quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Quinta Underground #17: Red Hot Chili Peppers (1ª Parte)

Pra quem leu o título da postagem e pensou "Red Hot? Mas é a banda mais modinha que tem, como assim underground?", calma na alma, que a partir de hoje vamos descobrir muita coisa boa que vai além daquele grupo limitado de músicas, como Californication, Under The Bridge, Give It Away, Otherside, Dani California, Scar Tissue, Can't Stop, By The Way e por aí vai.

Pra quem não sabe, o Red Hot já transitou por muitos, mas MUITOS estilos. E até 1989 era uma banda relativamente pequena. E até 1988 não tinha John Frusciante nem Chad Smith. E que o Frusça não é membro fundador. E que a banda já teve Dave Navarro(sca) nas seis cordas. Enfim, tem muito do RHCP que as pessoas não conhecem. Pretendo mostrar isso aqui, quanto à questão musical. A parte da história deles fica pra outra postagem.

Mas pra começar, uma abordagem básica. O Red Hot Chili Peppers começou em 1983, nas mãos de Anthony Kiedis, Flea, Jack Irons e Hillel Slovak. A banda fez seu primeiro show no Rhythm Lounge, em Hollywood, 13 de Janeiro de 1983. Nesse show eles apresentaram Out In L.A., que estaria, posteriormente, no disco de estreia. Em 1983 a banda seguiu fazendo apenas shows, e apenas em 1984 que a banda teve a oportunidade de gravar seu debut.

Baby Appeal, Out In L.A. e Green Heaven (1984 - The Red Hot Chili Peppers)

O disco não contou com a presença de Slovak e Irons, que tinham compromisso com o What Is This?, banda que julgavam ser principal. Para o lugar deles, entraram Jack Sherman e Cliff Martinez. Apesar dos dois serem bons músicos, o feeling não é o mesmo, além da qualidade da gravação e a péssima produção de Andy Gill não ajudarem em nada. O disco saiu sem graça, sem vida. Mesmo assim, há nele boas músicas que foram esquecidas (pra dizer a verdade, nenhuma é realmente lembrada pelo ouvinte casual do RHCP, mas True Men Don't Kill Coyotes e Get Up And Jump foram singles, por isso não entram aqui).


Baby Appeal - Apesar dela e Why Don't You Love Me?, único cover do disco, serem bem parecidas no instrumental, é uma ótima música. Com uma produção mais polida seria, talvez, mais bem recebida pela crítica, assim como o resto do disco.

Out In L.A. - Como dito antes, primeira música composta pelo RHCP, um poema de Kiedis sobre Los Angeles. Essa música é muito boa, tem uma linha de baixo e bateria que são interessantíssimas. Ela é uma das mais lembradas desse disco de estreia, pois abriu shows do RHCP até 1992.

Green Heaven - O que temos de mais pesado no disco. Também é uma ótima música.

Um bônus: Grand Pappy Du Plenty. Música pra viajar, é um instrumental que fecha o disco. Em 1994/1995 o RHCP tocou um trecho dela algumas vezes, pra abrir o show.

Jungle Man, American Ghost Dance, The Brothers Cup e Yertle The Turtle (1985 - Freaky Styley)

O disco mais black do Red Hot Chili Peppers. Também... teve como produtor o grande George Clinton (Parliament, Funkadelic, P-Funk da melhor qualidade, ouçam que vale a pena), só podia dar nisso. Bem melhor produzido e gravado que o anterior, mostra uma grande evolução, um amadurecimento musical da banda. O som não é tão nonsense, é algo mais acessível. Talvez a volta de Slovak pra esse disco tenha sido a diferença.





Jungle Man - Faixa de abertura do disco, teve direito a clipe. Tem um refrão pegajoso, apesar do estilo meio difícil de ser digerido na primeira audição.

American Ghost Dance - Até teve uma palhinha na turnê do I'm With You, mas a última vez que foi tocada por inteiro foi em 1989. Bem suingada, é um dos destaques do disco. Tem um vídeo do processo de gravação dela que é bem divertido. Podem ver ele clicando aqui.

The Brothers Cup - Séria candidata a melhor música dos Peppers. Essa música tem a total influência do Clinton: metais, linha de baixo completamente funky, guitarra é apenas um filler, a la James Brown, etc. Infelizmente ela parou no tempo, desde 1986, na turnê do próprio Freaky Styley, ela não é mais tocada.

Yertle The Turtle - Outra música muito funkeada. Foi tocada na turnê do Californication, na Yertle Trilogy, que ainda incluía a faixa título do disco. A linha de bateria de Martinez é bem interessante nessa música. Infelizmente ao vivo na turnê do califa ela perdia bastante a graça, por causa da falta dos metais.

Fight Like A Brave, Behind The Sun, Funky Crime e Special Secret Song Inside (1987 - The Uplift Mofo Party Plan)

Até o momento, era o disco de mais sucesso dos Peppers, inclusive entrou no Top 200 da Billboard. Único disco de estúdio com a formação original (Irons voltou pra banda), e último de Hillel, que viria a falecer em 1988, vítima de uma overdose de heroína. Não vou negar que é o disco mais cansativo deles, junto com o debut. O tempo todo é paulada, guitarra distorcida e o escambau. Mas as melhores músicas dessa fase vieram daqui. Fora Me And My Friends, tocada até hoje pela banda, não tem nada que seja muito conhecido.



Fight Like A Brave - Uma verdadeira porrada, pra começar o disco. De cara, Anthony canta sobre seus problemas, na época que lutava contra a heroína e, por conta dela, acabou expulso da banda por uns meses em 1986. O solo de Hillel aqui não é nada virtuoso, rápido e etc, mas tem atitude, e isso também é importante.

Behind The Sun - Único momento mais leve do disco. Uma coisa meio surf/indiana. Vale a pena ouvir, é algo muito feliz. Aqui Hillel mostra bem sua técnica e o porquê de ser considerado a alma dos peppers nessa primeira fase. Ela foi a única música do disco que nunca foi tocada por inteiro ao vivo.

Funky Crime - Como o próprio nome diz, é algo bem funky. Mas pesado ao mesmo tempo. Foi tocada pela última vez em 1998, na turnê de volta do John Frusciante pra banda. É uma ótima música.

Special Song Secret Inside - Esse é apenas o nome adaptado dela. Pra quem não conhece, essa é a famosa PARTY ON YOUR PUSSY. Anthony brinca de ser tarado nessa letra, onde ele fala sobre fazer uma festa na pepeca das cocotas. Nada além do Red Hot das antigas. Além disso, o instrumental dela é furioso, destaque para Hillel, com um belo riff no meio da música.

Bom, acho que era isso. Semana que vem tem os discos com o Frusciante na primeira passagem pela banda e o polêmico One Hot Minute, gravado com Navarro.

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