Bom, foi só eu falar, na postagem anterior, que não tínhamos ficado mais que dois dias sem postagem no mês. Foi só eu falar. Agora, depois de quase uma semana da postagem sobre o 2112, voltamos para fechar o mês com algumas atrasadas. Confesso que, apesar dessa postagem estar duas semanas atrasada, o momento ficou mais oportuno, afinal, estamos em época de Monsters of Rock, o Judas tocou em São Paulo e agora vem para Porto Alegre, esse tipo de coisa. Bem, vamos ao aniversariante.
British Steel é o sexto disco de estúdio do Judas Priest, lançado em 14 de abril de 1980. Produzido por Tom Allom (cara experiente no ramo, afinal, lá no começo dos 70 ele trabalhou com o Sabbath como engenheiro de som), sem dúvidas é a síntese mais bem acabada do som do Judas em um disco. Isso porque aliou o som pesado, que a banda sempre teve, a uma produção polida e um maior apelo ao público. Dessa mistura saíram sucessos, que alavancaram a popularidade e as vendas do disco. Tanto isso é verdade que o Judas fez uma turnê, entre 2009 e 2010, para comemorar os 30 anos do disco, tocando-o na íntegra. Nenhum outro disco da banda teve esse tratamento.
O porquê disso pode ser justificado logo nas primeiras faixas, tanto na versão americana quanto na inglesa. (pra quem não sabe, a ordem de algumas faixas varia de uma versão para a outra, por isso essa ressalva. Aqui vamos seguir a ordem inglesa. Apesar do meu CD estar na ordem americana, a cópia que eu tenho no pc - que estou ouvindo agora - é a inglesa). Rapid Fire já entra de cara pegando o ouvinte de surpresa (ou não, afinal, do Judas não poderíamos esperar algo diferente). As duas guitarras iniciam numa rápida e cortante sequência de notas, a bateria entra e a porrada come solta. Halford entra, com uma daquelas letras clássicas de metal. Comparações de poder e força, marteladas, machados, esse tipo de coisa. Por esse lado, a letra não é tudo isso, o que impressiona mesmo é a performance vocal de Halford. Notas bastante longas, agudos, a voz característica e rasgada do Metal God. Aliás, falando em agudos, o do final da música é simplesmente sensacional. Aqui pode-se perceber claramente as influências e inspirações de caras como Bruce Dickinson.
Emendando no efeito sonoro do final de Rapid Fire, entramos em Metal Gods. Cativante no início, ela é um contraponto em relação a sua antecessora. Seu andamento, apesar de cadenciado, não torna a música menos pesada. Isso porque temos uma base muito forte segurando a onda junto à bateria, feita por dois competentíssimos guitarristas e um bom baixista. O grande problema dessa música, pra mim, é o refrão. Aqui já começamos a ver algumas tendências que seriam seguidas posteriormente, como os efeitos vocais, meio eletrônicos, em discos mais controversos como Turbo, esse tipo de coisa. Além disso, o final da música poderia ser um pouco mais curto, afinal, temos uma outro de um minuto, que não termina em fade out, e, por isso, acaba se tornando meio repetitiva. Mesmo assim, é um belo som.
A terceira música é, sem sombra de dúvidas, a música mais famosa da banda, Breaking the Law. Longe de ser a melhor do Judas, sequer do disco, temos que admitir que ela tem a mística. Afinal, quem do meio do rock/metal, lá pelos seus, 10, 11 anos, não tinha vontade de aprender a tocar Breaking the Law? Ou achava ela uma das melhores músicas de todas. Depois, é claro, quando tu conhece a discografia da banda, percebe que tem muita coisa melhor e tal, mas né... se não fossem músicas "de poser" como essa, lá no começo (ou, por exemplo, como Run to The Hills, pro Maiden, Iron Man, pro Sabbath, etc), a influência não seria a mesma e talvez tu não acabasse procurando por outras músicas dessas bandas. E, mesmo que Breaking the Law não seja a melhor do disco, da banda e esse tipo de coisa, é uma boa música, além de contar com uma performance inspirada de Halford, na ponte, e com um riff extremamente grudento.
