sexta-feira, 29 de julho de 2016

Quando palavras não são necessárias...31

Hoje é coisa rápida, mais um aperitivo... amanhã é que pretendo fazer algo mais elaborado, sobre os 45 anos do Master of Reality (já tem aqui no blog a de 40 anos, mas é muito simples, então vou refazer, no formato do On the Charts mesmo). E já que é sobre Sabbath a postagem de amanhã, vamos aproveitar a oportunidade...

Sei que hoje foi bem curto, tem praticamente 5 minutos de música aí, mas não queria misturar com outras bandas, pois é sempre bom lembrar que o Iommi, quando pega um violão, sempre nos brinda com algo espetacular. 

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Resenha #15: Red Hot Chili Peppers - The Getaway

Confesso que fiquei meio receoso de resenhar esse disco. Tava vendo geral elogiando o trampo dos caras, e eu, depois de ouvir as três músicas que eles botaram na internet, seguia com uns 5 pés atrás, e sempre com tendência a se decepcionar. Verdade seja dita, até que o disco cumpriu bem o dever de casa. Mas temos que conversar sobre algumas coisas, então vamos lá. 

The Getaway é o décimo primeiro disco do Red Hot Chili Peppers, lançado a pouco mais de um mês, no dia 17 de junho. Se, por um lado, trata-se do segundo disco do guitarrista Josh Klinghoffer com a banda, se afirmando e deixando de ser novidade ou um tapa-buraco sob essa tarefa, sem dúvidas, ingrata, de substituir o histórico John Frusciante nas seis cordas, por outro o som da banda mudou bastante. Em alguns aspectos, pra melhor, outros pra pior. Acredito sim que isso tem a ver com a produção, que, pela primeira vez em 25 anos, não ficou a cargo de Rick Rubin, mas sim de Danger Mouse, responsável pela produção de discos de bandas como U2 e Black Keys.

Para mim, em alguns momentos, o fato de se ter um cara arejado, mais novo que quase toda a banda e trabalhando pela primeira vez tem o lado bom de tornar o trabalho uma novidade, com ideias diferentes, mixagem diferente, mexendo na sonoridade, nas dinâmicas dos instrumentos, etc. O lado ruim é que nem sempre se acerta de primeira. Como eu disse antes, a banda acertou na mosca em alguns aspectos do novo som. Em outros, exagerou. E, nesse "em outros", leia-se "Chad simplesmente soa medíocre no disco". Além do Josh me parecer mais preocupado em experimentar do que dar volume e peso pra guitarra. 

E é BEM assim que começa o disco. Na outra postagem, onde falo sobre as primeiras duas músicas que apareceram pra nós, justamente as duas primeiras, eu desci a lenha na faixa-título. Não sem razão, continuo achando que a banda cagou uma boa faixa em potencial. The Getaway, ao vivo, soa sensacional, simplesmente porque Chad resolveu trabalhar e dar o feeling que a música merecia. O cara pensou em uma levada maneira, trabalhando com abertura de hihat e bumbo, que sempre foi o forte dele, legal. Mas ele deixa um drum machine, um beatbox junto, e faz A MESMA batida durante quatro minutos. Isso me soa simplesmente fora de sintonia com o resto da banda. Anthony muda a entonação no refrão, Josh entra com um jogo sensacional de guitarra e backing vocals no refrão também, e o Chad ali (ou nem ele, talvez o drum machine), na mesma batida, sem tocar um prato de ataque durante os quatro minutos da música. Soa pobre sim. Dá pra ouvir, mas soa pobre. Pelo menos ao vivo ele se ligou disso e tocou a música como ela merecia ser tocada. 


Seguindo o barco, temos Dark Necessities, primeiro single e, provavelmente, o principal do disco. É uma boa música, apesar, novamente, da bateria sem dinâmica e um pouco robotizada, novamente. O que faz a música ser boa é o baixo do Flea, simplesmente sensacional, tanto nas estrofes, com os slaps que tanto sentimos falta no I'm With You, quanto no refrão, que ele fez uma linha simples, mas elaborada. Anthony cumpre o de sempre, ele é um cara limitado, não adianta. Pelo menos a idade fez o cara aprender um pouco de técnica (por isso que ao vivo ele anda sofrendo um pouco pra acertar o tom de algumas notas mais altas, mas isso ele vai se acostumando durante a turnê, faz parte). Josh aqui não tem grande destaque, fora o solo do final, me pareceu mais preocupado com backings. A grande ressalva que eu tenho com essa música é que me soa como uma Even You Brutus 2.0. E essa é a única música do I'm With You que eu não gosto. Pelo menos aqui eles acertaram a fórmula. 

