra do disco, e uma das melhores do Rush, transformada em uma balada daquelas pras pedras chorarem. Com uma bateria simples, mas sem abrir mão de algumas características típicas do velho Neil, violão, piano, e, quando a guitarra entra pesada é pra contribuir com o clima da música. Perfeita, em todos os sentidos, principalmente no break, onde ficamos apenas com Geddy e alguns acordes de violão. E isso que essa é a versão de estúdio, ao vivo, na turnê do Vapor Trails, eles refizeram ela, uma versão apenas acústica, Geddy e Lifeson, dois violões e voz.


A penúltima música é Limbo, uma instrumental. Gosto bastante dela, principalmente porque Geddy, como de costume, espanca o baixo com maestria, mas acho que cinco minutos e meio foram um pouco de exagero deles. Se ela tivesse os quatro minutos de Leave That Thing Alone, seria mais apropriado. Perto do final, ela se torna muito repetitiva. Mas mesmo assim, é uma música interessante, com Geddy usando sua voz como um instrumento e a banda, como de costume, entregando um trabalho competente nos instrumentos. Peart, aliás, manda uma virada sensacional lá pelo meio da música, onde para tudo voltamos ao clima do início.

Sobre Carve Away the Stone, não tenho muito o que opinar. Nunca fui muito fã dela e até hoje continuo não sendo. Por mim, inclusive, o disco poderia terminar em Limbo, fechando 10 músicas. Talvez seja como Totem ou Time and Motion, que eu ainda não ouvi ou prestei atenção suficiente, mas acho que a banda poderia, se não tirá-la do disco, escolher uma música mais apropriada pro final. Apesar disso, não é uma música ruim, coisa que acredito não ter visto o Rush fazer ainda (se bem que tem Grand Designs e Madrigal).


        Por hoje é isso. Test for Echo, baita disco, complementado por uma bela capa e encarte, e mesmo pra quem torce o nariz um pouco pro que o Rush fez depois dos anos 80, duvido que com um pouco de paciência e boa vontade vocês não se rendam a esse disco e outros dos anos 90 e 2000. 

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

O vira-tempo

Sim, voltei. Estilo Bruninho SO7, pela 285698457304750834ª vez. Mas não tem desculpas dessa vez, foi simplesmente desânimo, faculdade e preguiça. Mas voltei.

Voltei porque acho que ainda tá muito, mas MUITO longe de esgotar o que tenho para compartilhar com vocês nesse blog. 

Voltei porque, mesmo não tendo uma postagem nele há mais de SEIS MESES, teve comentário novo e mais de 5000 views. Ou seja, mesmo estando MORTO por mais de seis meses, sem divulgação alguma, o público que passou por aqui, mesmo sendo pequeno, continuou interessado no nosso conteúdo. 

Mesmo sendo só 30, 25, 40 views por dia, é gratificante saber que, vivendo apenas do arquivo, o blog ainda atraiu o interesse desse número de pessoas diariamente. E por isso que quero retomar, voltar a falar das novidades, de discos, de shows, não tem por que parar com essa atividade que tanto quem escreve quanto quem acessa gosta. 

E por onde começar? 

Bom, aí que entra o vira-tempo. Resolvi roubar a ideia da saga do Harry Potter porque vai me ajudar. É muito simples. A gente "faz de conta" que eu não sumi esses seis meses, e vou fazer postagens na ordem cronológica, mesmo estando atrasado esse tempo todo. Vou falar como se fosse no dia, vou programar a postagem como se fosse no dia, afinal, eu tinha dito meses antes de parar que acreditava ser a maior das falhas passar um mês inteiro sem postar, pois formava aquela lacuna no arquivo do blog. 

Pois então, assim vamos proceder. Tem muita coisa que quero falar que atrasei, tem On the Charts de disco do Rush, tem o show do Black Sabbath, tem o disco dos Stones pra resenhar. Garanto que, pelo menos "uma postagem por mês" teremos. E isso não vai ser problema, porque, mesmo atrasada, ela vai ser a mais recente e aparecer no topo do blog. 

