quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Resenha #8: Rush - Roll The Bones



Mesmo que das, até agora, sete resenhas, três tenham sido do Rush, o trio canadense sempre dá pano pra manga. Tá, essa expressão foi uma bosta. O que eu quis dizer é que, o repertório desses 40 anos é vasto, diversificado e ao mesmo tempo tem um estilo característico da banda. Por isso eles são tema constante das postagens daqui. Hoje, como diz o título, vou falar sobre um ótimo álbum da banda, mas injustiçado, porque é um álbum "contido", alguns até diriam vazio. Mas que foi determinante pra uma volta do Rush ao som mais pesado, após muitas tecladeiras.

Não consigo considerar um álbum do Rush "o mais fraco". Todos tem suas peculiaridades, e não dá pra dizer que algum deles seja ruim. Já achei que o Caress Of Steel não era lá essas coisas, e que o Power Windows era chatinho. Depois de ouvir a fundo esses dois discos, percebi que na verdade, o Caress Of Steel tá mais pra um disco difícil de ser digerido, mas munido de muita qualidade, e o Power Windows, além de ser o ápice da inovação da banda nas tecladeiras, um bom disco sim. Talvez o Grace Under Pressure soe meio sem sal pois, apesar de dois grandes hits, o resto do disco não é tão empolgante. Não me julguem se mais pra frente eu mudar essa opinião também. Mas todos esses discos são papo pra outras postagens.
Talvez um Quinta Underground deles. Hoje é dia do Roll The Bones.

Lançado em 3 de Setembro de 1991, Roll The Bones traz um Rush moderno sem ser pesado. As guitarras são, obviamente, distorcidas, mas mescladas com os teclados. Algo como 50/50. Talvez 60/40. Diferente dos discos dos anos 80. Neil Peart e Geddy Lee, como sempre, formando uma cozinha fantástica. Alex focado em alguns riffs. Os vocais de Geddy, que já estavam mais contidos desde os antecessores Hold Your Fire e Presto, mantém essa linha, mais agradável, diga-se de passagem. O disco é tido como fraco, muitas vezes, por não ser ousado, como, por exemplo, foi o Counterparts, seu sucessor. Aqui a banda está cômoda, fazendo boas músicas mas nada extraordinário e inovador. Isso se reflete na duração das músicas, entre 3:50 e 5:40. E acredito que sim, eles podem se dar esse direito.
Parte de trás do CD

Roll The Bones começa os trabalhos com Dreamline, rápida e precisa. É um dos hits do disco. Percebe-se o trabalho perfeito entre guitarra e teclados, no momento que, no começo da música, a guitarra que dá o norte, e no refrão é o teclado, com aquela sucessão de três notas no início de cada volta. Neil Peart aqui faz algo meio diferente dos padrões de uma linha de bateria. No momento que Geddy canta as linhas "We're only at home when we're on the run/wing/fly", A condução continua a mesma, porém ao invés de prato de condução, bumbo e caixa, ele faz as notas da caixa no tom tom. Seguindo, temos Bravado. Uma das poucas (e belas) baladas do Rush. O maior destaque aqui é a bateria de Neil Peart. Ao todo, entre os quatro minutos e meio da música, são utilizadas pelo menos quatro levadas diferentes.

Bootleg da Roll The Bones Tour
Seguindo, mais um hit do disco. A faixa título, Roll The Bones. O que mais me chamou a atenção, quando eu era pequeno, era o clipe dela. Na hora do rapzinho, tinha um esqueleto que tirava a própria cabeça e cantava. Tipo, muito afude. Mas o aspecto musical dela é muito interessante: essa música é a cara do Rush dos 90. Ela tem uma faceta moderna, sem perder as viradas de Peart, os solos de Lifeson ou o baixo difícil do Geddy Lee. Tudo tá ali, mas numa outra abordagem. Sem falar nesse rapzinho aí.


Face Up, a quarta música, tem um andamento "pra frente". Não consigo encontrar outra maneira de descrever isso, mas é a palavra certa. A guitarra, a bateria e os vocais te dão essa impressão. Talvez seja o andamento acelerado dela. Já Where's My Thing, instrumental do disco (que perdeu o Grammy para Cliffs of Dover, do Eric Johnson), soa meio sem graça no estúdio, mas ao vivo, como pude ver no DVD da Clockwork Angels Tour, a cara dessa música ficou outra. Além de ter um solo de bateria de brinde.
Capa do single de Roll The Bones

The Big Wheel é a sexta música (e, se houve vinil pro Roll The Bones, provavelmente ela abria o lado B). Sua letra, assim como o teor das letras em geral, desse disco, fala sobre sorte (só conferir o nome da música e do disco - pra quem não tá ligado, Roll The Bones seria uma gíria que diz "role os dados". Sacou? Bones... osso, dados...). Tem um trabalho muito interessante de teclados. Apesar disso, a partir de Face Up, não temos mais hits, apenas músicas boas. Talvez essa má distribuição contribua pra fama do Roll The Bones.

Heresy, por exemplo, é uma música legalzinha, mas nada de mais. Não acrescenta nada no disco. E olha que eu já fui mais implicante com ela, de pular enquanto ouvia o CD. Não posso dizer o mesmo de Ghost Of A Chance. Entre as quatro últimas músicas, ela é um destaque. Tem um riffzinho de guitarra bem legal e uma letra interessante.

Neurotica é outra boa música. Mostra essa roupagem moderna do Rush, mas confesso que já gostei mais dela. Hoje em dia ouço de boa mas não é mais aquele entusiasmo de antes. E pra fechar o disco, You Bet Your Life, uma música que poderia ser mais curta. Tem uns jogos vocais interessantes, mas ela tem 5 minutos, quando poderia ter uns 4. No geral, um disco bom, como todos do Rush, mas com a banda bem mais focada em outra proposta, que passa longe da mesma banda que fez discos como 2112 e Hemispheres. Azar dos fãs radicais e sorte dos ecléticos. Cabe ao ouvinte se adaptar, porque isso já é moleza pro trio.

Pra quem quiser saber quanto custou o CD, só clicar aqui e ver minha postagem sobre a minha coleção
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