The Miracle, o penúltimo lançamento do Queen com Freddie Mercury em vida, e o antepenúltimo da banda, pura, limpa e sem misturas. O disco que retomou o respeito que a banda tinha (e que foi perdido após o Flash Gordon OST, Hot Space - embora eu não critique tanto esse disco, como podem ver aqui - e talvez possamos incluir The Works aqui. Mas por que o Miracle tem essa importância toda? Bom, vejamos a situação geral.
1986 foi o último ano que os fãs sortudos puderam ver o Queen ao vivo. A banda lançou o mediano A Kind Of Magic (sempre de cabeça nos sintetizadores e bateria eletrônica, como foi a tônica dos 80), e caiu na estrada. A Magic Tour foi a turnê mais "ostentação" do Queen. Uma porrada de equipamento, um palco gigante, só shows em estádios. 26 shows. De longe, não foram os melhores da carreira do Queen. Wembley, por exemplo, foi emblemático, mas Freddie, infelizmente, "matou" muitos agudos, cantando oitavas abaixo para sua cansada voz aguentar. A banda dava sinais de que deveria diminuir o ritmo, fazer os shows com maiores intervalos de tempo. Em vez disso, preferiram parar de vez.
Essa decisão fez com que todos duvidassem do futuro da banda, ainda mais depois dos boatos que já rolavam e que Freddie desmentia nos próprios shows. Somamos a isso as tragédias na vida de Brian May, Roger Taylor formando o The Cross, que tocou junto enquanto o Queen tirou essas "férias" e o diagnóstico de Freddie em 1987. Isso tudo teve uma influência muito grande no som do Queen nos anos posteriores, afinal, obviamente, a banda ia conseguir carta branca no estúdio de novo. Sem obrigações, sem turnês. Só ter a oportunidade de se manterem unidos e fazer música até Freddie partir. Mas chega de enrolação, vamos ao disco.
The Miracle começa com Party. Talvez a música mais fraca do disco, mas não porque ela é ruim. O disco em geral é muito bom, inclusive as músicas injustiçadas. Party tem um trabalho bem interessante de backing vocals. Freddie (e a banda) cantam aqui sobre uma puta festa que tava rolando. Sexo, guerra de comida e... é isso aí. Ao longo dos seus curtos dois minutos e vinte segundos de duração, May faz algumas poucas, mas precisas intervenções, e Deacon manda bem no baixo. E, quando parece que a tal festa vai acabar...
"Who said that my party was all over?" pergunta Freddie, emendando logo na segunda música, Khashoggi's Ship. Sonzaço. Primeira música mais pesada do disco, conta com um belo riff de Brian e a precisa batida de Roger. Na versão do Deep Cuts, adaptaram o início, colocando 4 voltas de bateria sozinha na introdução. No final, a música, que já era pesada, ganha velocidade, terminando de forma sensacional.
Após esse belo início, vem a sequência de clássicos do disco. Primeiro a faixa título, com sua esperançosa letra e instrumental matador. Como se não bastasse, a banda ainda adicionou duas seções distintas no final. O clipe dela é um dos melhores do Queen. Se bem que a maioria dos clipes do The Miracle estão bem afiados. Seguindo no disco, I Want It All. O grande clássico do disco. Uma das melhores e mais geniais músicas do Queen. Um riff fodástico de Brian, vocal sujo de Mercury e, no meio, muita velocidade, com May fritando como nunca. Uma curiosidade é que a única música na história do Queen que Roger usa pedal duplo no bumbo é essa.
Fechando o Lado A, The Invisible Man. Também é tida como uma das mais fracas do disco, mas eu discordo. Essa música tem um groove incrível. O baixo de Deacon está demais, o solo de May melhor ainda. Aliás, mais um solo muito rápido, pra quem acha que o Brian não era foda. Originalmente, o nome do disco era pra ser The Invisible Man mas, segundo Roger Taylor, três semanas antes do lançamento, mudaram pra The Miracle.
Abrindo o Lado B, Breakthru. Ainda que o baixo seja em sua maioria sintetizador, Deacon também tem seus momentos aqui. Apesar disso, quem brilha aqui é Mercury e May. Mais uma performance inspirada. O clipe dessa música também é muito legal. Interessante ressaltar que a introdução de Breakthru, feita com muito backing vocal, era outra música, A New Life Is Born. Se conhece mais ou menos um minuto e meio dessa demo.
Logo após, uma desconhecida, pra acalmar o coração. Rain Must Fall, uma música meio... estranha. A letra não é das mais inspiradas, a bateria eletrônica é quadrada demais.O baixo, porém é pulsante. Certamente colocaria uma das músicas que ficou de fora no disco, no lugar. Seguindo, Scandal. Outra ótima performance de Freddie e de Roger também. A banda soube explorar muito bem a equalização, sendo que boa parte do som da bateria é seu eco.
My Baby Does Me é a penúltima música do disco. É meio... muito estranha. Mas ela tem um feeling demais também. O baixo, os solinhos de Brian, a precisão entre guitarra e baixo. Só ouvindo pra entender. Aliás, falando em ouvindo pra entender...
Was It All Worth It. Sou suspeito pra falar, mas é uma música completa, é a melhor do disco, sem sombra de dúvidas. Começa de leve, e entra a porrada logo depois. No meio, uma seção de "bizarrices", quase música orquestrada, bom, sem palavras. Os fãs da banda me desculpem a ousadia... não, foda-se, sou muito fã deles também, posso falar tranquilamente. É a Bohemian Rhapsody da banda nos anos 80, guardadas as proporções, claro. Pra fechar o disco e, como era a probabilidade à época, a carreira do Queen com chave de ouro. Isso porque, se analisarmos sua letra, ela já tem um tom de despedida. Nada tão triste como The Show Must Go On, mas impactante também. Isso tudo porque a previsão era que Freddie não passaria do Natal de 1989. Incrivelmente, ele viveu até Novembro de 1991. E sim, Freddie, valeu a pena. Não tenha dúvidas disso.
Faltou citar Han On In There que tbm eh uma otima musica
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