Agora, falando de riff, a quarta música, na minha opinião, é a melhor do disco e uma das melhores do Judas. Sou apaixonado por Grinder, por ser uma música extremamente simples, mas igualmente cativante. O riff é ridículo de fácil, a bateria é reta, mas o jogo que a banda faz com acordes e pausas torna ela sensacional. E eu já falei aqui mais de uma vez que justamente esse jogo de nota/pausa é um dos segredos do som do AC/DC, que é bem cativante também. Halford aqui canta o tempo todo em um tom alto, demonstrando todo o talento e técnica que possui. Além disso, outro grande destaque nessa música é o solo de Glenn Tipton, marcante, recheado de feeling. Um solo endiabrado assim tava faltando no disco até esse ponto.
Single de United |
United fecha o Lado A. Mais suingada do que as anteriores, me lembra algumas coisas que o Deep Purple fazia na Mk III. Apesar de não ser do mesmo nível que as anteriores, tem seu valor. O grande problema dela é o som, que ficou meio datado, e o final, que também é um tanto quanto repetitivo. Ao vivo, em 2009, ela ganhou outro brilho, foi meio que reinventada pela banda.
Abrindo o Lado B, temos You Don't Have to Be Old to Be Wise. Apesar de também não ser um hit, é uma das melhores músicas do disco. Condizendo com o seu título, Halford canta aqui uma letra repleta de sabedoria, e mandando bem como sempre na interpretação. No pré-refrão, algumas linhas que ele canta me lembra alguns trabalhos do Paul Rodgers no Free e Bad Company. Sem dúvidas o fato dessa música soar um pouco diferente do padrão do som da banda faz a diferença. Além do solo sensacional, é claro. Seguindo, temos Living After Midnight. Acho que dispensa maiores explicações, mas é válido falar um pouco sobre ela. Além de ser sucesso, por ter o mesmo poder cativante de Breaking the Law, tem a mesma qualidade de Grinder, com um riff extremamente pegajoso e uma bateria reta. É aquela típica música que aparece num filme clichê de rock, naquela cena que a banda se desloca na van pro seu show, celebrando e esse tipo de coisa. Bom, isso pode ter sido um devaneio meu, mas assim que enxergo Living After Midnight quando a ouço. É uma música mais up mesmo.
The Rage é a penúltima música. Negligenciada na turnê oficial do disco, lá em 1980, só teve oportunidade em 2009, na comemorativa. E não se deixe enganar pelo começo, com o maior destaque pro baixo. Após algumas voltas da introdução, o peso vem com tudo. É a letra mais curta do disco, com apenas três estrofes, o que abre espaço para um solo maior e mais destacado. No meio e no final. Destaque também para os agudos sensacionais de Halford no final de cada estrofe. Seguindo, pra fechar o disco, Steeler. Mais ou menos como começamos lá em Rapid Fire. Cortante, rápida e pesada. E essa é aquela típica música que pega o público no show por causa da sequência de acordes no final de cada sequência, perfeita para ser cantada em coro. Sem dúvidas é um dos destaques do disco, principalmente pelos solos de Tipton, especialmente o do final. No relançamento de 2010, ainda temos dois bônus. A fraca Red, White and Blue, gravada nas sessões do Turbo, e uma boa versão ao vivo de Grinder, de 1984.
Bem, por hoje era isso. A postagem de hoje pode parecer um pouco mais repetitiva, mas aí vai do estilo da banda também. Quando ouvimos Judas Priest, não esperamos por grandes inovações (até porque quando eles tentaram inovar deu merda). Botamos o disco pra rodar e simplesmente curtimos o metal. Além disso, o fato de não ser uma das minhas bandas preferidas me dá menos propriedade pra falar dos discos. Não é como o Rush, Deep Purple ou Queen. Mas ainda assim, o que interessa é a comemoração. 35 anos desse clássico, com uma merecida homenagem. Valeu!
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