domingo, 2 de dezembro de 2012

15 anos sem Michael Hutchence

Novembro é um mês bem maldito. Além de Freddie Mercury e Eric Carr (que eu postei semana passada), ainda temos o lendário George Harrison e Michael Hutchence como mortes importantes do rock. Apesar da importância de George pro mundo da música, a morte que completou 15 anos no último dia 22 foi a de Hutchence, então é pra ele essa postagem.

Nascido em 22 de Janeiro de 1960, em Sydney, Michael Kelland John Hutchence sempre se mostrou um garoto talentoso. Enquanto a família morou em Hong Kong, a negócios, Michael se mostrou um ótimo nadador, porém teve uma séria fratura em seu braço, o que o afastou das piscinas. Depois disso, se interessou pela poesia e cantou sua primeira música em um comercial de uma loja de brinquedos local.
Em 1972, Michael e sua família voltaram para Sydney. Nessa época, quando entrou na Killarney Heights High School, que conheceu Andrew Farriss e os dois se tornaram grandes amigos. Mais ou menos pela época que ensaiavam na garagem de Andrew, com seus dois irmãos Tim (o mais velho) e Jon (o caçula), Andrew o convenceu a entrar na Doctor Dolphin, sua banda, composta por mais dois colegas, além do baterista e de Gary Beers, baixista que mais tarde entraria também no INXS.
Quando os pais de Hutchence se separaram, ele foi, junto com sua mãe, viver com sua meio-irmã na Califórnia.
Em 1977, porém, Michael e sua mãe voltaram para Sydney. Seu amigo Andrew Farriss agora estava com uma banda nova: Nela tocavam ele e seus irmãos, por isso era conhecida como The Farriss Brothers. Andrew trouxe Michael para cantar, Gary para o baixo e Tim trouxe um amigo de sua antiga banda, Kirk Pengilly, para tocar saxofone e guitarra. Estava formado o INXS, que ainda se chamaria The Farriss Brothers por alguns meses.
O primeiro show com o nome INXS foi em 1 de Setembro de 1979. Em Maio de 1980 a banda lançou seu primeiro single, "Simple Simon/We Are The Vegetables" , e logo depois seu disco de estreia, INXS, em Outubro. O destaque desse disco completamente new wave (o que ainda seria muito predominante no som do INXS até o Listen Like Thieves) é Just Keep Walking.
Logo depois veio Underneath The Colours. Apesar de conter uma música de protesto e uma balada, o que se destacou mesmo foi mais um tema new wave: Stay Young.
Já com Shabooh Shoobah a coisa foi um pouco diferente. O INXS ganhou algum destaque com singles como The One Thing, To Look At You e, principalmente Don't Change, que seria tocada na maioria dos shows que viriam, até 1997.
Apesar de tudo, o sucesso mundial viria com The Swing e Listen Like Thieves. Enquanto o primeiro teve dois singles que fizeram enorme sucesso, Original Sin e I Send A Message, o segundo, com uma pegada bem mais surf music, levou o nome do INXS para os EUA, uma fábrica de sucessos: Listen Like Thieves, Kiss The Dirt (Falling Down The Mountain), Shine Like It Does, This Time e What You Need, maior sucesso até então.
Mesmo assim, era pouco pro INXS. Eles queriam mais. Como Kirk Pengilly disse, "queríamos um disco que todas as músicas pudessem ser singles". Assim nasceu Kick, melhor e maior disco da história do INXS e assim começava o auge da banda. New Sensation, Need You Tonight, Mediate, Never Tear Us Apart, Guns In The Sky, Devil Inside, Wild Life, Mystify, Kick... não tem música ruim nesse disco. Não é à toa que, depois de ser lançado, sempre foi o mais tocado nas turnês, mesmo sem ser o disco que a turnê promovia.
O X, disco seguinte, seguiu mais ou menos essa linha. Muitos singles, sucessos como Suicide Blonde, Disappear, Bitter Tears, Hear That Sound, By My Side e The Stairs e, aí sim, o auge do auge do INXS: o simplesmente ÉPICO Live Baby Live, de 13 de Julho de 1991. 5 anos depois de abrir um show para o Queen no mesmo estádio (e sair de lá sem agradar muito os fãs do Queen), o INXS voltava lá para sacudir o estádio lotado com seus sucessos. É impressionante toda a galera pulando que nem louco em New Sensation, Original Sin, Suicide Blonde e outras mais. Vale a pena assistir.
Como todo auge tem um declínio, o do INXS começou com o erro de não ter feito uma turnê para promover o Welcome To Wherever You Are, disco seguinte. O disco fez bastante sucesso, tem músicas clássicas como Beautiful Girl, Not Enough Time, Heaven Sent e Taste It, mas só foi tocado ao vivo quando o disco seguinte, Full Moon, Dirty Hearts, já estava pronto, apesar de não lançado. Mesmo assim, no setlist predominavam as músicas do Full Moon.
Como a turnê do Full Moon mesmo tinha praticamente o mesmo setlist, não fez muito sucesso, assim como o disco, que tem só 3 destaques de verdade (pouco pros fãs acostumados com o INXS do sucesso): as pesadas The Gift e Time, e a funky Please (You Got That...), que conta com Ray Charles num belo dueto.
Vendo isso, Michael já não queria mais estar na banda, preferia ter sua carreira solo. Contra sua vontade, gravou o fraco Elegantly Wasted e saiu em turnê com a banda novamente. Elegantly era praticamente o fundo do poço. Desde The Swing, lançado 13 anos antes, quando a banda ainda tentava firmar seu nome, um disco não tinha tão poucos sucessos, apenas a faixa título e Don't Lose Your Head. Ao vivo a banda também já não era a mesma coisa, dava para ver que Michael não tinha a mesma vontade.
Essa "depressão" estourou na madrugada de 21 para 22 de novembro de 1997. As últimas pessoas que viram Michael vivo foram sua antiga namorada Kym Wilson e Andrew Reyment, seu namorado na época, às 4:50 da madrugada. Michael, a essa hora, estava esperando um telefonema de sua namorada Paula Yates, para saber quando ela traria sua filha Tiger para vê-lo. Sua segunda saída foi para ligar para Martha Troup, sua empresária. Suas palavras foram "Marth, Michael aqui. Já tive o suficiente dessa merda". Quando ela retornou a ligação, não teve resposta.
Às 9:54 Michael falou com sua antiga namorada Michele Bennett, que disse que ele estava chorando, parecendo triste e que ele precisava ver ela. Às 10:40 ela chegou em seu quarto de hotel e bateu na porta, mas ninguém atendeu. Apenas as 11:50 que seu corpo foi descoberto. Michael morreu enforcado, em frente à porta do hotel, ajoelhado. Alguns falam em suicídio, mas a hipótese mais aceita até hoje é asfixiofilia, uma morte por enforcamento acidental. Esse enforcamento é causado propositalmente para intensificar o orgasmo devido à falta de oxigenação do cérebro. Uma morte estúpida, sem dúvidas, mas se vai o mito e fica a música. Postumamente ainda foi lançado seu único disco solo, Michael Hutchence, o qual Bono Vox contribuiu, finalizando os vocais de uma faixa.






