Bom, como todos sabem o Rush é uma das bandas mais fodas que ainda estão ativas. Massacrados pela crítica no começo da carreira, provaram seu valor por meio do seu público. Ainda assim, o Rush não é uma das bandas mais fáceis de assimilar o som. Discos como Caress Of Steel ou até mesmo o 2112 (cujo muitos "fãs" de Rush sequer ouviram as outras músicas, só escutaram mesmo a suíte progressiva) são discos densos, cheios de mudanças de tempo e acordes "esquisitos". Apesar disso, valem uma ouvida, ainda vou trazer eles aqui pro blog, provavelmente no Quinta Underground.
Quanto às fases do Rush, eu prefiro a trilogia entre o hard e a tecladeira (Permanent Waves, Moving Pictures e Signals), e a trilogia dos anos 90 (Roll The Bones, Counterparts e Test For Echo). Apesar disso, discos como Hemispheres, A Farewell To Kings, o de estreia, o Fly By Night, são simplesmente INDISPENSÁVEIS.
Outro desses é o Snakes & Arrows. Lançado em 2007, traz uma sonoridade moderna mesclada com o "quê" progressivo do Rush, além de peso, não tanto quanto o Vapor Trails, visto que o S&A tem arranjos acústicos belíssimos. Produzido por Nick Raskulinecz, o disco tem uma temática mais relacionada à espiritualidade, e um belo trabalho de capa e encarte. Quanto ao disco, segue a temática do Rush depois da parada: músicas não muito compridas, bem elaboradas, sem tantos teclados, mais curtas, e sem muitos solos de guitarra de Alex Lifeson.
Far Cry é a música de abertura e lead single do disco. É a única remanescente do Snakes & Arrows no setlist atual do Rush. Sonzasso, bem pesada, com um começo intrincado e cheio de trocas de tempo, e um solinho de bateria matador no final, sugestão de Nick e cortesia do mestre Neil Peart. Perfeita pra começar o disco. Seguindo, temos Armor and Sword, apenas o primeiro destaque acústico do disco, temos muitos outros. Como já disse, são muitos os momentos de inspiração do Lifeson nesse disco, na parte acústica. Além disso, o primeiro verso leva o nome do disco (The snakes and arrows is a child to heir to). Não é impactante como Far Cry (principalmente por ser muito longa, não era música pra ter 6 minutos e meio), mas é uma bela música ainda assim.
Uma das imagens do encarte do CD |
Working Them Angels é a terceira do disco. Outro single, tem um arranjo pesadíssimo no refrão, me lembra bastante algo do Test For Echo. Foi tocada até 2010, e é outro destaque do disco. Além disso, tem um solo bem interessante de bouzouki, um instrumento grego. Já The Larger Bowl, mais um single, tem como destaque sua letra. É uma boa música como Armor and Sword, mas se destaca mais por sua menor duração e o fato de ter sido single. Em seguida temos Spindrift, música pesada, que lembra bastante algo do Vapor Trails, pelo andamento e pelo tema mais sinistro no instrumental. Não dava muito por músicas por ela, mas me surpeenderam.
Primeiro dos três instrumentais do disco, The Main Monkey Business é uma música EXTREMAMENTE complexa. Cheia de trocas de tempo e seções diferentes, tem um belíssimo arranjo. Infelizmente peca por ser longa demais, e puramente por repetição de algumas dessas seções. Vacilo da banda, mas ainda assim vale a pena ouvir. The Way The Wind Blows, que é a sétima música do disco, é mais longa que a anterior, mas é a única das que tem mais de seis minutos que não comete esse erro. Perfeita do início ao fim, outro destaque do disco, mas não fez tanto sucesso, pois não foi lançada em single.
Capa alternativa |
Seguinte temos Hope, que soa mais como uma vinheta. Até o lançamento do Clockwork Angels (que conta com BU2B2, que tem um minuto e meio), era a música mais curta do Rush, com apenas 2 minutos. Curta, é apenas um instrumental de Alex Lifeson com o violão de 12 cordas, se não me engano. Belíssimo. Uma curiosidade interessante é que no encarte fala "Music and lyrics performed by Rush. Hope performed by Lerxst Lifeson.", e A Lerxst In Wonderland é uma das passagens da clássica La Villa Strangiato.
O final do disco tem menos destaque, mas de maneira nenhuma é ruim. Faithless estreou apenas na turnê seguinte, a Time Machine Tour, mas é uma ótima música. A música seguinte é Bravest Face. Uma das três únicas que injustamente não receberam uma versão ao vivo, tem um belíssimo arranjo acústico e um toque mais blues perto do final. Good News First também não foi tocada em nenhum show da banda, não acho que ela tem tanta qualidade como Bravest Face, mas vale uma ouvida.
Contracapa |
Depois dela, temos o último instrumental, Malignant Narcissism. Era a segunda mais curta da banda, tem pouco mais de 2 minutos. É bem difícil de tocar também, pois é muito intrincada. Interessante ressaltar que foi gravada por Peart em uma bateria básica, como as que os pretensos bateristas tem em casa: bumbo, caixa, dois tons, surdo e (acho) três pratos. Reparem bem nos duelinhos entre guitarra, baixo e bateria, por volta de 1:40. Não lembra YYZ? E para fechar o disco, temos We Hold On. É a terceira música deixada de fora dos shows. Boa música, acredito que o "violão" da música, na verdade, é um efeito que o Lifeson usa na guitarra pra emular o som do violão, assim como em Bravest Face. Comparem o violão de Armor and Sword, The Way The Wind Blows e Hope com o violão presente nessas outras duas. Enquanto as três primeiras dá pra sentir mais o som do violão, os dedilhados e as trocas de casa, as outras duas o "violão" parece não ter vida, todas as notas saem com o mesmo volume. Mas isso não é importante, é uma boa música também, mas não sei se tem o impacto pra um fechamento do disco.
Enfim, Snakes & Arrows não é o melhor disco do Rush, e não é comparável a nenhum outro, pois os discos do Rush geralmente são diferentes entre si. O negócio é colocar pra tocar e ouvir de boa. Fora alguns vacilos da banda, como a duração de algumas músicas, é um discaço. Dou um 8,5 pra ele.
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