Hot Rats é o segundo álbum solo de Frank Zappa (os anteriores todos foram lançados sob o nome de sua banda, The Mothers of Invention, e seu primeiro álbum solo é Lumpy Gravy, de 1967), gravado em uma mesa de 16 canais (tecnologia revolucionária para a época), entre 18 de julho e 30 de agosto de 1969, em três estúdios diferentes: o TTG e o Sunset, ambos de Los Angeles, e o Whitney, de Glendale. Foi lançado em 10 de outubro de 1969 e dedicado a Dweezil Zappa, seu primeiro filho (homem, porque Moon Zappa, mais velha da prole de Frank, nasceu em 1967).
Hot Rats não é para quem é iniciante na música do Zappa. Uma inadvertida primeira audição pode ser traumática, a pessoa pode pensar que é música pra louco - não que não seja, de certa forma. Como eu sou meio louco, já saí ouvindo ele de cara, por meio do coluna MTV (única vez na vida que a MTV fez algo que preste pra minha vida). Quem nunca ouviu Frank Zappa na vida, sugiro músicas mais palatáveis de início, como Watermelon in Easter Hay, San Ber'dino e Bobby Brown. Depois, o Hot Rats é sim uma boa pedida, pois é um dos discos mais consistentes da carreira de Frank. Extremamente calcado no jazz, Hot Rats é composto de muitos solos, músicas instrumentais (é, basicamente, um disco instrumental, fora um trecho de dois minutos em Willie the Pimp, que conta com vocais de Capitain Beefhart) e longos improvisos. Considerando que as bases foram gravadas em três dias, o resultado não poderia ser melhor. Como o próprio Zappa definiria Hot Rats, é "música para os ouvidos".
Começamos nossa aventura por Peaches en Regalia. Talvez o maior clássico de Zappa. Seu "cartão de visitas". Realmente, se tem uma música que define o que é Frank Zappa, é ela. Estava vendo a versão que Dweezil, sem dúvidas o filho mais fiel de Frank, fez no Zappa Plays Zappa, e é inacreditável. Bem que os instrumentos soam meio indefinidos, os solos nunca são de um instrumento só. É xilofone com guitarra, teclado com xilofone, teclado com guitarra, sax com xilofone e guitarra, enfim. Inúmeras misturas, que geram um clássico incontestável.

Son of Mr. Green Genes fecha o lado A. Tem uma estrutura similar à Willie the Pimp. Fora o fato de não ter vocal, tem duas "estrofes de riff" e depois segue por um longo solo de 7 a 8 minutos, até repetir o riff do início e finalizar. Apesar disso, não é tão roqueira quanto a anterior, algo um pouco mais, digamos, marcial. Também é um dos destaques do disco, que começa a decair um pouco a partir daqui. Apesar disso, de maneira alguma ele fica ruim.
Little Umbrellas abre o lado B. Outra música curta, a exemplo de Peaches en Regalia. É legal, tem um baixo bem marcado e um solo de sax que é sensacional. Falando em sax, The Gumbo Variations, música seguinte, é a grande megalomania do disco. Com seus quase 17 minutos, ela tem de tudo. Nos primeiros 7, é o sax que domina, com MUITO improviso. A partir dos 7:30, entra a guitarra e dá uma equilibrada. Como podem perceber, ela tem de tudo mesmo, solo de sax, guitarra, baixo e bateria, que ficam sozinhos no final, "duelando". Só o final dela consome uns 2 minutos. Enfim, só ouvindo pra entender. Mas alerto vocês, vai ser uma das mais difíceis de digerir. E, sinceramente, por mim o disco terminaria em The Gumbo Variations. Não gosto de It Must Be A Camel, só estou citando-a aqui para não fazer uma desfeita ao disco. Ela tem um solinho de bateria, de marcante, e... só. Não chama a atenção por mais nada, sendo, disparadamente, a mais fraca do disco. Dispensável, eu diria.
Bom, galera, eras isso. Deixem o tio Zappa entrar em vossos corações, não vão se arrepender. São 45 minutos bem gastos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário