segunda-feira, 18 de agosto de 2014

On the Charts #10: Os 30 anos do The Red Hot Chili Peppers



"Opa, como assim? O Arthur enlouqueceu? Colocando aniversário de banda no On the Charts e..." HAHA, não é bem isso, até mesmo porque o aniversário de 30 anos da banda foi ano passado. Hoje é um dia especial, afinal, não é todo dia que temos um disco de estreia de uma banda no nosso querido temático, que, coincidentemente, chega a sua décima postagem (claro, tiveram milhares antes, mas o nome oficial começou só esse ano). No último dia 10, o debut (quase homônimo) dos Peppers completou seus 30 anos. E, para entendermos o contexto do disco, temos que dar uma boa voltada no tempo. 

A banda bem nos seus primórdios, com Slovak e Irons
Pra você, que acha que a banda começou já com o Frusciante nas seis cordas... SABE DE NADA, INOCENTE. Os Peppers começaram seus trabalhos no começo de 1983. A banda contava com Anthony Kiedis, Flea, Jack Irons e Hillel Slovak, o grande cabeça da banda, afinal, foi quem ensinou Flea a tocar baixo e também foi, mesmo que indiretamente (afinal, já tinha morrido) a influência mais forte do estilo de tocar guitarra de Frusciante. Durante boa parte do seu primeiro ano de vida a formação se manteve a mesma, esses quatro moleques de pouco mais de 20 anos, que ainda possuíam pouca maturidade musical (afinal, são poucas as bandas que começaram já no seu auge).

O problema é que Irons e Slovak tinham outra banda, o What is This?, um grupo mais antigo e, na concepção dos dois, a prioridade. Os Peppers, nessa época, eram mais como um projeto paralelo. Com isso, a banda se viu sem a presença de seu baterista e de seu guitarrista, tendo que chamar alguém pra esses lugares. Assim, Jack Sherman assumiu a guitarra e Cliff Martinez, a bateria. Apesar de Sherman fosse o mais fraco, ou talvez o mais tímido (se bem que atualmente, o vencedor desse posto é o Joshinho HU3HU3HU3), era um bom guitarrista. Já Martinez era superior a Irons. Ainda que fosse um bom baterista, Irons era menos técnico que Martinez. O controle do hihat, do bumbo e da mão esquerda que Cliff tinha era sensacional. 

Assim estava reformado o RHCP, pronto pra gravar o primeiro disco. Pra quem é poserzão, não sugiro começar por ele. Mais negócio ouvir os com o Hillel primeiro, o Mother's Milk, até mesmo o One Hot Minute. Esse debut é realmente uma mostra do espírito juvenil da banda, o que pode não soar tão bem assim. Eu, particularmente, gosto do disco, mas é o mais fraco entre os 10 lançamentos da banda. Claro que parte da influência disso é a pouca liberdade concedida pelo produtor Andy Gill e o som datado dos 80. Existem demos de algumas músicas do disco com Slovak e Irons que dão algumas mostras de como seria o disco se a banda tivesse liberdade. Bem, não precisamos ir longe. Já no Freaky Styley, segundo disco, a banda soa bem mais madura e livre, fazendo algumas músicas muito mais puxadas pro funk.

Pêster de um do show antigo. Existem vários desses
pela intenet, pra quem se interessar
Mas isso é assunto pro ano que vem, nos 30 anos do segundo disco. Hoje é dia do debut. E ele não poderia começar mais característico dos Peppers. Além dos slaps de Flea, estilo de tocar baixo determinante do som dos Peppers até hoje (apesar de, no I'm With You, ele não ter dado UM único slap, eles tocam as antigas), o fato de True Men Don't Kill Coyotes ser a única que ganhou clipe e estar logo no começo do disco é algo que, como podemos observar, acompanha a banda desde sempre. De todos os discos dos Peppers, apenas The Power of Equality, do Blood Sugar Sex Magik, não foi single ou ganhou clipe. Além disso, se destaca Martinez aqui, que faz uma condução bem intrincada nas estrofes e no refrão abusa da condução dupla no hihat.

Baby Appeal é a segunda música. Com um andamento bem mais reto, quem se destaca aqui é Sherman, com um riff mais pesado, algo não tão comum nos Peppers. Cliff, claro, dá o ar da graça no final de cada refrão. Seguindo, temos Buckle Down. Uma música muito cíclica, ela gira em torno do riff a maior parte do tempo. O vocal gritado do Anthony cai bem aqui, assim como as intervenções da guitarra de Sherman.

Já Get Up And Jump, único single do disco, é acelerada como os Peppers no começo. Conta com a presença de metais e, de vez em quando, tem um pedacinho tocado pela banda nos shows atuais. Boa música, poderia ganhar um arranjo mais atual, mas parou no tempo, lá em 1991. A quinta música é o único cover do disco, uma versão da banda para Why Don't You Love Me?, de Hank Williams. Aqui percebemos a limitação musical da banda nesse primeiro disco. Até aqui tivemos cinco músicas e pelo menos duas soam muito parecidas. Mas o solo de Sherman nela é demais.

Green Heaven, a música seguinte, é a mais pesada do disco. Com bateria arrastada e muita guitarra, tem uma letra bem interessante. Ainda que do jeito dos Peppers, é uma crítica. Sem falar que, no meio, dá uma mesclada no peso e no funk da guitarra mais limpa. Depois dela, vem Mommy, Where's Daddy?, sem dúvidas a pior música do disco. Tava indo tudo muito bem na introdução, com um solinho e tal, mas aí entra o vocal e a música fica repetitiva. Ainda bem que a música seguinte é a melhor do disco.

Out In L.A. é uma puta duma música. É uma pena que eles não toquem mais ela, ela poderia estar abrindo os shows da banda até hoje. Mesmo tendo só dois minutos de duração, ela tem tudo, uma bateria muito técnica, um baixo furioso e muito feeling na guitarra. É uma das melhores dessas antigas dos Peppers.

E, pra quem pensa que o disco vai ser fechado com altas letras, está enganado. As últimas duas músicas - Police Helicopter e You Always Sing the Same - somadas, não chegam a 1:40 de duração e, por incrível que pareça, foram as mais tocadas nos últimos anos. Não que isso chegue, sequer, a 10 execuções, mas foram. A primeira tem 8 versos que se repetem duas vezes e fala sobre os helicópteros da polícia, que sobrevoavam a área onde o Anthony morava quando era pequeno, atrás de traficantes de drogas. A segunda... bem, sem comentários. Mais uma das loucuras dos Peppers, só ouvindo pra sacar. Só digo que, depois que eu ouvi Flea Fly, não me impressiono com mais nada.

Agora sim, pra fechar com chave de ouro, a música mais longa do disco, com incríveis 4:06 de duração. Grand Pappy Du Plenty. Eu não sei que caralhos esse título quer dizer, mas é uma das melhores músicas do disco. Uma viagenzinha instrumental, muito improviso.

Bom, acho que era isso. The Red Hot Chili Peppers não é um grande disco, nem teria como ser. Tem seus ótimos momentos, mas também tem músicas ruins. É um disco bom, daria um 6 de 10, mas com uma discografia como a dos Peppers, é difícil se destacar com um disco mais mediano. Ainda assim, vale algumas ouvidas. E pelo histórico.



Um comentário: