quinta-feira, 23 de junho de 2011

Quinta Underground #3: Queen(3ª parte)

Bem, nesta quinta chuvosa, vou encerrar a fase setentista e iniciar a oitentista dos discos do Queen. Se preferir, hoje encerro a fase clássca para iniciar a fase comercial e arroz-com-feijão da banda.
Mas isso quer dizer que não gosto dessa fase? Absolutamente NÃO. Os discos da década de 80 do Queen tem um formato similar : músicas ótimas (os hits) e músicas boas, que são injustiçadas. Porém, o nível é bem abaixo dos discos da década de 70, tanto nos hits quanto nas outras músicas do disco.

If You Can't Beat Them, Dead On Time, Let Me Entertain You e Dreamer's Ball (1978 - Jazz)

Jazz? Bem , o disco não tem nada a ver com jazz... É um dos mais pesados do Queen, porém não parece, pois o baixo de John Deacon não tem aquele "buzz" característico. Além disso, os tambores da bateria de Roger Taylor parecem latas de tinta, nada comparado ao St. Anger do Metallica, mas acaba não dando peso à música.
Pra dizer a verdade, o Queen nunca foi uma banda anti-comercial, mas no Jazz é impressionante. As músicas parecem feitas para ter determinada duração, tanto que das 13 músicas, três têm exatos 3 minutos, três músicas têm 3:30 minutos, e mais três músicas têm 4:15 minutos. Sempre a mesma duração. E uma coincidência: se você pegar a menor e a maior música do Jazz (2:26 e 4:16) e adicionar 16 segundos a cada uma, terá a duração da menor e da maior música do disco seguinte, The Game (2:42 e 4:32).
Quanto às músicas, três delas são bem pesadas, e a outra é quase uma valsa, com o som que Brian May tirou de sua Red Special.

If You Can't Beat Them - É, já dizia o mestre John Deacon: "se não pode vencê-los, junte-se a eles...". Ótima música.
Let Me Entertain You - Presente nos shows da turnê do Jazz e do The Game. Como eu prefiro a versão do Rock Montreal, vou postá-la, além da de estúdio, que já está no nome.
Versão ao vivo - http://www.youtube.com/watch?v=ktZVZSFSILk

Dead On Time - Um trem desgovernado e sem freio. Pesada pra caramba.
Dreamer's Ball - A "valsa" do Jazz. Muito legal o andamento diferente da música.

Dragon Attack, Need Your Loving Tonight, Rock It (Prime Jive), Don't Try Suicide e Sail Away Sweet Sister (1980 - The Game)

Antes do The Game, as capas dos discos do Queen vinham com um aviso escrito "No Synthesizers!", que era colocado para que as pessoas não confundissem as os vários takes de guitarra sobrepostos de Brian May com o som de sintetizadores. Pois é, com o The Game isso acabou. Contudo, o flerte com os sintetizadores deu ótimo resultado nesse disco, diferentemente do Hot Space, disco sucessor, onde o uso de sistetizadores é demasiado e maçante.
Também é um disco bem comercial, tem apenas 35 minutos de duração. É o último disco que outro membro da banda que não Freddie Mercury canta uma música, pelo menos enquanto ele estava vivo. Mas um ponto forte desse disco é que todas as músicas são ótimas, umas mais, outras menos. Falando nelas, vamos às músicas.
Dragon Attack - Até foi tocada em muitos shows, porém nunca entrou em uma coletânea e nem foi lançada como single. A linha de baixo dessa música é bem marcante.
Need Your Loving Tonight - Já essa foi lançada em single, porém foi tocada apenas algumas vezes, e apenas na turnê do The Game, além de também nunca ter entrado numa coletânea.
Rock It (Prime Jive) -  Roger Taylor compôs a música. Roger queria cantá-la. Freddie também. Cada um gravou uma versão cantando e os outros dois membros decidiram qual a melhor. Brian May preferiu a versão de Mercury. John Deacon preferiu a versão de Taylor. Resultado : Freddie centou a introdução e Roger, o resto da música.
Don't Try Suicide - Outra música com uma linha de baixo bem destacada.
Sail Away Sweet Sister - Composta e cantada por Brian May, é dedicada à sua irmã...que ele nunca teve. Brian, que era filho único, queria uma irmã. Porém sua família era pobre, tanto que a Red Special, uma guitarra tão especial para Brian e para os fãs de Queen, foi feita por ele mesmo e por seu pai, com pedaços de partes da casa que não eram usadas, como um cano de lareira.