A terceira música (aqui e a ser lançada, também antes do disco) é We Turn Red. Finalmente conseguimos ver Chad mostrando um pouco de serviço, ainda que ele não crie nada extraordinário. Mas é uma bateria bem Bonham, é bem característico, vale a audição. Josh botou duas tracks de guitarra e não botou solo... triste, mas né, fazer o que. A música, basicamente, alterna entre duas nuances bem claras: uma parte mais funkeada, com essa guitarra e baixo mais RHCP antigo, algo meio Get on Top, e um momento mais leve, com uma parte mais acústica, bateria mais contida. É uma boa música, apesar da falta do solo. Infelizmente, é algo que teremos que nos acostumar.  A partir daqui, começam as novidades do disco, o que não tinha sido divulgado antes do lançamento. The Longest Wave é, oficialmente, a primeira balada no disco com o selo dos Peppers de qualidade. Josh aparece um pouco mais aqui, conduzindo mais a música do que nas anteriores. É uma boa música, mas comum, apesar do bom refrão. Acabando a turnê ela some do setlist, vai aparecer esporadicamente. 

Já Goodbye Angels, a música seguinte é um RHCP típico, clássico. É um dos destaques do disco. A construção da linha vocal, os  "hey oh hey oh", é a música pra agradar o fã das antigas, inclusive o bem das antigas, por causa do final dela, que já vou falar a respeito. Mas aqui Chad se aproxima um pouco do serviço que sempre mostrou, com uma bateria mais viva, mais dinâmica, Flea também faz um baixo simples, com alguns slaps, mas bem interessante. Josh se esconde um pouco atrás daquelas notas agudas, dos fills de sempre, mas no final ele mostra serviço também, com um belo solo. Aliás, o final é demais. Quando tu pensa que a banda vai amolecer (que é bem típico das músicas recentes da banda, que começam fortes e caem numa coisa meio pop, meio chiclete), a banda vem crescendo junto com Anthony, todos param e fica apenas Flea. E aqui Flea, Josh e Chad espancam os instrumentos. Flea manda até um baixo com distorção, Chad mostra as viradas que escondeu durante o começo do disco, Josh, como disse antes, faz um baita solo. Certamente vai se manter no set da banda por um bom tempo. Atualmente, é a música que inicia o bis, o que já é um grande passo para se destacar.

Sick Love, a sexta música, tem uma pegada mais leve, descontraída, nada muito superproduzido. Até por ter essa leveza ela soa bem, não nasceu para ser algo comercial, é um lado B do disco. Aliás, um baita lado B, conta até com Elton John no piano, um convidado e tanto. Já Go Robot tem essa pegada bem do "novo RHCP", mas eles acertaram em cheio. Chad, apesar da batida meio robótica, "combinando" com o nome da música, faz o papel que tem que fazer, levar a música de forma pulsante. Flea traz um baixo grudento e ao mesmo tempo cheio de feeling e Josh dá o tempero necessário com uma pegada bem funky. Baita som.

Seguindo, temos Feasting on the Flowers. De primeira, não me agradou tanto, dá uma quebrada na sequência boa. É mais uma daquelas com uma pegada de Even You Brutus?, e aqui ela tá mais próxima do que Dark Necessities. Achei simplesmente meio descartável, inclusive o solo do Josh nela. Já Detroit, a música seguinte, começa muito bem. Um belo riff de guitarra, um baixo complexo, aquelas batidas malandras do Chad, estilo Charlie. Só achei o refrão muito forçado, Anthony se rasga pra alcançar aquele tom no estúdio, imagina ao vivo. Pra mim, deu uma boa broxada numa música que tinha tudo pra ser uma das melhores do disco. Ainda mais que eles estendem o refrão afu no final da música.

