quarta-feira, 21 de março de 2012

Os 40 anos do Machine Head

A época entre 1967-1974 foi extremamente fértil para o rock. Nessa época, algumas bandas estavam perto de seu fim, mas fazendo discos incríveis, outras estavam tentando se consolidar na carreira e outras estavam em pleno auge.
Essa foi uma época tão privilegiada que pegou o fim dos Beatles, o começo de Queen, AC/DC, Kiss e outras mais e o absoluto auge da "santíssima trindade do hard rock", Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple, além , é claro, do Pink Floyd. Discos como Abbey Road, White Album, Queen, Queen II, Atom Heart Mother, Meddle, Dark Side Of The Moon, Black Sabbath, Paranoid, Led Zeppelin I, II, III e IV, Deep Purple In Rock, Fireball, Who Do We Think We Are e o aniversariante desse mês são boas provas disso.
Dessa "santíssima trindade", as três bandas tiveram os 4 discos irretocáveis: O Black Sabbath com o Black Sabbath, Paranoid, Master Of Reality e Vol. 4, o Led Zeppelin com seus 4 primeiros discos, e o Purple com os 4 da formação Mk. II, com Gillan nos vocais.
Eu sempre fui um fã de Deep Purple, sou suspeito pra falar, mas é uma puta banda injustiçada. Aliás, curto mais esses 4 discos que os 4 do Zeppelin. Aí a gente para pra pensar: "o Zeppelin acabou há 30 anos, o Sabbath nunca mais fez nada que preste faz 30 anos e também não faz shows a uns 15... já o Purple tá na estrada e lançou o último disco há 7 anos. Por que eles são menos lembrados?"
Falta de valorização. O Led Zeppelin tinha aquela mística toda em volta porque não se metiam em qualquer birosca pra fazer show. O Sabbath tem duas figuras consideradas lendas do Rock, como Iommi e Ozzy. Já o Deep Purple sempre teve músicos de mesmo nível e alguns até superiores, mas não é lembrado porque se você convidar eles pra tocar na festa de aniversário do seu filho, é capaz deles aceitarem.
Claro que tem um lado bom, afinal, não é todo garoto de, na época, 13 anos, que tem o privilégio de ver, praticamente na sua frente (aliás, o cara da minha frente pegou uma baqueta do Paice e uma palheta do Morse caiu do lado do meu pé, mas quando vi já era tarde :( ), uma das maiores bandas dos anos 70 e da história. Mestre Gillan, apesar de bêbado e gripado, mandou muito bem, mas ainda assim foi o mais fraco do quinteto.
Enfim, chega de falar da história do Purple, vamos falar do aniversariante de hoje, Machine Head, melhor disco da banda (que, aliás, eu tenho em vinil *-*)
Pra quem não se lembra, ele foi pivô da famosa história envolvendo a banda, Frank Zappa, o cassino de Montreux e o fiadumaputa que lançou o sinalizador. História relatada em Smoke On The Water, o maior megaclichê-que-até-o-mendigo-da-esquina-conhece (e sabe tocar na viola). Pra quem não se lembra, podem refrescar a memória aqui (vale a pena conferir).
Deu todo o rolo do cassino incendiado e blablabla, enfim. O Purple arrumou hotel pra gravar, do modo mais improvável (um em cada quarto, as vezes no corredor), e, apesar disso, até a acústica do hotel ajudou. De lá saiu, na minha opinião, o melhor disco de todos, onde a tão endeusada Smoke On The Water, na minha opinião, é a música mais fraca do disco. Além disso, desde Março de 1972, pelo menos 3 músicas do Machine Head são tocadas por show.
O disco começa, assim como os shows até pouco tempo atrás, com aquelas conhecidas batidas ritmadas exclusivamente na caixa, teclado e baixo poderosos e aquele grito extremamente histérico, mas foda, de Gillan (pra mim, mais vocalista que Plant). Highway Star, um petardo de 6 minutos onde as estrofes são a parte menos importante, tamanha a complexidade da parte instrumental e a quantidade de solos megaputaqueparivelemente foda feitos por Mr. Blackmore e Sir Jon Lord. Depois dessa abertura animal, vem a música com mais feeling do disco: Maybe I'm A Leo, com um riff muito maneiro, um instrumental bem arranjado, mas onde se destaca mesmo a bateria do mestre Ian Paice, cheia de contratempos e firulas. Depois disso, vem uma música bastante tocada nos shows, mas que é ofuscada pelos outros clássicos: Pictures Of Home. Pra variar Blackmore comandando o espetáculo com mais um de seus 7 riffs do disco (isso que era foda no Purple, Blackmore era o mestre do riff), mas dando espaço também para Roger Glover brilhar com um belo solo de baixo. Não chega a ser chata pela duração, mas nota-se que eles meio que "fizeram render" a música, pois a letra acaba ainda antes dos 3 minutos. Pra fechar o lado A, uma música legal, mas a mais fraquinha do disco (concorrência desleal também...) : Never Before, segundo a banda "a melodia mais comercial que conseguimos pensar".
Iniciando o lado B, Smoke On The Water. Dispensa apresentações. Depois dela, vem, na minha opinião, a melhor música do disco, um jazz de 7 minutos e meio, cheio de peso, solos, muita técnica e feeling. Ah, e algum vocal também. Claro que eu estou falando de Lazy, classicaço da banda.
E pra fechar essa série maravilhosa, Space Truckin' um som muito fodão, onde Gillan e Paice são as principais atenções. Enfim, disco de cabeceira, pra ouvir inteiro (e olha que a bela balada When A Blind Man Cries não entrou na versão final - bichices do Blackmore). Nota 10. Parabéns a esse clássico do Rock.


Versão Remaster 1997


Nenhum comentário:

Postar um comentário