Enfim, acho que eras isso. Pretendo começar amanhã já, com a de setembro, e nos próximos dias e semanas vamos retomando devagarinho até chegar em março e abril, afinal, já vai ter resenha do trampo novo do Purple pra fazer. Valeu!

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Café com Nata #3: Programado... para detonar

Ok, vou ser curto e grosso hoje. Já ficou bem claro que até o título da nova música do Metallica (com uma leve licença poética), lançada na última quinta feira, bem como a pegada do som, tem um marketing pesado por trás. Mas, sinceramente, eu acho louvável o que a banda se propôs a fazer. 

Pra começo de conversa, quem ainda não ouviu, que se habilite: 


Vejo que as opiniões tão bem divididas. Tem gente que achou a música uma bosta, bem como tem gente que achou que "estamos diante da melhor coisa que o Metallica fez em 25 anos". Eu, como ouvinte casual (mas nem tanto assim), mas ciente da história do Metallica, posso afirmar... MENOS, BEM MENOS. PROS DOIS CASOS. Hardwired é um belo som. Pesado, bem mixado (um há brasso pras latas de tinta do St. Anger, que NUNCA MAIS deram as caras), curto e agressivo. 

Muita gente tá metendo o pau porque é uma música que soa como mais do mesmo, picaretagem, esse tipo de coisa. Mas, sejamos justos, compará-la com coisas do Kill 'Em All e outros discos do início é sacanagem. Claro que, frente aos clássicos do início da banda, a música vai soar manjada, mais do mesmo, etc. Mas não soaria assim também se fossem aquelas composições de 8 minutos com uma seção lenta? E, sinceramente, eu acho MUITO pior a banda tentar soar épica e fazer uma música insuportável (alô, Death Magnetic, aquele abraço). No último disco, o Metallica colocou 10 músicas, mas a menor delas tinha 5 minutos. Na boa, a gente sabe que a banda meio que "perdeu a mão" nos últimos anos (e eu digo depois de 1997, porque gosto do Load e do Reload). 

Uma comparação que acho bem válida é com os Titãs. Os titânicos se perderam completamente após o bom (mas muito mais pesado que o usual) Titanomaquia. O Load é o Titanomaquia do Metallica. Depois a banda fez um disco meia boca, mas com algumas coisas boas (Domingo x Reload), um disco de covers (Garage Inc. x As Dez Mais), sofreu com uma perda (Newsted x Marcelo Fromer), fez um disco extremamente merda (Como Estão Vocês/Sacos Plásticos x St. Anger) e, aos pouquinhos, vem recuperando o respeito. 

Não coloco, nessa comparação, o Nheengatu no mesmo pé de Death Magnetic. Apesar de ser um disco cansativo, o Death Magnetic é razoável, trouxe um alívio depois da bomba que foi o St. Anger. O Nheengatu, por outro lado, mostrou uma banda bem calibrada, que acertou em cheio na volta dum som mais pesado, mas, ao mesmo tempo, mais enxuto, com uma banda menor. Nesse sentido, é cedo pra falar que o Hardwired... to Self Descruct vai ser tipo um Nheengatu pro Metallica? 

Com certeza. Só saiu uma música até agora, e que dividiu as opiniões de quem ouviu. Eu acho que tem tudo pra ser um disco mais forte que o seu antecessor, mas é cedo pra opinar. O que podemos falar é da música em si, o porquê de eu ter achado que o Metallica acertou em apostar num som curto e simples. 

Analisando objetivamente, o Metallica já é uma banda com bastante estrada, a energia dos caras não é a mesma e tals. Pra efeito da música, que tem uma batida bem acelerada, o único que sofre um pouco com essa parada da energia é o Lars. E, por incrível que pareça, gostei de ver o Lars nessa música. Vi muita gente criticando, que é uma batida simples, que a música é curta e o Lars não mostrou criatividade nenhuma. Assim... como posso explicar? 