Então é isso, rock in peace Michael.

2 comentários:

  1. Olá amigo, boa noite.
    Não sei se você assistiu o recente documetário mas tem duas erratas em seu texto:

    Primeiro:
    No documentário "Mystify: Michael Hutchence", o diretor Richard Lowenstein entrevistou algumas das mulheres mais importantes da vida de Michael para trazer à tona outro lado do cantor, e investe na hipótese de que ele se matou, após um longo período de saúde psicológica afetada por uma lesão cerebral pouco divulgada (por decisão do próprio Michael). A lesão aconteceu em 1991, depois que, bêbado, andando em Copenhague, com sua então namorada, a modelo dinamarquesa Helena Christensen, hoje com 50 anos, Michael Hutchence arrumou confusão com um taxista e levou a pior. Bateu com parte posterior da cabeça no meio-feio e quebrou o crânio. A partir daí, perdeu o olfato e o paladar, e passou a alternar períodos depressivos com episódios de agressividade.

    Uma das hipóteses levantadas pelo documentário é que Michael era uma pessoa muito ligada ao sabor e cheiro. Vemos cenas no documentário aonde mostra ele falando sobre o "Cheiro do Amor".

    Ele nos faz acreditar nesta tese.

    Segundo: Sobre a causa da morte de Michael, o médico legista diz no referido documentário que "Considerando a intregridade da evidência, estou convencido que Michael Hutchence decidiu e tirou sua própria vida se enforcando..."

    Resumindo, Michael suicidou-se. Eu acredito que ele tirou a própria vida devido ao quadro profundo de depressão, drogas, a questão de Bob Geldof não deixar ele ver as enteadas e a própria filha, Tiger Lily, a pressão da imprensa londrina sobre a banda (que não vinha fazendo o sucesso como antes), pressão sobre o casal Michael e Paula, disputa judicial das crianças de Paula com Bob desgastavam Michael.

    E ninguém ao redor percebeu isso...

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  2. Bom dia, amigo :D obrigado pela visita ao blog, confesso que faz muito tempo que não posto nada, desde 2016 as coisas mudaram bastante e não tenho mais o mesmo tempo de outrora.

    Não cheguei a ver o documentário, pretendo assistir no futuro, mas, mesmo sem assistir ao Mystify, percebi que, ao longo dos anos, essa tese da asfixiofilia foi derrubada por terra. Muito provavelmente, pelo fato do Michael ser quem era, um cara irreverente, com fama de mulherengo e tudo mais, o Geldof aproveitou a influência que tinha e, como você mencionou no último parágrafo, contribuiu para o quadro que levou Michael ao suicídio.

    E não apenas isso, mas também a disseminação dessa teoria de que a causa da morte teria sido asfixiofilia.

    Pretendo, no futuro, fazer uma nova postagem, uma que faça justiça à história e a memória do Michael.

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