This Ticonderoga, música seguinte, começa meio esquisita, já começa direto no ponto, com toda a banda entrando junto. É outra que, de cara, não me agradou tanto, não deu aquele arrepio de quando a música é foda. Ela é pesadinha, tem umas paradinhas, com troca de tempo, bem interessantes, a banda soa bem azeitada, bem entrosada, mas sei lá, algo não tá bem encaixado. Talvez ouvindo mais eu mude de ideia, mas por enquanto não é das que me conquistou. Já a música seguinte, Encore, foi daquelas que eu curti de primeira. Ela é meio baladinha, mas Anthony se destaca bastante aqui, ela passa uma felicidade, uma esperança, meio música de casal apaixonado, principalmente no refrão. Talvez fosse justamente essa a ideia, afinal Anthony escreveu várias letras a respeito do último relacionamento que ele teve, que acabou recentemente. E nem todas precisam ser estilo Taylor Swift... por que não trazer boas lembranças à tona?

The Hunter, a penúltima música, tem uma pegada meio preguiçosa, meio blues até (afinal, a primeira linha da música é "Wake up this morning"), eu gostei. Mais lenta, mas não necessariamente uma balada, foi o laboratório da banda no disco. Uma das experimentações que eu mais curti, dentre todas que a música teve, foi o delay nos vocais do Anthony, aprofundando essa sensação de preguiça, de arrastamento. Vale a audição também, achei um dos destaques do disco.

Dreams of a Samurai, a música que fecha o disco, é uma das mais longas da banda, com mais de 6 minutos. Confesso que me surpreendeu, tinha pinçado pedaços soltos da música e achava ela meio ruim, meio estranha. Estranha ela é, mas é uma baita música. Com um tempo completamente não linear, ela tem um instrumental bem forte, mais destacado do que Goodbye Angels. Chad toca tudo que economizou durante o disco, mostrando por que que eu critiquei tanto a atuação mediana dele nesse disco. Flea e Josh mostram um belo desempenho, a música soa quase como uma jam, também por causa da duração longa dela. É outra que merece uma versão ao vivo, e, considerando que o Anthony disse que tem vontade de tocar todo o disco ao vivo, podemos criar esperanças.


Enfim, acho que eras isso. The Getaway merece mais audições? Com certeza, tem até disco do Rush que eu penei pra digerir, tive que ouvir várias vezes. Mas assim, se as pessoas esperavam que a evolução natural do Josh seria que nem do John, que passou do Mother's Milk pro Blood Sugar Sex Magik, não foi. The Getaway tá mais pra um One Hot Minute: enquanto o I'm With You é algo meio mediano por igual, esse disco novo é mais arriscado. Quando erra, erra mais e as músicas são piores, e, quando acerta, as músicas ficam ótimas, nascem clássicas, como Goodbye Angels e Go Robot. Valeu a tentativa, e, assim como não me agradou por completo, vai ter gente que amou o disco. O que interessa é colher frutos por essa tentativa de sair do lugar comum. 

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Café com Nata #2: Epitáfio (ou Talvez o Pulso não Pulse mais)

Sérgio, Branco, Tony, Paulo, Charles, Nando, Marcelo, Arnaldo. 
Sérgio, Branco, Tony, Paulo, Charles, Nando, Marcelo.
Sérgio, Branco, Tony, Paulo, Charles, Nando.
Sérgio, Branco, Tony, Paulo, Charles.
Sérgio, Branco, Tony, Paulo.
Sérgio, Branco, Tony.

Parece até um poema concreto, algo do tipo, mas essas seis linhas representam, de forma bem simples e básica, a história dos Titãs até hoje. E, por mim, poderia ter terminado nessa quinta linha hoje, pois, de poema concreto, a história tá passando mais a um dadaísmo. Desconstrução. Destruição. 

Eu, bem como todo apreciador do trabalho dos titânicos (acredito), fui pego de surpresa com a notícia da saída de Paulo Miklos da banda. Justo o Miklos? O cara mais enérgico dos Titãs? Aquele cara que entregava performances sensacionais, dedicadas, de clássicos de 30 anos, como Bichos Escrotos e Diversão? Bem, ele mesmo. Acredito que pegou a todos de surpresa. Eu era um que achava que, a partir dessa última formação, a mais enxuta de todas (a da penúltima linha, mais o baterista, Mário Fabre), a banda não diminuiria mais, iria até o fim. Pensava que, dos oito iniciais, o que havia restado era a alma da banda.