DEIXA O LARS. Eu, como baterista, posso afirmar... Ele NÃO TEM CAPACIDADE de fazer algo diferente atualmente. Quando ele tenta inventar, como eu vi num comentário do youtube, sai alguma "merda aleatória", onde ele simplesmente tira a caixa do tempo certo e fode toda a música. Assim como foi no St. Anger. Então assim... vamos combinar que, pro efeito que a banda queria na música, a linha que o Lars criou funciona. Ele até acertou um bumbo duplo ali no final. 

Quando ao Rob não tem muito o que dizer, competente como sempre, fez uma bela linha. Kirk também não tem muito o que comentar, mas, ao contrário do Rob, de forma negativa. O solo ficou curto sim, e ele parou de solar no meio. Sei lá, o Kirk viaja às vezes. Nem vou entrar no mérito da qualidade do solo, sabemos que o forte do Kirk é o pé no Wah-Wah. 

Já Hetfield é o ponto forte da música. O riff provavelmente é dele, o que é muito bom. A letra eu achei meio simples demais, meio primitiva... pra quem está acostumado com as letras mais questionadoras e intimistas de James, soa meio tosco mesmo. Mas já que a música é simples e direta mesmo, vamos dar um desconto. Ainda mais que ele cantou muito bem, e isso temos que ressaltar... apesar da pior fase do Metallica ter sido durante o St. Anger, ao vivo a banda soou muito pior ali por 2009, 2010. Lars e Kirk estavam piores tecnicamente, James tinha perdido um pouco da potência da voz... lembro que ali o Metallica soava realmente ruim. 

O que me parece é que, atualmente, a banda se deu conta das suas limitações, seja pela idade ou pela pouca técnica. James recuperou a voz, ótimo, mas, com certeza, ele adquiriu alguma técnica ao longo dos últimos anos, para se poupar mais. Lars talvez finalmente tenha entendido que "menos é mais" (e isso se aplica MUITO no caso dele). Por esses motivos, acredito que sim, Hardwired... To Self Destruct tá, com o perdão do trocadilho, programado pra detonar. 

sexta-feira, 29 de julho de 2016

Quando palavras não são necessárias...31

Hoje é coisa rápida, mais um aperitivo... amanhã é que pretendo fazer algo mais elaborado, sobre os 45 anos do Master of Reality (já tem aqui no blog a de 40 anos, mas é muito simples, então vou refazer, no formato do On the Charts mesmo). E já que é sobre Sabbath a postagem de amanhã, vamos aproveitar a oportunidade...

Sei que hoje foi bem curto, tem praticamente 5 minutos de música aí, mas não queria misturar com outras bandas, pois é sempre bom lembrar que o Iommi, quando pega um violão, sempre nos brinda com algo espetacular. 

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Resenha #15: Red Hot Chili Peppers - The Getaway

Confesso que fiquei meio receoso de resenhar esse disco. Tava vendo geral elogiando o trampo dos caras, e eu, depois de ouvir as três músicas que eles botaram na internet, seguia com uns 5 pés atrás, e sempre com tendência a se decepcionar. Verdade seja dita, até que o disco cumpriu bem o dever de casa. Mas temos que conversar sobre algumas coisas, então vamos lá. 

The Getaway é o décimo primeiro disco do Red Hot Chili Peppers, lançado a pouco mais de um mês, no dia 17 de junho. Se, por um lado, trata-se do segundo disco do guitarrista Josh Klinghoffer com a banda, se afirmando e deixando de ser novidade ou um tapa-buraco sob essa tarefa, sem dúvidas, ingrata, de substituir o histórico John Frusciante nas seis cordas, por outro o som da banda mudou bastante. Em alguns aspectos, pra melhor, outros pra pior. Acredito sim que isso tem a ver com a produção, que, pela primeira vez em 25 anos, não ficou a cargo de Rick Rubin, mas sim de Danger Mouse, responsável pela produção de discos de bandas como U2 e Black Keys.

