quarta-feira, 8 de abril de 2015

On the Charts #21: Os 40 anos do Straight Shooter

Ontem foi dia de Free, hoje temos Bad Company no menu. Isso é ótimo, de vez em quando é mais do que necessário dar uma arejada e trazer bandas menos lembradas por aqui. Ainda assim, me vejo numa situação um tanto quanto inusitada e, por isso, acredito que a postagem vai ser mais curta do que o usual, além de, digamos, bem imparcial e sincera. 

O motivo? Bem, não sou um fã de Bad Company. Logicamente conheço o trabalho da trupe de Paul Rodgers e companhia, mas, a exemplo do Free, não conheço nada além dos sucessos. Pensando por outro lado, essa é a mágica do Nata. Lembram que, lá no começo, em 2011, eu falava sobre trazer algumas novidades pra playlist dos leitores? No caso, eu mesmo estou fazendo isso agora. Sendo assim, vamos lá. Play na bolacha. 

Straight Shooter é o segundo disco de estúdio do Bad Company, lançado em abril de 1975. Algumas páginas falam em 12 de abril. Como eu não levo muita fé nessas datas (e o dia de hoje não tinha nenhuma postagem planejada), o aniversário ficou pra ser comemorado hoje mesmo. Ao estilo do disco de estreia, o que temos aqui é um hard com belas pitadas de blues, o mesmo estilo que já se acompanhava no Free. 

Começamos com Good Lovin Gone Bad, uma chamada na bateria e o riff, roqueiro e seco, como deve ser. Rodgers canta um pouco mais agudo do que o usual aqui, às vezes até forçando um pouco, me lembrando o que Coverdale fazia nas músicas do Deep Purple, principalmente no Burn. Destaque também para o solo, com bastante feeling. Agora, se tem algo que não me agrada tanto no Free quanto no Bad Company é o estilo de Simon Kirke atrás do kit. Não sei se é uma exigência maior por eu também ser baterista, mas eu sinto que o estilo dele é bem inseguro, de não arriscar nada mais complexo por medo de errar. Mas mesmo assim, Kirke dá pro gasto. 

Após esse belo começo, temos Feel Like Making Love, um dos grandes sucessos, senão O grande sucesso do disco. É, sem dúvidas uma power ballad, com seus momentos de luz e sombra. Nas partes acústicas, lembra quase um country, pelo backing vocal e o estilo do violão, e nos refrões ela desemboca em mais um hardzão característico do Bad Company. O solo, com uns trabalhos interessantes de delay, vem só no final da música, junto com o refrão. Mas, com certeza, vale a pena esperar.

Seguindo, temos Weep No More. Ela começa bem diferente, com um estilo que lembra muito o que o Deep Purple gostava de fazer, misturando clássica com rock e tal... até que Rodgers entra e a música vira um belo blues, com direito à piano. Essas seções com esse "clássico" aparecem mais vezes durante a música. Resumindo, é um bom som, mas comum, não é dos maiores destaques do disco. 

Shooting Star, música que fecha o lado A, é justamente o contrário de sua anterior. Seguindo esse estilo de power ballad, com a estrofe acústica e o refrão pesado, é um dos maiores sucessos do Bad Company, além de ser uma das músicas mais tocadas pela banda ao vivo. Um dos destaques aqui é a letra, que conta a história de John, que, tocado pelo poder do rock'n roll, resolve comprar sua guitarra, sair de casa e fazer sucesso por aí. Apesar de ser um tema relativamente batido hoje em dia, Rodgers confere uma emoção ímpar à música. Junto a isso, temos um belo solo, tão ou até mais emocionante quanto às estrofes e tá feita a receita de um sucesso. Essa fórmula lembra grandes músicas de outras bandas, como Simple Man, do Lynyrd Skynyrd, ou Old Man, do ZZ Top. Ouçam e tirem suas próprias conclusões. 

E, se o lado A estava nessa de power ballads, blues rock, o lado B, diferentemente, começa bem barulhento. Deal With the Preacher nos traz mais um belo riff, que joga muito bem com as pausas. Me lembra bastante um filho do AC/DC com o Neil Young. AC/DC porque eles são mestres em adicionar pausas nos riffs. Neil Young (Cinnamon Girl, para ser mais exato) porque ele gosta bastante de progressões 
com notas nos riffs dele, em vez de acordes. Mas não só do riff é feito esse som. O refrão é bem maneiro também, com Kirke finalmente se soltando um pouco e fazendo uma batida um pouco mais intrincada, seguindo o que Mick Ralphs faz em sua guitarra. No final, uma receita já aplicada por aqui antes: Rodgers canta, rola solo, tudo ao mesmo tempo, o clímax da música. 

Seguindo na tracklist, temos Wild Fire Woman. Sem deixar a distorção de lado, temos um som mais suingado, mais cool. Tão cool e maneiro que o solo foi feito com slide. Aliás, bom solo. Sobre os outros instrumentos, destaque merecido pra Boz Burrell, baixista da banda, que desde que começou o disco vem fazendo belas linhas, mostrando desenvoltura e habilidade, mas foi solenemente ignorado por mim. O grande problema dessa música é a sua duração. Acredito que uns 30 segundos a menos seriam bem benéficos pra ela. 

Anna, penúltima música do disco, dá uma quebrada no rockzão. Temos mais uma balada aqui, e das boas. Temos um piano com um tremolo dando o ar da graça, Rodgers mandando bem nos vocais, como de costume, e a banda acompanhando com maestria, fazendo intervenções que não soam deslocadas. O grande problema é que, como o disco todo é de um nível semelhante, ela cai no mesmo caso de Weep No More. Boa música, pero no mucho, por causa dos outros sucessos, que ofuscam um pouco as mais comuns. 

Call on Me fecha o disco. Junto com Shooting Star, é a música mais longa do disco, passando dos 6 minutos. Dá pra dizer que ela é uma mistura das últimas músicas. Tem um andamento mais roqueiro, mas é suingada nos instrumentos de cordas e tem um toque de balada, por causa do piano e da voz de Rodgers. Uma coisa bem interessante que eu reparei nessa última música é o jogo de esquerda e direita que eles fazem no som. Mais uma vez temos um caso de uma boa música que talvez não precisasse ser tão longa. Se bem que o solo no final é muito bom. 
 

Bem, por hoje era isso. Straight Shooter confirma as minhas expectativas à respeito do Bad Company. É uma banda com bons músicos que tem momentos de grande inspiração e produz clássicos absolutos. Porém, na maior parte do tempo, as composições são razoáveis, boas, gostosas de ouvir e tal, mas nada que te dê aquele arrepio. E isso pesa no final do disco, pois acaba soando meio repetitivo. Ainda assim, Straight Shooter vale a audição e merece seu lugar aqui. 

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