Dancer, Put Out The Fire e Las Palabras de Amor (The Words Of Love) (1982 - Hot Space)

É, nesse disco o Queen, que havia se empolgado com o sucesso de Another One Bites The Dust, uma canção bem dance, resolveu ir para esse lado. Não deu muito certo, a começar pela capa. O próprio Freddie Mercury disse "eu e Roger pensamos que ia ficar ótimo, mas é uma merda".
Já quanto às músicas, é um disco fraco, bem abaixo do nível dos outros, mas daria um bom EP, apenas com as músicas do lado 2 mais Dancer, que entraria no lugar de Cool Cat. O problema principal desse disco é que o Queen encheu tanto o som com sintetizadores e bateria eletrônica, que ele soa muito mecânico. Tanto que as versões ao vivo das músicas mais dance eram muito melhores. Com certeza o Hot Space seria um disco bem melhor se o sintetizador não tivesse sido tão usado.
Além disso, parece que a banda escolheu a dedo as piores músicas para lançar em single. Mesmo sendo fã de Queen, admito : Body Language é um lixo sem tamanho. Bom, na verdade é um lixo de 4:32, que eu não consigo chegar ao final. Foi lançada em single e ganhou videoclipe...
Apesar de tudo isso, o Hot Space tem um fator muito forte a seu favor : serviu de influência para Michael Jackson (isso inclusive foi dito por ele) no clássico disco Thriller, sucesso absoluto do Pop. Quanto às músicas escolhidas:
Dancer - Talvez o único exemplo de uma música com muito sintetizador que ficou legal, nesse disco. Lembra o estilo do Led Zeppelin no Houses Of The Holy, uma música que alterna momentos pop com momentos mais pesados.
Put Out The Fire - Se nos discos anteriores, uma música dance era exceção à regra, isso se inverteu no Hot Space: essa é a música mais pesada do disco, a única música com cara de Queen das antigas.
Las Palabras de Amor - Embora seja fraco, uma coisa não pode se negar: o Hot Space é o disco mais eclético do Queen. Tanto que eu acabei indicando uma música dance, uma música pesada e um balada.

Tear It Up, Keep Passing The Open Windows, Is This The World We Created...? e I Go Crazy (1984 - The Works)

O The Works é um disco bom, porém é bem engessado, por causa de imposições da gravadora que, após ver os fiascos que foram os discos Flash Gordon, que é trilha sonora do filme, e Hot Space, praticamente retirou o controle criativo do Queen, decerto receosos que a banda não faria mais sucesso. Por isso o som é mais comercial, as músicas são curtas e é bem menos pesado, que já era uma tendência que a banda seguia desde o The Game. O Queen foi ganhar carta branca para seus discos novamente apenas a partir do The Miracle, e apenas porque Freddie Mercury já estava bem doente, por causa da AIDS.


Tear It Up - Ah, pra dizer a verdade, é uma reciclagem de We Will Rock You. É mais elaborada, tem outra letra, mas o andamento é quase o mesmo.
Keep Passing The Open Windows - Uma música bem melódica. É bem boa.
Is This The World We Created...? - Uma linda balada onde apenas Brian May e Freddie Mercury participam. É uma música que nos faz pensar, quando vemos sua letra. Vacilo do Queen não a terem lançado em single. É uma música bem simbólica e marcante, tanto que foi tocada em quase todos os shows depois de lançada, inclusive no encerramento do Live Aid.

Nenhum comentário:

Postar um comentário