Para mim, em alguns momentos, o fato de se ter um cara arejado, mais novo que quase toda a banda e trabalhando pela primeira vez tem o lado bom de tornar o trabalho uma novidade, com ideias diferentes, mixagem diferente, mexendo na sonoridade, nas dinâmicas dos instrumentos, etc. O lado ruim é que nem sempre se acerta de primeira. Como eu disse antes, a banda acertou na mosca em alguns aspectos do novo som. Em outros, exagerou. E, nesse "em outros", leia-se "Chad simplesmente soa medíocre no disco". Além do Josh me parecer mais preocupado em experimentar do que dar volume e peso pra guitarra. 

E é BEM assim que começa o disco. Na outra postagem, onde falo sobre as primeiras duas músicas que apareceram pra nós, justamente as duas primeiras, eu desci a lenha na faixa-título. Não sem razão, continuo achando que a banda cagou uma boa faixa em potencial. The Getaway, ao vivo, soa sensacional, simplesmente porque Chad resolveu trabalhar e dar o feeling que a música merecia. O cara pensou em uma levada maneira, trabalhando com abertura de hihat e bumbo, que sempre foi o forte dele, legal. Mas ele deixa um drum machine, um beatbox junto, e faz A MESMA batida durante quatro minutos. Isso me soa simplesmente fora de sintonia com o resto da banda. Anthony muda a entonação no refrão, Josh entra com um jogo sensacional de guitarra e backing vocals no refrão também, e o Chad ali (ou nem ele, talvez o drum machine), na mesma batida, sem tocar um prato de ataque durante os quatro minutos da música. Soa pobre sim. Dá pra ouvir, mas soa pobre. Pelo menos ao vivo ele se ligou disso e tocou a música como ela merecia ser tocada. 


Seguindo o barco, temos Dark Necessities, primeiro single e, provavelmente, o principal do disco. É uma boa música, apesar, novamente, da bateria sem dinâmica e um pouco robotizada, novamente. O que faz a música ser boa é o baixo do Flea, simplesmente sensacional, tanto nas estrofes, com os slaps que tanto sentimos falta no I'm With You, quanto no refrão, que ele fez uma linha simples, mas elaborada. Anthony cumpre o de sempre, ele é um cara limitado, não adianta. Pelo menos a idade fez o cara aprender um pouco de técnica (por isso que ao vivo ele anda sofrendo um pouco pra acertar o tom de algumas notas mais altas, mas isso ele vai se acostumando durante a turnê, faz parte). Josh aqui não tem grande destaque, fora o solo do final, me pareceu mais preocupado com backings. A grande ressalva que eu tenho com essa música é que me soa como uma Even You Brutus 2.0. E essa é a única música do I'm With You que eu não gosto. Pelo menos aqui eles acertaram a fórmula. 

A terceira música (aqui e a ser lançada, também antes do disco) é We Turn Red. Finalmente conseguimos ver Chad mostrando um pouco de serviço, ainda que ele não crie nada extraordinário. Mas é uma bateria bem Bonham, é bem característico, vale a audição. Josh botou duas tracks de guitarra e não botou solo... triste, mas né, fazer o que. A música, basicamente, alterna entre duas nuances bem claras: uma parte mais funkeada, com essa guitarra e baixo mais RHCP antigo, algo meio Get on Top, e um momento mais leve, com uma parte mais acústica, bateria mais contida. É uma boa música, apesar da falta do solo. Infelizmente, é algo que teremos que nos acostumar.  A partir daqui, começam as novidades do disco, o que não tinha sido divulgado antes do lançamento. The Longest Wave é, oficialmente, a primeira balada no disco com o selo dos Peppers de qualidade. Josh aparece um pouco mais aqui, conduzindo mais a música do que nas anteriores. É uma boa música, mas comum, apesar do bom refrão. Acabando a turnê ela some do setlist, vai aparecer esporadicamente. 

