segunda-feira, 21 de maio de 2012

Os 30 anos de Hot Space


Pois é, quem diria que a década de 80 já está tão pra trás... e uma das bandas que mais a aproveitou foi o Queen.

A banda que tinha arranjos poderosos, incríveis acordes vocais, composições intrincadas e complicadas de se interpretar ao vivo, a banda hard/melódica/prog dos anos 70, deu lugar a uma banda extremamente pop rock, arroz com feijão, mas que conquistaria o público nessa década, de uma maneira nunca vista.
Isso começou com o The Game. Ali a famosa frase "No synths!" que o Queen adorava colocar na capa, enfatizando o não uso dos sintetizadores (provavelmente coisa do Brian May, porque as multitracks de guitarra dele podiam ser confundidas com sintetizadores), não apareceu, pela primeira vez. Era o Queen experimentando novos sons e popularizando sua música.

Apesar de tudo, os synths foram usados na medida certa, apenas para efeitos. O resultado foi um estrondoso sucesso. Logo após veio a Flash Gordon OST, que não pode ser avaliada, por ser uma soundtrack.

E então, em 1982, veio o Hot Space. Um disco odiado pela maioria dos fãs do Queen, pelos não fãs de Queen e até pelo próprio Queen. Apesar de, pau a pau com The Works, ser o disco mais fraco da banda, há algumas ótimas músicas lá, principalmente no lado B.
O principal problema do Hot Space é a produção. Sinceramente, o Mack cagou na produção, o lado eletrônico ficou muito mecânico, sem cor, sem vida. Ao vivo as músicas ganhavam outra cara. Pra mim a única música intragável do Hot Space é Body Language. Tá, a capa é uma merda também ¬¬. Mas para todos os chatos que vem falar do Hot Space, eu falo que, por mais fraco que ele seja, serviu de influência pro Thriller, simplesmente o disco mais vendido de todos os tempos.

O Hot Space começa com Staying Power, uma música que, apesar do ritmo muito quadrado da bateria eletrônica, é uma música bem interessante, dançante. Poderia ser melhor se fosse menos cheia de synths. Logo após vem, na minha opinião, a melhor música do lado A: Dancer. Com um agudo simplesmente animal de Freddie Mercury no fim da segunda estrofe e os vários solos de Brian May no final da música, começa a melhorar o disco.

A terceira música é Back Chat. Apesar da banda parecer meio deslocada tentando um disco music no lado A, esse foi um dos acertos. Uma bela linha de baixo de John Deacon, com o melhor solo de guitarra do Hot Space inteiro. É das melhores do disco.

Depois vem Body Language. Me abstenho de maiores comentários, a não ser "que lixo. Como essa merda foi lançada em single e ganhou clipe? Puta que pariu". Acho que é o suficiente.

Action This Day fecha o lado A. Extremamente cansativa na versão de estúdio, porém muito superior ao vivo.
Então vem o lado B que, a não ser por Cool Cat, não tem ABSOLUTAMENTE NADA a ver com o lado A.
No lado B tem baladas, rock pesado e a música que, segundo alguns, "salva o disco" : Under Pressure.
A música que abre o lado B é Put Out The Fire, uma tremenda paulada nas ideias. Logo após vem Life Is Real, uma homenagem a John Lennon, assassinado em 1980. Uma bela balada, do nível de Save Me ou It's A Hard Life, mas que é desconhecida.

Segue Calling All Girls, mais um momento pop rock no disco, é uma boa música com um clipe nada a ver. Depois temos Las Palabras de Amor, talvez a outra música que também não seja apedrejada como o resto do disco. Uma bela balada de Brian May.

Cool Cat é o avesso do Queen dos 70. Uma bateria preguiçosa, uma guitarra completamente relax, nada a ver com Brian May, um baixo redondinho, e (isso como sempre) Freddie Mercury IGNORANDO no vocal, algo como nunca visto. É legalzinha até.
E pra fechar, Under Pressure, que na minha opinião é o pivô da polêmica que o Hot Space causa. Como foi  gravada antes das sessões de gravação do disco, ela é de um estilo anterior ao adotado no Hot Space. Se ela estivesse no The Game, onde combina mais, talvez o Hot Space fosse visto com outros olhos.
Enfim, um disco que merece ser ouvido antes de se tomar uma conclusão, e não é o que acontece. Muitos que criticam criticam só porque ouviram alguém dizer.
Fica meus parabéns pelos 30 anos.

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