Sim, de novo. Aconteceu de novo. A mesma banda. O mesmo
local. Três anos depois. E lá estávamos eu e o Leão de novo. As única coisas
diferentes dessa vez? Pra onde compramos ingresso, as bandas de abertura e
quanto durou o show. Mas vamos por partes, como diria o velho Jack.
Logo que a banda anunciou as datas, Porto Alegre não estava
incluída na turnê. No momento que descobri que novamente teríamos chance de ver
o Sabbath, já combinei com quem quisesse ir que tinha que rolar. Ali, já deixei
combinado com o Leão que dessa vez iríamos de pista Premium. Não por estar
esbanjando grana nem nada, mas simplesmente pelo fato de ter sido ruim de ver o
show quando fomos de pista normal em 2013 e porque a Premium aqui, diferente do
show do David Gilmour, tava aceitando meia entrada estudantil.
Sinceramente, 280 reais pra ver uma banda do calibre do
Sabbath, muito mais perto do que da outra vez, ou seja, com uma experiência
muito melhor, na minha cabeça, valia a pena. Ainda mais que acabei não indo nos
Stones, por ter comprado pouco antes o ingresso pro Gilmour (burrice minha,
tinha grana pros dois e consegui entrar na fila de espera na Internet, não fui
de besta), e não fui num Guns (que valia a pena ir) com mais de meia formação
original, simplesmente por achar que testemunhar a despedida do Sabbath seria
mais significativo, considerando que eu já ouvi muito mais Sabbath que Guns na
minha vida. E que o pessoal do Guns ainda tá nos 50, tem lenha pra queimar.
Feita a odisséia do ingresso, era esperar. Confesso que,
não que quarta feira seja um super dia pra um show, mas com certeza é mais alto
astral que ver um show numa segunda feira. Ainda mais que, em 2013, o show foi
numa quarta pós aula de 3º ano de ensino médio.
Ontem, foi numa segunda feira pós aula na faculdade (e faculdade os horários
nunca são iguais, mesmo que as pessoas sejam do mesmo curso), sem falar na aula
do outro dia. Mas enfim, nada que pudesse estragar o espetáculo.
O
Leão chegou lá em casa por umas 16:30 pro tradicional aquece (afinal, fora o
momento que tu te obriga a comprar uma ceva pelo copo que eles começaram a
distribuir nos shows, que é uma lembrança maneira, ninguém merece pagar 12 pila
ou mais em UMA latINHA de ceva. Com esses mesmos 12 pila, mais 8, comprei um
fardo de Budweiser e matamos um tempo, batendo um papo sobre as expectativas
pro show e jogando um videogame.
Eu já
tinha visto o set padrão do Sabbath na turnê, e, na real, apenas duas, das 14
músicas, eram novidades: Hand of Doom e After Forever. Ainda por cima, nos
últimos shows, a banda não vinha tocando a primeira. Confesso que foi meio
broxante saber que o show, em vez das tradicionais 15 músicas mais bis da turnê
anterior, era composto por 12 músicas mais o bis, e apenas uma nova (e o pior é
que venho do futuro e posso afirmar que dos 81 shows, só em 11 ela não foi
tocada, e, na última perna da turnê, toda na Inglaterra, a banda resolveu se
dedicar mais e voltou com o set de 16 músicas, com Hand of Doom, Under the Sun
e entrou até uma medley instrumental de Sabbath Bloody Sabbath/Symptom of the
Universe ou Supernaut/ Megalomania). E sem falar que a nova cortada foi Hand of
Doom, que eu preferia a After Forever.
Mas enfim, aquelas coisas
que a gente meio que perdoa. Admito que o show picudo do Sabbath que eu
testemunhei foi em 2013, recém os caras voltando, disco novo, Megadeth na
abertura, foi mais grandioso, de fato. Mas, mesmo com um menor brilho desse
show de ontem, foi a última vez dos caras. Tive a sorte de poder ver o Black
Sabbath duas vezes, e isso é que é o barato.
Mas vamos parar de falar um
pouco do Sabbath em si e vamos a todo o show. Resolvemos pegar um Uber dessa
vez, pra não ter que chegar 16:00 e ficar de pé cinco horas a mais que o
necessário. Como a pista Premium demora pra chegar o pessoal, saímos de casa
umas 18:00. Claro que foi uma idéia estúpida, porque, além de ser dia de show,
era hora do Rush de segunda feira de um dia de show. Chegamos lá às 19:00 e 48
golpinhos mais pobres. Faltava pouco pra primeira banda de abertura entrar no
palco.
O broder do ACDC no som do
aquecimento tava lá novamente, mas pelo menos dessa vez ele mudou um pouco o
CD, botou o Powerage na íntegra pra tocar. Tenho que admitir que foi bom, dei
atenção pra um disco do ACDC que eu cagava antes. Nesse meio tempo estávamos de
olho no Vitória também, que tinha chance de botar mais um prego no caixão do
interzinho, enquanto esperávamos pelo show de abertura.
