terça-feira, 10 de setembro de 2013

Os 45 anos do Shades Of Deep Purple e os 20 do The Battle Rages On (2ª Parte)

Demorou, mas saiu. Como fazia tempo que eu não ouvia o Battle, pra fazer essa segunda parte eu preferi ouvir ele antes, pra tirar as minhas impressões.

Lançado em Julho de 1993, há pouco mais de um mês, o The Battle Rages On completou 20 anos. E, apesar de não ter o mesmo impacto do disco de estreia, que lançou o Deep Purple no mundo da música há 45 anos atrás, também é um disco histórico, assim como o Come Hell Or High Water, registrado na turnê do mesmo, por se tratarem dos últimos registros (de estúdio e oficial ao vivo, respectivamente) do Deep Purple com Ritchie Blackmore.

Pesado, tanto no instrumental como nas letras, o disco tem seus momentos. Não é nada comparável à MK II do Purple na década de 70, que gravou clássicos como Fireball, In Rock e Machine Head, e até mesmo a reunião dessa formação, que gravou Perfect Strangers. Pra dizer a verdade, dos discos com Gillan e Blackmore juntos, só não é mais fraco que o pseudo-new-wave-que-deu-errado The House Of Blue Light. Ainda assim, tem grandes músicas.

A faixa título, que abre o disco, foi tocada até um ou dois anos atrás, nos shows do Purple. Eu vi ela ao vivo em 2009, e os velhos ainda mandam tri bem nela. Ela tem uma abordagem diferente do Deep Purple clássico com o Blackmore, mesmo a banda estando com ele no disco. Ficou meio confuso, mas posso esclarecer. Por parte do Gillan, essa música já soa mais como o Deep Purple com o Morse, parece uma música do Purpendicular, só que mais pesada. Os vocais lembram bastante. Lick It Up, segunda música do disco (não, não é aquela farofa do Kiss que tem o mesmo nome xD) tem um riff mais funkeado na guitarra, coisa que o Blackmore aprendeu com o tempo. Apesar da letra falar de mulher e esse tipo de coisa, é algo um pouco mais intelectual, tem umas metáforas e tal. Boa música, mas nada demais.

Anya tem um começo interessantíssimo. Nela, Blackmore acaba mostrando o que viria a fazer posteriormente, com o Blackmore's Night, a introdução tem muito dessa mistura que é o grupo novo dele e da patroa Candice Night, uma espécie de folk/erudito/celta, mas com o peso do Deep Purple, o que é um puta diferencial. Sem dúvida é um destaque do disco, ótima música, saindo da mesmice. Talk About Love é a quarta música. Também é uma boa música, tem um interessante começo, intrincado e com uma bateria nada linear, depois cai no padrão do disco.

Com um andamento e uma progressão que lembram as músicas do Kiss, Time To Kill é uma boa música, mas nada demais. O principal problema do Battle é a duração das músicas. Umas musiquinhas mais ou menos tem uns 5 minutos e meio, 6 minutos, quando deveriam ter, no máximo, uns 4 e meio. Mas ela tem um refrão cativante, só que ele fica INCRIVELMENTE CHATO nos últimos 2 minutos, onde ele repete umas 2385298347593489689034 vezes.

O último grande destaque do disco é Ramshackle Man. Ela ainda tem um pouco do Deep Purple mais clássico, lembra o material do Perfect Strangers. Ela tem o balanço, o feeling, e nela ninguém tá apagado, como o Glover aparece no resto das músicas. Impressionante como o Glover se acomodou nas palhas, ele nunca foi um virtuose nem nada (até porque é algo difícil numa banda como o Purple), mas ele sempre fez umas linhas legais. Aqui ele tá parecendo o baixista do AC/DC (com todo o respeito, mas o Cliff Williams é um bosta).

Depois de Ramshackle Man, vem uma sequência de quatro musiquinhas bem meia bomba, com muito boa vontade, boas. A Twist In The Tale lembra mais algo do fraco Slaves And Masters, esquecível. Nasty Piece Of Work não é bem o sinônimo do título. Longe de ser uma bela peça, é no máximo uma boa peça, com o andamento cadenciado e mais uma boa linha de Glover, rara nesse disco.

O encerramento do disco tem Solitaire e One Man's Meat. A primeira lembra um pouco Vincent Price, presente no último lançamento, Now What?!. Meio sinistra, com duas vozes de Gillan. Ainda assim, é no máximo uma boa música. A segunda, é um peso que lembra mais o Rainbow. Boa música, a melhor das últimas quatro.

No overall, The Battle Rages On seria um ótimo disco do Rainbow, por exemplo, mas não é digno pra um último registro do Purple com o Blackmore. Parece que foi feito nas coxas, visando mais as individualidades do que o geral. O resultado são músicas cheias de solos extras, desnecessários, nos finais das músicas, o que as levam a ter uma duração maçante. Fora isso, como eu disse, o disco tem seus momentos, tem até alguns clássicos. Por sorte, a (infelizmente) saturada MK II e sua batalha de egos deu lugar à MK VII, com Steve Morse, que seu sangue novo à banda, fazendo o melhor disco desde o Perfect Strangers: o Purpendicular.

Ainda assim, o Battle é histórico e vai ficar marcado pra sempre como o último registro com o Blackmore. Só por isso, já merece estar aqui. Leva nota 6,5.



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