Já Goodbye Angels, a música seguinte é um RHCP típico, clássico. É um dos destaques do disco. A construção da linha vocal, os  "hey oh hey oh", é a música pra agradar o fã das antigas, inclusive o bem das antigas, por causa do final dela, que já vou falar a respeito. Mas aqui Chad se aproxima um pouco do serviço que sempre mostrou, com uma bateria mais viva, mais dinâmica, Flea também faz um baixo simples, com alguns slaps, mas bem interessante. Josh se esconde um pouco atrás daquelas notas agudas, dos fills de sempre, mas no final ele mostra serviço também, com um belo solo. Aliás, o final é demais. Quando tu pensa que a banda vai amolecer (que é bem típico das músicas recentes da banda, que começam fortes e caem numa coisa meio pop, meio chiclete), a banda vem crescendo junto com Anthony, todos param e fica apenas Flea. E aqui Flea, Josh e Chad espancam os instrumentos. Flea manda até um baixo com distorção, Chad mostra as viradas que escondeu durante o começo do disco, Josh, como disse antes, faz um baita solo. Certamente vai se manter no set da banda por um bom tempo. Atualmente, é a música que inicia o bis, o que já é um grande passo para se destacar.

Sick Love, a sexta música, tem uma pegada mais leve, descontraída, nada muito superproduzido. Até por ter essa leveza ela soa bem, não nasceu para ser algo comercial, é um lado B do disco. Aliás, um baita lado B, conta até com Elton John no piano, um convidado e tanto. Já Go Robot tem essa pegada bem do "novo RHCP", mas eles acertaram em cheio. Chad, apesar da batida meio robótica, "combinando" com o nome da música, faz o papel que tem que fazer, levar a música de forma pulsante. Flea traz um baixo grudento e ao mesmo tempo cheio de feeling e Josh dá o tempero necessário com uma pegada bem funky. Baita som.

Seguindo, temos Feasting on the Flowers. De primeira, não me agradou tanto, dá uma quebrada na sequência boa. É mais uma daquelas com uma pegada de Even You Brutus?, e aqui ela tá mais próxima do que Dark Necessities. Achei simplesmente meio descartável, inclusive o solo do Josh nela. Já Detroit, a música seguinte, começa muito bem. Um belo riff de guitarra, um baixo complexo, aquelas batidas malandras do Chad, estilo Charlie. Só achei o refrão muito forçado, Anthony se rasga pra alcançar aquele tom no estúdio, imagina ao vivo. Pra mim, deu uma boa broxada numa música que tinha tudo pra ser uma das melhores do disco. Ainda mais que eles estendem o refrão afu no final da música.

This Ticonderoga, música seguinte, começa meio esquisita, já começa direto no ponto, com toda a banda entrando junto. É outra que, de cara, não me agradou tanto, não deu aquele arrepio de quando a música é foda. Ela é pesadinha, tem umas paradinhas, com troca de tempo, bem interessantes, a banda soa bem azeitada, bem entrosada, mas sei lá, algo não tá bem encaixado. Talvez ouvindo mais eu mude de ideia, mas por enquanto não é das que me conquistou. Já a música seguinte, Encore, foi daquelas que eu curti de primeira. Ela é meio baladinha, mas Anthony se destaca bastante aqui, ela passa uma felicidade, uma esperança, meio música de casal apaixonado, principalmente no refrão. Talvez fosse justamente essa a ideia, afinal Anthony escreveu várias letras a respeito do último relacionamento que ele teve, que acabou recentemente. E nem todas precisam ser estilo Taylor Swift... por que não trazer boas lembranças à tona?

