sexta-feira, 12 de junho de 2015

Resenha #13: Black Sabbath - 13

Bom, ta aí, finalmente a resenha illumninati. Antes que me perguntem o porquê do illuminati, explico: primeiramente, aconteceu a coincidência da resenha de número 13 ser justamente de um disco chamado 13. Só que não para por aí as coincidências. Quando eu me liguei que ia fazer a resenha do último trampo do Sabbath agora em junho, me lembrei que ele foi lançado em junho de 2013 e deixei para ela sair no dia 10, exatamente o dia do lançamento do disco. Não saiu no dia 10, mas igual, a ideia era essa, então... foda-se, é o que vale. Camigoal. 
13 é o décimo nono disco de estúdio do Black Sabbath, lançado em 10 de junho de 2013. Primeiro em 35 anos a contar com os vocais de Ozzy Osbourne, o disco veio cumprindo o que prometeu: ser praticamente um revival do som dos anos 70 da banda. Foi sucesso no mundo todo, vendendo mais de um milhão de cópias, e alcançou o primeiro lugar no hot 200 da Billboard. Mas, logicamente, esse sucesso todo tem uma explicação. 

Quando foi anunciada, em 11 de novembro de 2011, a reunião do Sabbath, o hype foi muito grande. Certamente, ele só aumentou depois do anúncio que Tony Iommi estava tratando um linfoma e que Bill Ward não participaria do disco. Imagine, você tendo a oportunidade de ver o Sabbath ao vivo, de ouvir um disco novo dos caras, e deixar passar, sem sequer saber se Iommi ainda estaria vivo para uma turnê seguinte? Só esqueceram de avisar que o velho é badass demais até pra doença. Atualmente, Tony está bem e, segundo as especulações, o Sabbath vai lançar um último disco e uma última turnê antes de uma aposentadoria definitiva. Mas isso é papo pra outra postagem. 

Voltando ao 13, todas essas situações serviam para aumentar o hype do disco. Todo mundo queria ter uma cópia do disco novo do Sabbath, o qual, segundo o próprio Ozzy comenta (no encarte do disco), "foi sendo adiado durante quase 15 anos por causa de besteiras judiciais e burocracias". Antes de qualquer anúncio sobre as músicas, ainda teve o vídeo mostrando a capa do disco, em 4 de abril. Mas a espera terminou em 18 de abril. Nesse dia, saiu, no canal oficial da banda, no youtube, o vídeo contendo o áudio de God Is Dead?, primeiro single do 13. Foi mais do que o suficiente pra elevar o status da banda. Nove minutos de metal, como nos tempos antigos, sombrio, arrastado. Os fãs já tavam contando os dias pro lançamento do CD e também pra abertura da venda de ingressos pros shows aqui no Brasil (o anúncio dos shows coincidiu com o lançamento de God Is Dead?, tanto que saiu até postagem sobre isso). Um mês depois, em 15 de maio, End of the Beginning, outro single. Outro sucesso.

E eis que, em 10 de junho, chega às lojas o novo trampo do Sabbath. Eu ganhei o meu da Bruna uns meses depois, edição especial lá picareta Tony Iommi Brian May deluxe gold dos extras que cabiam no disco mas né. O disco tá bem caprichado, com um encarte maneiro, etc. Agora, produção do Rick Rubin SEMPRE dá treta. Pelo menos as mais recentes. E o grande defeito do 13, ao meu ver, é mais ou menos o que aconteceu com o Death Magnetic, do Metallica: loudness war. Pra variar, Rubin não soube a hora de parar de comprimir a track e ficou meio alto demais, quase estourado. É foda isso, porque ele já produziu discos sensacionais, sem nenhum problema de masterização, como o Blood Sugar Sex Magik, do Red Hot Chili Peppers. Mas vamos ao tracklist. 

Abrimos os trabalhos com End of the Beginning, já mostrando a que está disposta a banda. Iommi já começa pegando pesado, junto com Geezer e Brad Wilk, batera do Rage Against the Machine, o escolhido para o lugar de Bill Ward. Depois de um minuto de porradaria, a música dá uma acalmada, com Iommi repetindo o riff do início, só que nas notas, em vez dos acordes, e Ozzy entra. Não é nada inovador, e é uma música que lembra MUITO Black Sabbath (a música), do primeiro disco. Mas né, é o que queremos ouvir. Inclusive, logo após algumas estrofes, a música para e Iommi puxa outro riff, bem ao estilo do que o Sabbath fazia bastante nos primeiros discos. A música acelera, Geezer espanca bastante o baixo, como de costume, é o Sabbath de volta. Aliás, como de costume, as letras são de Geezer, e estão sensacionais. Quanto a isso, nada mudou. Interessante ressaltar que Tony, nesse disco, não fica abusando de 23478932758974893 tracks de solo simultâneas. Agora, o solo dele é gigantesco, principalmente no final. Lembro até hoje dessa música no show, geral acompanhando o final num coro. 

E, depois de oito minutos apreciando a primeira música, temos mais nove pela frente, na segunda. Trata-se de God Is Dead?, o grande sucesso do disco. Arrastada, ela tem o momento de peso no refrão, nas estrofes temos um momento mais calmo, com Iommi destrinchando o acorde em várias notas e Geezer contido. É outro som maneiro, mas acho que, assim como End of the Beginning, ficaram longas demais. Outro problema da produção de Rubin. As duas, com 6 minutos, talvez 6 minutos e meio, tavam show. Uma com oito e outra com nove minutos fica meio "estou com vontade de pular a música, mas ela não é ruim, só longa". E, se justifica, porque aos seis minutos, rola aquela paradinha e Iommi puxa outro riff, esse simplesmente SENSACIONAL, e acelera a música, mantendo ela pegada assim até o final. 