Arnaldo, para mim, sempre se achou um pouco maior que a banda, mesmo que seja um grande compositor. Nando, talvez um pouco também, e talvez os anos, a maior maturidade tenham tornado ele mais "romântico" mesmo. Charles sempre foi o deslocado dos Titãs, apesar de fechar muito com o som da banda. Charles era o caretão, o "chato", o "foda-se". Saiu da banda porque disse que "era difícil envelhecer em uma banda de rock, e estava entrando em depressão". Logo após, formou o Panamericana, com relegados de outras gigantes do rock nacional, como Dé Palmeira, baixista do Barão Vermelho e Dado Villa-Lobos, guitarrista da Legião Urbana. Em outras palavras, Charles encheu o saco dos Titãs e quis sair. Não precisava dar o migué de envelhecer e tals, mas enfim.

Marcelo Fromer é a exceção. Marcelo era um cara muito fechado com a banda, muito brother mesmo. Se não tivesse morrido, eu tenho quase certeza que ele ainda estaria nos Titãs. E convenhamos, Marcelo na banda só teria o que acrescentar. Era um ótimo guitarrista, não tão exuberante e técnico, mas criativo. E a não-saída de Marcelo poderia ter impacto na permanência de Nando mais uns anos, enfim. Isso é papo para outra postagem. Vamos ao que interessa.

Desde 1982, quando os Titãs ainda eram Titãs do Iê-Iê e contavam não com Charles atrás do kit, mas sim André Jung, além de Ciro Pessoa nos vocais, já são 34 anos. É muito tempo. Desde 1985, ano da entrada de Charles, mais de 30 anos também. De lá pra cá, como vocês viram nas primeiras linhas da postagem, a banda não sofreu alterações na formação, apenas diminuiu de tamanho. Ok, numa banda com 8 integrantes, perder um dos TRÊS vocalistas (sem contar Nando e Sérgio, que também cantam), como foi com a saída de Arnaldo em 1992, não foi o fim do mundo. 

Já a morte de Marcelo em 2001 mexeu bastante com a estrutura da banda. Como disse, além dele ser o segundo membro a menos dos Titãs, praticamente levou junto Nando Reis, que, abalado com a morte do amigo e de Cássia Eller, amiga muito próxima, preferiu seguir seu caminho na carreira solo, saindo da banda no ano seguinte. Esses anos, de 2003 a 2009, foram bem nebulosos, digamos assim. A banda recorreu a músicos contratados, Emerson Villani e Lee Marcucci, continuou gravando discos fracos, o ritmo continuava dissonante. Se a saída de dois membros mexeu com a banda, essa mudança foi para pior. 

Até que, em 2009, os Titãs resolveram se livrar dos músicos contratados. Branco e Sérgio começaram a revezar as linhas de baixo, dependendo de quem canta a música, e Miklos assumiu a base nas seis cordas. Sacos Plásticos, do mesmo ano, foi um disco ridículo, ok, mas os shows começaram a ficar interessantes. A formação, mais enxuta, mais coesa, funcionou melhor ao vivo. Nem a saída de Charles, no início de 2010, abalou a banda. Logo após a entrada de Fabre, começou a turnê comemorativa de 25 anos do Cabeça Dinossauro, e muitas resenhas foram positivas a respeito. Pessoal realmente esperançoso que, após mais de 10 anos nebulosos, a banda poderia ter voltado nos trilhos. 

E Nheengatu só confirmou essa previsão. Pesado, visceral, com músicas curtas e diretas, foi um grande resgate de uma banda que, no final dos anos 80, foi certamente o maior expoente do rock nacional. Acho que isso, mais do que tudo, fere um pouco o fã da banda. Esperar que o pessoal abandone o barco na pior fase possível até faz sentido. Mas a banda lançar um grande material inédito, trazer uma grande turnê e, aí sim, uma das maiores referências dentro da banda sair, é triste. Com o agravante que foi o divisor de águas, em termos numéricos. 