Eis que umas 19:40 chegou o
Krisiun, ou algo assim. Sinceramente, parecia que tinham aberto as portas do
inferno. Não era que nem o Hibria, que eu curti afu e tinha uma pegada bem Iron
Maiden. Eram três magrão tr00 met4ll, barbudo, cabeludo, pareciam três Tom
Araya no palco e, quando começaram a tocar, mano... eu, que nunca fui adepto
desse metalzão extremo, não conseguia DISTINGUIR o que eles tavam tocando.
Quase não dava pra saber se tinha terminado uma música e começado uma nova ou
era tudo a mesma coisa. Era, salvo raríssimas exceções, bumbo duplo O TEMPO
TODO, gutural, porradaria mesmo. Tanto que teve roda de pogo do início ao fim
do show (inclusive testemunhamos um cara levar uma mina sei lá pra onde pra
negociarem o copo dele, já que, segundo ela, ela tinha perdido o dela na
roda... sabe-se lá quanto custou o copo xD).
Os caras tocam bem? Sim.
Curti o show? Não tanto. Preferia outra banda que prezasse mais a melodia que a
porradaria? COM CERTEZA. Mas não dava pra reclamar, até admiti que em alguns
momentos, quando eles tocavam algo mais parecido com música pros meus ouvidos,
eles mandavam bem. Ahh, enquanto isso, saiu um gol do Vitória, com o mito Di
Marinho, e a gurizada gremista aplaudiu horrores. Apesar do show ser na
segunda, não ouvi manifestação dos colorados, não sei por que...
E então, lá pelas oito e
bolinha da noite, apareceu quem eu estava mais curioso pra ver na noite: Rival
Sons. Não me entendam mal, não quero pagar de fã tr00zão de 2013, que pagou
Premium pra ver mais o Megadeth que o Sabbath. A idéia é a seguinte... já tinha
visto o Sabbath uma vez, tava prestes a ver de novo, e sabia que ia ser um show
foda, estava ansioso e tudo o mais, mas a curiosidade em si já não tinha mais,
ainda mais que já conhecia o set de cabo a rabo. Mas o Rival Sons, banda de
abertura que fez TODA a turnê com o Sabbath, eu não fazia a mínima ideia de
quem era.
Umas semanas antes do show,
tinha parado pra pesquisar sobre eles, pensei “se o Sabbath curtiu o som dos
caras, deve ser coisa boa”. Pesquisei no youtube e caí direto em Pressure and
Time, primeira indicação. Foi amor à primeira vista. Sonzaço, estilo anos 70
total, com uma altíssima influência do Led Zeppelin, do próprio Sabbath, e com
um vocal muito ao estilo Glenn Hughes. Aí fui atrás do set deles dos shows de
abertura e ouvi as músicas. E olha, impressionante como me cativou, um som
sensacional.
A banda chegou com balaca de
banda grande. Vinheta de abertura com a música tema de The Good, The Bad and
The Ugly, gurizada na beca, uns instrumentos fodas (que nem a guitarra do Scott Holiday, com detalhes em dourado), aquela expectativa e... de cara,
Electric Man, daquelas embaçadas pra começar um show. Essa música tem swing,
tem peso na guitarra, tem tudo. Uma das melhores deles.
E seguiu o show só com som
foda. Secret, com um andamento um pouco diferente, mas boa pra caramba também,
a já citada Pressure and Time, Open my Eyes, com um andamento ao estilo
Kashmir, Keep on Swinging, Torture (com uma baita introdução, só no improviso,
na guitarra), enfim, um desfile do que a banda tem de melhor. E não é pouca
coisa.
Entretanto, pra mim, o mais significativo
no som do Rival Sons é a ousadia de improvisar, nos tempos em que vivemos, em
pleno 2016. Até mesmo bandas clássicas, como o próprio Black Sabbath, Deep
Purple (maior exemplo disso, apesar de ainda conseguir improvisar aqui e ali,
só não em doses cavalares como antigamente) já não tem mais esse espaço, fazem
o solo mais parecido com o original, não estendem a música, seguem o roteiro do
show.
O Rival Sons quebra
completamente essa história. É solo mais longo que o original, é introdução com
improviso (Torture, que tem quatro minutos na versão de estúdio, com o
improviso e com as brincadeiras com o público, chega aos nove fácil nos shows),
é ousadia e originalidade. Isso foi algo que fez eu curtir ainda mais a banda
depois de vê-la ao vivo ontem. E, quando acabou, o Leão, que não tinha ouvido
os caras ainda, fez questão de deixar isso bem claro também, mas era algo que
ele tava falando desde o início do show.
Só sei que, como não ficar na expectativa depois dum baita show de abertura desses? E, assim como eu fiquei na expectativa pro show do Sabbath, vou deixar vocês na expectativa e dividir essa postagem em duas, senão ela vai ficar quilométrica demais.