A terceira música é Loner. Um pouco similar a N.I.B., é uma das que eu mais curto. Um riff seco, nem acelerado e nem arrastado, mas na medida. Infelizmente, foi tocada apenas uma vez ao vivo, na Austrália, justamente para entrar no DVD da turnê. Ozzy aqui tem uma das melhores performances do disco. Falem o que quiser, mas o velho ainda manda muito bem. No show ele provou que apesar da idade (e da sequela), ele ainda tem pique pra muito rock. Quanto a Iommi, acho que, ouvindo bem ao fundo, estou conseguindo perceber um violão, nas pontes antes de voltar pro riff. Aliás, falando em violão, é justamente o que aparece na música seguinte, Zeitgeist. Essa me lembra muitas das minhas músicas preferidas do Sabbath como Planet Caravan e Solitude. Só acho que a linha vocal de Ozzy não fechou tão bem com o instrumental mais sombrio. Ele deveria soar mais contido, não arriscar tanto nos agudos. Mas ainda assim, é uma música senssacional. Aliás, sensacional é a definição de tudo que sai das mãos de Iommi quando ele pega o violão. É música pra apagar a luz e ficar viajando sem sair do lugar. Simplesmente sensacional. 

Age of Reason surge como a quinta música, para nos acordar após Zeitgeist, e lembrar que, apesar desses momentos mais relaxantes, o negócio do Sabbath é porrada. E ela cumpre bem esse propósito. Junto com as duas primeiras do disco, foi tocada ao vivo aqui em Porto Alegre. Aqui não tenho medo nenhum de dizer: os sete minutos de duração deixaram a música chata. Tu chega no terceiro minuto pensando sobre quando ela vai terminar. Aqui a banda cagou em não ter feito ela com 5 minutos. Pelo menos o final é dedicado ao solo do Iommi, que é maneiro. 

A partir daqui, o disco dá uma caída na qualidade. Live Forever é uma boa música, tem um trabalho interessante de Wilk na bateria, mas o problema é justamente o fato das cinco músicas anteriores já serem uma espécie de "mais do mesmo", algumas com duração exagerada. Tu começa a cansar perto do final da audição. Ainda assim, podemos destacar aqui a letra, mais uma bela amostra da qualidade de Geezer como letrista. Damaged Soul, penúltima música, apesar de ter quase oito minutos, dá uma quebrada nesse cansaço, por mostrar um lado blueseiro do Sabbath que eu não me lembro de ter visto em nenhum disco das antigas. E ficou bem maneira a experiência, apesar de, como de costume, achar que ela devia acabar ali pelos 6 minutos, não aos 7:50. 

Pra terminar o disco, Dear Father. Infelizmente, quando chego aqui, já não tenho a mesma paciência de antes. É outro caso de uma boa música que tá longa demais, ela deveria ter uns 4, 5 minutos, não 7. Por isso que critico tanto a produção do Rubin. Se as outras músicas não fossem tão longas, não chegaríamos tão cansados ao final do disco. Ainda assim, é interessante a progressão do riff, que sobe junto com a linha vocal de Ozzy, na estrofe. O final dela também é legal. Quando a música realmente termina, ainda temos uns 30 segundos de chuva, trovoadas e um sino... lembra algo? 

O 13 ainda conta com algumas músicas de bônus. Na edição que eu tenho, temos, num segundo CD (que é MUITA picaretagem pra cobrar mais, porque o mesmo 13 com essas três músicas extras ainda estaria dentro do tempo de apenas um CD), contendo três músicas: Methademic, Peace of Mind e Pariah. Methademic começa bem maneira, com um violão, um dedilhado mais sombrio, até que, a partir dos 30 segundos, a porrada come solta. Ela é mais rápida que o normal do disco, quem manda bem demais aqui é Geezer. Aliás, vale ressaltar que essa é a ÚNICA letra do disco composta por Ozzy. E, duas coisas que impressionam: é uma letra foda e sobre drogas. 

Peace of Mind começa direto com o riff, arrastado como o padrão do disco. É um riff maneiro, e aqui é bem o exemplo do que eu falo. É a música mais curta do disco, com 3:40. Perfeito, não dá tempo de cansar nem nada. E, mesmo sendo curta, tem uma mudança de tempo, depois de Wilk mostrar serviço e quebrar tudo na batera. Ela fica bem hard rock depois disso.

Logo após, temos Pariah. Sinceramente, é a melhor música dos bônus e, pra mim, poderia ter entrado no lugar de Live Forever ou Dear Father no tracklist da versão standard. Ela tem o melhor riff do disco, disparadamente, um andamento hardzão e tem 5 minutos e meio, se destacando entre essas últimas músicas. Aliás, o solo é muito legal, porque Iommi pega mais leve na base, mostrando aí uma novidade em relação ao resto do disco. Ela terminaria o disco original com muito mais brilho do que Dear Father. 

Ainda tem mais uma música, de outra versão bônus, Naïveté in Black. Sinceramente, ela parece mais coisa que o Sabbath faria com o Dio. Mais acelerada e cortante, não é nada demais, mas como bônus tá maneiro. E ela tem uma letra bem legal também.


Bem, vamos ficar por aqui. 13 é isso. É Black Sabbath, de volta, como era pra ser. Apesar de um pouco cansativo em alguns momentos, é o disco que se espera da banda, afinal, a experimentação nunca foi a principal virtude da banda. É um disco que, pro ouvinte que desconhece a discografia do grupo, soaria tão clássico quanto os lançamentos antigos. E é isso que importa.

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