Miklos foi a quinta saída dos Titãs. Nada contra Beto Lee, o músico contratado da vez, nem contra Mário Fabre, grande baterista (a Bruna até tem o par de baquetas do show de 2014), mas... agora eu acho que deu. Falo isso com dor no coração, Titãs é a minha banda nacional preferida. Só que dada a resistência da banda de admitir novas caras, não podemos dizer que menos da metade dos integrantes ainda é Titãs. Uma formação enxuta, com metade dos integrantes, cada um tocando um instrumento, tava show de bola. Foi uma das melhores fases. Já três integrantes é pouco. 

Esse tratamento que a banda dá a quem a acompanha na estrada é outro fator importante. Desde 1985, Titãs são aqueles oito e fim de papo. O que vier e dividir o palco com eles é agregado. E esse tipo de atitude não me agrada tanto. Esse é um dos motivos pelos quais apoio sempre o Deep Purple, contra as viúvas, mas acharia melhor o fim dos Titãs. No caso do Purple, a banda não teve NENHUM problema de dizer que Steve Morse, americano, 10 anos mais novo que os outros integrantes, É SIM um membro da banda, apesar de todo o peso de exercer a função que, outrora, foi de Ritchie Blackmore, uma das grandes lendas da guitarra, fundador do Purple. E o cara tá há 20 anos na banda, compõe, é amigo dos caras, é, de fato, parte da banda. 

Seria tão ridículo dizer que o Deep Purple, atualmente, é apenas Gillan, Paice e Glover quanto é os Stones "não terem baixista", pois Darryl Jones é apenas um músico contratado também, mesmo tendo 23 anos de casa. Além disso, o único integrante realmente FUNDADOR do Purple, atualmente, é Paice. Ou seja, os critérios seriam uns pra quem é mais antigo e outros pra quem é mais novo? Não, a banda está sendo coerente. 
Titãs de 2014: Bellotto, Branco, Sérgio e Miklos. Ao que parece, bateristas não são necessários...

Coerência que falta pros Titãs. Charles entrou lá no longínquo ano de 1985, consta como membro original. Fabre entrou em 2010. Diferente de Villani e Marcucci, ele É essencial para a banda, pois não sobrava gente para assumir as baquetas. Pois bem, Fabre já tem 6 anos de Titãs. Gravou disco de estúdio, gravou DVD de show. É tão membro quanto os outros para entrar na estética das máscaras do Nheengatu durante o show. Então por que ele não é um membro na hora de assinar um autógrafo? De constar, na formação, como um Titã? Se a banda acha que membro oficial é apenas quem tava lá desde 1985 (e é direito deles), eu, como fã, acredito que, tendo menos da metade dos membros, esse era o momento da banda optar pelo fim. Parar por cima. Não dar oportunidade de cair no ostracismo e nas críticas novamente. 

Certamente, se a banda tiver que se reunir de novo um dia, acontecerá. Seja pelos 35 anos do Cabeça Dinossauro, em 2021, pelos 40 anos de carreira, em 2022, qualquer coisa. Mas é preferível implodir agora, que está por cima, e se deixar ter a falta sentida, para poder voltar com tudo, com todos, com vontade de fazer música e de tocar junto, do que ir minguando desse jeito, morrendo aos poucos. Todos são competentíssimos. Branco gosta da área do cinema, Tony é um bom escritor, Sérgio tem uma carreira solo interessante, não sumiriam da mídia. Seria benéfico para eles experimentar a individualidade e deixar o coletivo, o titânico, para o momento adequado. 

De qualquer jeito, a obra, imortalizada, está aí, para todo fã. Não pretendo ir a um show da banda, pelo menos com essa formação. Se soubesse que o show do dia 1º, aqui em Porto Alegre, seria um dos últimos da banda com Miklos, teria ido, certamente. Mas já que a banda não vai optar por encerrar, pelo menos por enquanto, as atividades, desejo que tenham toda a força para superar esse momento e possam nos brindar com um material tão bom quanto foi Nheengatu. Juro que venho aqui me desculpar se isso acontecer. Acho que, parafraseando a banda, " não dá pra imaginar quando é cedo ou tarde demais pra dizer adeus". Nesse caso... 

VIDA LONGA AOS TITÃS!