The Hunter, a penúltima música, tem uma pegada meio preguiçosa, meio blues até (afinal, a primeira linha da música é "Wake up this morning"), eu gostei. Mais lenta, mas não necessariamente uma balada, foi o laboratório da banda no disco. Uma das experimentações que eu mais curti, dentre todas que a música teve, foi o delay nos vocais do Anthony, aprofundando essa sensação de preguiça, de arrastamento. Vale a audição também, achei um dos destaques do disco.

Dreams of a Samurai, a música que fecha o disco, é uma das mais longas da banda, com mais de 6 minutos. Confesso que me surpreendeu, tinha pinçado pedaços soltos da música e achava ela meio ruim, meio estranha. Estranha ela é, mas é uma baita música. Com um tempo completamente não linear, ela tem um instrumental bem forte, mais destacado do que Goodbye Angels. Chad toca tudo que economizou durante o disco, mostrando por que que eu critiquei tanto a atuação mediana dele nesse disco. Flea e Josh mostram um belo desempenho, a música soa quase como uma jam, também por causa da duração longa dela. É outra que merece uma versão ao vivo, e, considerando que o Anthony disse que tem vontade de tocar todo o disco ao vivo, podemos criar esperanças.


Enfim, acho que eras isso. The Getaway merece mais audições? Com certeza, tem até disco do Rush que eu penei pra digerir, tive que ouvir várias vezes. Mas assim, se as pessoas esperavam que a evolução natural do Josh seria que nem do John, que passou do Mother's Milk pro Blood Sugar Sex Magik, não foi. The Getaway tá mais pra um One Hot Minute: enquanto o I'm With You é algo meio mediano por igual, esse disco novo é mais arriscado. Quando erra, erra mais e as músicas são piores, e, quando acerta, as músicas ficam ótimas, nascem clássicas, como Goodbye Angels e Go Robot. Valeu a tentativa, e, assim como não me agradou por completo, vai ter gente que amou o disco. O que interessa é colher frutos por essa tentativa de sair do lugar comum. 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Café com Nata #2: Epitáfio (ou Talvez o Pulso não Pulse mais)

Sérgio, Branco, Tony, Paulo, Charles, Nando, Marcelo, Arnaldo. 
Sérgio, Branco, Tony, Paulo, Charles, Nando, Marcelo.
Sérgio, Branco, Tony, Paulo, Charles, Nando.
Sérgio, Branco, Tony, Paulo, Charles.
Sérgio, Branco, Tony, Paulo.
Sérgio, Branco, Tony.

Parece até um poema concreto, algo do tipo, mas essas seis linhas representam, de forma bem simples e básica, a história dos Titãs até hoje. E, por mim, poderia ter terminado nessa quinta linha hoje, pois, de poema concreto, a história tá passando mais a um dadaísmo. Desconstrução. Destruição. 

Eu, bem como todo apreciador do trabalho dos titânicos (acredito), fui pego de surpresa com a notícia da saída de Paulo Miklos da banda. Justo o Miklos? O cara mais enérgico dos Titãs? Aquele cara que entregava performances sensacionais, dedicadas, de clássicos de 30 anos, como Bichos Escrotos e Diversão? Bem, ele mesmo. Acredito que pegou a todos de surpresa. Eu era um que achava que, a partir dessa última formação, a mais enxuta de todas (a da penúltima linha, mais o baterista, Mário Fabre), a banda não diminuiria mais, iria até o fim. Pensava que, dos oito iniciais, o que havia restado era a alma da banda.

Arnaldo, para mim, sempre se achou um pouco maior que a banda, mesmo que seja um grande compositor. Nando, talvez um pouco também, e talvez os anos, a maior maturidade tenham tornado ele mais "romântico" mesmo. Charles sempre foi o deslocado dos Titãs, apesar de fechar muito com o som da banda. Charles era o caretão, o "chato", o "foda-se". Saiu da banda porque disse que "era difícil envelhecer em uma banda de rock, e estava entrando em depressão". Logo após, formou o Panamericana, com relegados de outras gigantes do rock nacional, como Dé Palmeira, baixista do Barão Vermelho e Dado Villa-Lobos, guitarrista da Legião Urbana. Em outras palavras, Charles encheu o saco dos Titãs e quis sair. Não precisava dar o migué de envelhecer e tals, mas enfim.

