segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Os 40 anos do Who's Next



Todos sabem que 1971 foi uma das melhores safras do rock'n'roll, em matéria de discos de estúdio. Discos como Fireball, Led Zeppelin IV, Master Of Reality, Meddle, entre outros, eram a regra, não a exceção. Um desses lançamentos é o célebre Who's Next, do The Who. 

Pra quem não conhece a banda, o The Who foi/é/Pete Townshend e Roger Daltrey tão na fase da picaretagem já uma banda britânica, iniciada em 1964, que teve como formação clássica Roger Daltrey, Pete Townshend, Keith Moon e John Entwistle. Conhecida pelos músicas de sucesso, como My Generation e Pinball Wizard, bem como discos de sucesso, a exemplo de Tommy e Quadrophenia, o Who foi uma das bandas britânicas mais influentes dos anos 60, principalmente, e dos anos 70 também, com performances fortemente baseadas em improvisos (às vezes até um pouco chatas xD), com direito à muito espancamento de bateria e baixo. Mas não é dos shows do Who que estamos aqui pra falar hoje. 

Lançado em 2 de agosto de 1971, o Who's Next, de certa forma, mostra um The Who bem técnico e criativo, o que, provavelmente, é resultado de uma das ide
VCS3
ias mais megalomaníacas e chapadas da história do Rock, pensada por Pete Townshend: o projeto Lifehouse. Aliás, o Lifehouse foi motivo de discussão inclusive posteriormente ao Who's Next, mas isso é papo pra outra postagem. Hoje o foco é mostrar porque o Lifehouse foi importante pro Who's Next ser o que ele é.

Basicamente, após o sucesso de Tommy, uma das óperas-rock lançadas pelo Who, em 1969, Pete Townshend queria repetir a dose, mas, de certa forma, ir além do que Tommy foi. Segundo, ele, "haviam shows na turnê em que a interação entre banda e público era tão grande que parecia que o mundo parava de girar, as vibrações eram muito boas". E, baseado nessa interação e vibrações, Townshend queria, basicamente, criar uma música que pudesse ser adaptada de forma a refletir as personalidades da audiência. E ele queria
fazer isso adaptando um VCS3, à época recém adquirido, com sintetizadores ARP e com um PA quadrifônico, de forma a criar diferentes pedaços de músicas baseadas nas diferentes pessoas da audiência, um lance meio biométrico.

ISSO
EM
1971


OBVIAMENTE, deu errado.

Dessa forma, Pete desistiu dessa ideia besta e resolveu simplesmente compor música e fazer um bom disco. No fim, ficou um puta dum disco. Algumas dessas músicas já estavam sendo compostas para o Lifehouse e entraram no Who's Next, então, mesmo sendo uma grandessíssima viagem, não dá pra dizer que o Lifehouse não contribuiu pro sucesso do Who's Next.


O disco inicia com a clássica Baba O'Riley. Uma música extremamente simples (fora o início, feito via sintetizador, e o final que tem uma complexidade um pouco maior que a parte principal da música), de letra e instrumental poderosos, que se tornou presença certa nos shows do Who. Um belíssimo cartão de visitas, o qual dispensa apresentações. 

Bargain, a segunda música, começa dando uma diminuída no ritmo, mas isso dura, no máximo, uns 15 segundos, e entra Keith Moon com toda a pauleira na bateria. É uma daquelas boas músicas do Who que não ganhou tanto destaque. Falando em destaque, Townshend faz um belo trabalho com suas duas linhas de guitarra aqui. Além disso, Daltrey manda umas notas agudas, ao final de cada refrão, que são bem exigentes pro alcance dele. Interessante notar que o estilo de composição do Who sempre gira em torno das viradas do Moon, paradinhas e etc. Bargain, por exemplo, lembra muito Won't Get Fooled Again, última música do disco.

Seguindo, temos Love Ain't For Keeping. Tinha tudo pra ser apenas uma musiquinha curtinha do meio do disco, que não fede nem cheira, mas, em estúdio, ela tem o charme do violão. Curta e simples (apenas alguns acordes abertos e alguns licks entre os versos), é uma das minhas preferidas, sem dúvida. 

Quando chegamos em My Wife, penúltima música do lado A, as coisas começam a ficar um pouco cansativas, apesar de ser uma música com alguns elementos diferentes das anteriores, tipo metais e piano. Mesmo sendo uma música curta, é um mais do mesmo até o momento, sendo, na minha opinião, a mais fraca das quatro primeiras, por isso não costumo dar muita atenção a ela. 

Entretanto, The Song is Over, música que encerra a primeira metade do disco, é outro papo. Começamos com um tema lento, no piano, Daltrey canta uma letra um tanto triste, combinando com a atmosfera da canção. Quando Moon entra na música, o clima muda um pouco, agitando um pouco a canção. E o diferencial dessa música é justamente essa alternância entre os momentos que temos apenas piano e vocal, mais melancólicos, e os momentos em que toda a banda se faz presente. Baita som. 

Seguindo nessa vibe do piano, Getting in Tune abre o lado B. Boa música, mas nada que mereça um super destaque. É tipo My Wife, mas é uma música melhor, menos cansativa. Going Mobile também é uma dessas músicas de meio, mas dá uma retomada no estilo mais do começo do disco, inclusive com Townshend lançando mão do violão. Entretanto, ela é mais agitada e animada do que a pacata Love Ain't For Keeping.

Mas a dupla de ouro do lado B do disco é a dobradinha Behind Blue Eyes/Won't Get Fooled Again, dois CLÁSSICOS absolutos, que dispensam apresentações também. Enquanto que a primeira é uma das grandes baladas do Rock (tendo sido, inclusive, estragada regravada pelo Limp Bizkit), a segunda, com seus oito minutos e meio de duração, é uma síntese de tudo que o Who fez durante do disco, unida em uma única canção (só não tem o piano). É um final com chave de ouro, sem dúvidas.

E eras isso. Who's Next, na minha opinião, apesar de ter uns momentos um tanto cansativos, é um disco que, com certeza, dá pra ouvir inteiro numa boa, coisa que, pelo menos pra mim, é rara na discografia da banda. Por isso que o considero o melhor disco do grupo, é um disco direto e reto de Rock, sem espaço pras loucuras e megalomanias do quarteto.

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