Marcelo Fromer é a exceção. Marcelo era um cara muito fechado com a banda, muito brother mesmo. Se não tivesse morrido, eu tenho quase certeza que ele ainda estaria nos Titãs. E convenhamos, Marcelo na banda só teria o que acrescentar. Era um ótimo guitarrista, não tão exuberante e técnico, mas criativo. E a não-saída de Marcelo poderia ter impacto na permanência de Nando mais uns anos, enfim. Isso é papo para outra postagem. Vamos ao que interessa.

Desde 1982, quando os Titãs ainda eram Titãs do Iê-Iê e contavam não com Charles atrás do kit, mas sim André Jung, além de Ciro Pessoa nos vocais, já são 34 anos. É muito tempo. Desde 1985, ano da entrada de Charles, mais de 30 anos também. De lá pra cá, como vocês viram nas primeiras linhas da postagem, a banda não sofreu alterações na formação, apenas diminuiu de tamanho. Ok, numa banda com 8 integrantes, perder um dos TRÊS vocalistas (sem contar Nando e Sérgio, que também cantam), como foi com a saída de Arnaldo em 1992, não foi o fim do mundo. 

Já a morte de Marcelo em 2001 mexeu bastante com a estrutura da banda. Como disse, além dele ser o segundo membro a menos dos Titãs, praticamente levou junto Nando Reis, que, abalado com a morte do amigo e de Cássia Eller, amiga muito próxima, preferiu seguir seu caminho na carreira solo, saindo da banda no ano seguinte. Esses anos, de 2003 a 2009, foram bem nebulosos, digamos assim. A banda recorreu a músicos contratados, Emerson Villani e Lee Marcucci, continuou gravando discos fracos, o ritmo continuava dissonante. Se a saída de dois membros mexeu com a banda, essa mudança foi para pior. 

Até que, em 2009, os Titãs resolveram se livrar dos músicos contratados. Branco e Sérgio começaram a revezar as linhas de baixo, dependendo de quem canta a música, e Miklos assumiu a base nas seis cordas. Sacos Plásticos, do mesmo ano, foi um disco ridículo, ok, mas os shows começaram a ficar interessantes. A formação, mais enxuta, mais coesa, funcionou melhor ao vivo. Nem a saída de Charles, no início de 2010, abalou a banda. Logo após a entrada de Fabre, começou a turnê comemorativa de 25 anos do Cabeça Dinossauro, e muitas resenhas foram positivas a respeito. Pessoal realmente esperançoso que, após mais de 10 anos nebulosos, a banda poderia ter voltado nos trilhos. 

E Nheengatu só confirmou essa previsão. Pesado, visceral, com músicas curtas e diretas, foi um grande resgate de uma banda que, no final dos anos 80, foi certamente o maior expoente do rock nacional. Acho que isso, mais do que tudo, fere um pouco o fã da banda. Esperar que o pessoal abandone o barco na pior fase possível até faz sentido. Mas a banda lançar um grande material inédito, trazer uma grande turnê e, aí sim, uma das maiores referências dentro da banda sair, é triste. Com o agravante que foi o divisor de águas, em termos numéricos. 

Miklos foi a quinta saída dos Titãs. Nada contra Beto Lee, o músico contratado da vez, nem contra Mário Fabre, grande baterista (a Bruna até tem o par de baquetas do show de 2014), mas... agora eu acho que deu. Falo isso com dor no coração, Titãs é a minha banda nacional preferida. Só que dada a resistência da banda de admitir novas caras, não podemos dizer que menos da metade dos integrantes ainda é Titãs. Uma formação enxuta, com metade dos integrantes, cada um tocando um instrumento, tava show de bola. Foi uma das melhores fases. Já três integrantes é pouco. 

Esse tratamento que a banda dá a quem a acompanha na estrada é outro fator importante. Desde 1985, Titãs são aqueles oito e fim de papo. O que vier e dividir o palco com eles é agregado. E esse tipo de atitude não me agrada tanto. Esse é um dos motivos pelos quais apoio sempre o Deep Purple, contra as viúvas, mas acharia melhor o fim dos Titãs. No caso do Purple, a banda não teve NENHUM problema de dizer que Steve Morse, americano, 10 anos mais novo que os outros integrantes, É SIM um membro da banda, apesar de todo o peso de exercer a função que, outrora, foi de Ritchie Blackmore, uma das grandes lendas da guitarra, fundador do Purple. E o cara tá há 20 anos na banda, compõe, é amigo dos caras, é, de fato, parte da banda. 

Seria tão ridículo dizer que o Deep Purple, atualmente, é apenas Gillan, Paice e Glover quanto é os Stones "não terem baixista", pois Darryl Jones é apenas um músico contratado também, mesmo tendo 23 anos de casa. Além disso, o único integrante realmente FUNDADOR do Purple, atualmente, é Paice. Ou seja, os critérios seriam uns pra quem é mais antigo e outros pra quem é mais novo? Não, a banda está sendo coerente. 
Titãs de 2014: Bellotto, Branco, Sérgio e Miklos. Ao que parece, bateristas não são necessários...

Coerência que falta pros Titãs. Charles entrou lá no longínquo ano de 1985, consta como membro original. Fabre entrou em 2010. Diferente de Villani e Marcucci, ele É essencial para a banda, pois não sobrava gente para assumir as baquetas. Pois bem, Fabre já tem 6 anos de Titãs. Gravou disco de estúdio, gravou DVD de show. É tão membro quanto os outros para entrar na estética das máscaras do Nheengatu durante o show. Então por que ele não é um membro na hora de assinar um autógrafo? De constar, na formação, como um Titã? Se a banda acha que membro oficial é apenas quem tava lá desde 1985 (e é direito deles), eu, como fã, acredito que, tendo menos da metade dos membros, esse era o momento da banda optar pelo fim. Parar por cima. Não dar oportunidade de cair no ostracismo e nas críticas novamente. 

Certamente, se a banda tiver que se reunir de novo um dia, acontecerá. Seja pelos 35 anos do Cabeça Dinossauro, em 2021, pelos 40 anos de carreira, em 2022, qualquer coisa. Mas é preferível implodir agora, que está por cima, e se deixar ter a falta sentida, para poder voltar com tudo, com todos, com vontade de fazer música e de tocar junto, do que ir minguando desse jeito, morrendo aos poucos. Todos são competentíssimos. Branco gosta da área do cinema, Tony é um bom escritor, Sérgio tem uma carreira solo interessante, não sumiriam da mídia. Seria benéfico para eles experimentar a individualidade e deixar o coletivo, o titânico, para o momento adequado. 

De qualquer jeito, a obra, imortalizada, está aí, para todo fã. Não pretendo ir a um show da banda, pelo menos com essa formação. Se soubesse que o show do dia 1º, aqui em Porto Alegre, seria um dos últimos da banda com Miklos, teria ido, certamente. Mas já que a banda não vai optar por encerrar, pelo menos por enquanto, as atividades, desejo que tenham toda a força para superar esse momento e possam nos brindar com um material tão bom quanto foi Nheengatu. Juro que venho aqui me desculpar se isso acontecer. Acho que, parafraseando a banda, " não dá pra imaginar quando é cedo ou tarde demais pra dizer adeus". Nesse caso... 

VIDA LONGA AOS TITÃS!